Edição Nº 106 • 10/01/2000 |
Insatisfeitos com o ministro da Defesa As questões de fundo relacionadas com a implementação de um incinerador de armamento em Alcochete ficaram por responder, o que leva o Partido Ecologista Os Verdes a desconfiar do conteúdo das declarações do ministro da Defesa, Castro Caldas, que no dia 7 de Janeiro foi ao parlamento dar explicações sobre o assunto. Solicitadas pelo partido ambientalista, as argumentações “não pegaram”, conta a deputada eleita por Setúbal, Heloísa Apolónia que diz mesmo ter o ministro fugido às respostas mais directas sobre a questão. O acesso “imediato ao dossier sobre o incinerador” e o cumprimento da lei sobre a obrigatoriedade de realização de um Estudo de Impacte Ambiental, são as exigências dos deputados de Os Verdes face às respostas “pouco esclarecedoras” do ministro da Defesa sobre este processo. A decisão, transmitida ao “Setúbal na Rede” pela deputada Heloísa Apolónia, surge na sequência das “respostas evasivas” sobre o processo que levará à construção do incinerador de armas obsoletas e que o ministro diz ser apenas uma câmara de detonação. Entretanto, as garantias dadas por Castro Caldas, de que o circuito será monitorizado e respeitará todas as normas de protecção ambiental, não chegaram para sossegar Heloísa Apolónia, uma vez que esta resposta “contradiz o facto de se tratar de um sistema de incineração”. Pior ainda ficou a deputada ao ouvir o ministro dizer que “o sistema envolve uma câmara de combustão e irá provocar a emissão de gases e de dioxinas para as quais ainda não há solução segura”. Isto numa altura em que é mais que certo que o incinerador terá capacidade para 184 mil minas anti-pessoais e para 20 quilos de TNT por hora. Decidida a impedir que o processo “continue torto”, Heloísa Apolónia promete continuar a acompanhar de perto os acontecimentos para garantir que a construção e funcionamento do sistema “não ponham em risco o meio ambiente e as populações”. Entretanto, a emissão do alvará de construção de um mega-emprendimento turístico na Aldeia do Meco, pelo executivo socialista da Câmara Municipal de Sesimbra, também foi alvo de uma iniciativa do Partido Ecologista Os Verdes que resolveu questionar o Ministério do Ambiente sobre o assunto. No requerimento, Heloísa Apolónia pretende que o secretário de Estado do Ambiente explique “o que tem sido feito no sentido de impedir as construções”, de acordo com a promessa feita pelo Governo em Dezembro do ano passado. Em causa está um empreendimento com mais de dois mil fogos e capacidade para seis mil habitantes, bem como um hotel de seis andares. A localização prevista é na Ribeira de Prata, na zona do Meco, uma área de Rede Natura e de Reserva Ecológica Nacional. |