Edição Nº 113 • 28/02/2000 |
Escavações no João Palmeiro dividem Setúbal A decisão do Conservador do Museu da Cidade de Setúbal, de dar início a escavações no centenário edifício do Hospital João Palmeiro, caiu mal junto dos responsáveis do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), que dizem não terem sido informados nem consultados sobre um assunto que garantem ser do foro deste museu distrital. Agora vão fazer queixa à associação de classe. As escavações que decorrem há um mês dentro da área do velho Hospital João Palmeiro, um edifício centenário que faz parte do património da cidade, puseram os responsáveis do MAEDS em ‘pé de guerra’, uma vez que “o Conservador do Museu não nos avisou nem consultou” numa matéria que diz directamente respeito a este museu distrital. Quem o diz é o director do Centro de Estudos Arqueológicos do MAEDS, o arqueólogo Carlos Tavares da Silva, que referiu ao “Setúbal na Rede” uma “falta de cordialidade e de ética”, pelo que vai proceder a uma queixa junto da associação de arqueólogos. Mas o caso vai mais longe porque este responsável diz estarem técnicos “de fora” a trabalhar numa zona da estação arqueológica de Setúbal da responsabilidade do MAEDS. Ou seja, Carlos Tavares da Silva não rejeita nem minimiza “os esforços que têm vindo a ser feitos” naquela zona da cidade, no entanto considera que tal iniciativa deveria partir do MAEDS ou “pelo menos, participada ao museu” com vista a um acompanhamento das investigações sob a responsabilidade da equipa contratada pelo Conservador do Museu de Setúbal. Por seu lado, o Conservador do Museu, Fernando António Baptista Pereira, garantiu ao “Setúbal na Rede” que “não havia qualquer obrigação de participar a decisão”. No entender deste responsável o problema é “o MAEDS pensar que tem o monopólio das escavações” em Setúbal, quando o que acontece é que “aquele museu é de âmbito distrital e não concelhio”. Ao garantir que o Museu da Cidade “está apenas a fazer a sua obrigação”, Fernando António dá como exemplo todas as autarquias do distrito “que têm equipas de arqueólogos municipais que não pedem licença ao MAEDS para trabalhar”. Crente de que os investigadores actualmente em escavações no Hospital João Palmeiro estão “no bom caminho”, até porque foram já encontrados alguns vestígios de objectos de cerâmica – ainda não datados – que poderão dar ‘pistas’ sobre aquela zona da cidade, Fernando António garante que os trabalhos vão continuar sem percalços. Deixando claro que “por muito que queira, o MAEDS não tem o monopólio das escavações”, o Conservador do Museu, tutelado pela Câmara de Setúbal, garante que a partir de agora serão feitas escavações na cidade “sempre que necessário”, pelos arqueólogos ao serviço da autarquia. Avança este investigador que “com as condições que a equipa do Museu da Cidade tem para trabalhar, não faz sentido ficar à espera do MAEDS” para investigar as raízes históricas da cidade de Setúbal. |