Complexo desportivo dá origem a nova cidade
CDU torce o nariz ao projecto de Cáceres
Vinte hectares de terreno em Vale da Rosa vão albergar um complexo desportivo municipal composto por um campo de futebol com capacidade para 15 mil pessoas, três campos relvados, uma piscina, um pavilhão, um centro de estágios, restaurantes, ginásios e campos de ténis. São cinco milhões de contos de investimento a par de uma mega-urbanização a construir nos restantes 20 hectares de terreno e a que Cáceres já deu o nome de Nova Setúbal.
A proposta do executivo socialista, aprovada com os votos favoráveis do PSD, foi avançada na última sessão pública da Câmara como sendo uma “oportunidade única” porque, de acordo com o presidente da autarquia, Mata Cáceres, esta é “uma oportunidade que não se repete”, podendo mesmo significar a salvação para o Vitória de Setúbal que “poderá usar o complexo se assim o entender”. De resto, adiantou que a gestão do complexo desportivo pode mesmo ficar a cargo do clube do Bonfim, uma ideia que agradou de imediato à direcção dos sadinos.
Quanto às verbas a despender no futuro complexo desportivo, cerca de cinco milhões de contos, o autarca adiantou ter já falado com o ministro Fernando Gomes que “referiu a possibilidade de vir a ser enquadrado no recém criado Quadro Comunitário para o Desporto” com um financiamento de cerca de 60%.
Entretanto, os projectos da Câmara de Setúbal parecem não agradar aos vereadores da CDU que, apesar de defenderem a criação de um complexo desportivo municipal, consideram que o Plano Director Municipal de Setúbal deve ser revisto para prever a localização dos equipamentos necessários à população. A reivindicação foi feita depois de terem sido “confrontados” com a decisão de elaborar um Plano de Pormenor para a alteração do uso do solo na zona industrial de Vale da Rosa “sem que o assunto fosse suficientemente discutido”.
A vereadora Regina Marques chega a acusar o presidente da Câmara de “colocar a CDU à margem” deste processo que “pretende alterar o PDM de forma enviesada” de maneira a permitir a construção de um complexo desportivo e de uma zona habitacional. No entender do vereador Chaleira Damas, o caso “é ainda mais complicado” quando se pretende “fazer uma segunda cidade” com cerca de 30 mil habitantes – incluindo a área habitacional na zona adjacente do PIS – “sem que para isso estejam previstas infra-estruturas básicas para a população”.
Por outro lado, os comunistas condenam o facto do edil ter atribuído um pelouro a tempo inteiro à vereadora social democrata, Ana Isabel Alves, que por essa razão vai sair da SAD do Vitória e dar lugar ao histórico vitoriano Silvério Jones. No entender de Regina Marques, o presidente “esqueceu-se que a CDU foi a segunda força mais votada” nas eleições que deram a vitória ao PS na Câmara de Setúbal. Por isso, os comunistas interpretam a decisão como uma “uma aliança com o PSD e um garante e apoio à sua desastrosa política”.