MAEDS contra projecto de Sines
Acusa Transgás de destruir estação arqueológica
O sítio arqueológico de Vale Pincel, em Sines, está ameaçado de desaparecimento total devido a um projecto da Transgás, que pretende implantar no local um gasoduto e vários depósitos de gás. A denúncia foi feita ao “Setúbal na Rede” pelo director do Centro de Estudos Arqueológicos do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), Carlos Tavares da Silva. Escandalizado com a atitude da Transgás, este investigador promete denunciar o caso junto da Câmara de Sines e do próprio Ministério da Cultura.
A estação arqueológica de Vale Pincel, de ocupação do Período Neolítico, que consta na carta arqueológica de Sines e é reconhecida internacionalmente, está ameaçada de morte por um projecto da Transgás. A descoberta foi feita por Carlos Tavares da Silva, ao tomar conhecimento do projecto em causa que “prevê o atravessamento do sítio por um gasoduto, a construção de depósitos de gás dentro da estação arqueológica e a construção de uma nova via rápida mesmo em cima do local”.
Uma situação de que o arqueólogo tomou conhecimento nos últimos dias e que considera “escandalosa”, razão pela qual vai reclamar junto da autarquia de Sines e do Ministério da Cultura “que tem por obrigação zelar pelo nosso património histórico”. O caso é tanto mais grave quando, segundo o director do Centro de Estudos do MAEDS, “há a certeza de que se o projecto for em frente significará a destruição completa da estação arqueológica classificada”, situada entre Sines e a praia de São Torpes.
O investigador chega mesmo a dizer que a estação, com uma extensão de 10 km, só não será salva se os interesses económicos falarem mais alto, uma vez que para evitar a destruição total “basta que mudem a localização dos depósitos porque isso evitará a construção de uma nova via rápida dentro de Vale Pincel”.
E para salvaguardar aquela área histórica até admite que “a conduta possa passar por ali”, tendo em conta que “embora os males sejam grandes, o sítio ainda pode resistir”. Já quanto à aplicação do resto do projecto é que Tavares da Silva garante não admitir pois “significará a destruição total de uma estação arqueológica de renome internacional”.