[ Edição Nº 118] – Estudo indica que a Visteon não tem radiações mas sindicato desconfia.

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Estudo indica que a Visteon não tem radiações
Sindicato desconfia e já pediu novas análises

          A antiga Ford Electrónica, sediada em Palmela, não tem qualquer radiação que represente risco para as pessoas. A conclusão é de um estudo efectuado pelo Instituto Electrotécnico Português e a que o “Setúbal na Rede” teve acesso. No entanto o Sindicato das Indústrias Eléctricas (SIESI) não dá a mão à palmatória porque diz desconfiar do modo como as análises foram feitas. Por isso solicitou já a intervenção da Direcção Regional de Saúde.

O estudo, a cujas conclusões o

teve acesso foi elaborado no dia 24 de Março pelo Instituto Electrotécnico Português a pedido da Visteon e surgiu na sequência das suspeitas lançadas pelo SIESI, sobre a hipótese de existência de uma relação causa efeito, entre as mortes e os abortos ocorridos entre trabalhadores e eventuais problemas ambientais na unidade fabril.

O relatório refere números que afastam os receios manifestados ao longo das últimas semanas, uma vez que as medições efectuadas apontam para valores mínimos dentro da fábrica de Palmela. De acordo com o documento, as análises feitas às radiações não ionizantes – os chamados campos electromagnéticos – revelaram que estas são cerca de “mil vezes inferiores” aos permitidos pelas normas oficiais quer para o público quer para os trabalhadores.

O mesmo teor negativo é apontado para as medições efectuadas no mesmo dia às chamadas radiações ionizantes, tendo o resultado indicado que os valores medidos são “iguais ao nível da emissão natural de partículas ionizantes pelo ambiente”. Ou seja, a conclusão do relatório é de que “não tem qualquer radiação que represente risco para as pessoas”.

Quem não parece convencido é o sindicato do sector que, segundo conta o dirigente, Nelson Baptista, “há razões para desconfiar já que se soube que a fábrica parou para fazer os testes”. No entender deste responsável, tal indicação “é suficiente para colocar dúvidas ao relatório”, até porque, segundo adianta, “com a fábrica parada não se emitem radiações algumas”.

Com base nesta desconfiança e na convicção de que “estes testes têm de ser feitos por entidades independentes com a supervisão das autoridades de saúde”, Nelson Baptista garante que está em curso a criação de uma Comissão Científica de Avaliação, com a participação do Centro Nacional de Protecção dos Riscos Profissionais, a Inspecção de Trabalho e a Direcção Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, cujo director já garantiu “formar um grupo de trabalho para investigar a fábrica”, adianta.

O dirigente sindical diz que esta comissão está a ser criada na sequência dos receios manifestados pelo sindicato e por alguns trabalhadores da fábrica que, segundo acrescenta, “só querem esclarecer a situação e terminar com este assunto”. É que enquanto o caso não for resolvido “ninguém se sente bem e as pessoas continuam a desconfiar, como é o caso dos trabalhadores que estão a perder a capacidade auditiva”.

Ainda segundo Nelson Baptista, “o nível de ruído é um dos maiores problemas da Visteon”, pelo que não compreende os resultados das análises efectuadas em Março. De referir que estas análises vêem confirmar o relatório efectuado por um primeiro estudo realizado no ano passado às características ambientais da linha de montagem da fábrica.