Edição Nº 125 • 22/05/2000 |
Na hora da ‘reconstrução’ do Vitória O actual vice presidente do Vitória de Setúbal, Mariano Gonçalves, deverá ser o próximo presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD), na sequência da demissão do presidente Vítor Lucas. A escolha ainda não está formalizada, mas o “Setúbal na Rede” apurou que o convite oficial a Mariano Gonçalves deverá ser dado a conhecer na próxima reunião dos órgãos dirigentes dos sadinos, prevista para o final desta semana. A entrada de Mariano Gonçalves na liderança da SAD é tida como “a solução mais natural” pelo presidente do clube do Bonfim, Jorge Góes que, sem comentar o nome avançado pelo “Setúbal na Rede”, admitiu ser esta a hipótese mais viável. Contudo, acrescenta que do ponto de vista formal não foi dado o sim e refere que o assunto irá ser analisado na reunião prevista para o próximo fim de semana. Questionado sobre se aceitará tal convite, o vice vitoriano diz nada saber oficialmente sobre o assunto mas adianta que, “se o presidente Jorge Góes o fizer, a minha obrigação é aceitar”. Agora resta esperar pela reunião onde este assunto deverá ser analisado pela direcção que, apesar das dificuldades acrescidas, parece continuar disposta a concretizar o projecto vitoriano lançado há quase 90 anos por um grupo de associativistas da cidade. Para já, o que se sabe é que a incapacidade da equipa de futebol profissional do Vitória de Setúbal em conquistar um golo no jogo realizado no Bonfim, frente ao União de Leiria, provocou a descida à segunda Liga do futebol nacional e o consequente corte das verbas decorrentes das transmissões televisivas, na ordem dos 220 mil contos. Uma situação que está a preocupar os dirigentes do clube sadino, pelo que Mariano Gonçalves lança o desafio: “agora é que vamos saber quem é vitoriano e quem abandona o barco”. Embora se confesse desiludido com o resultado do campeonato e receoso das implicações que isso trará ao clube daqui para a frente, avança com algumas esperanças de que “esta travessia do deserto possa criar as condições” necessárias para uma futura estabilização. Quem também parece mobilizado para a recuperação do clube é o presidente Jorge Góes que garante ser tarefa prioritária a contenção nas despesas com o plantel, “até porque o facto dele ser caro nem sempre significa qualidade”, garante o dirigente ao apontar a recente despromoção. Questionado sobre o futuro financeiro do clube, Jorge Góes adiantou que o próximo passo é “acelerar o processo tendente à concretização do projecto vitoriano” de rentabilização do estádio do Bonfim, “constituir rapidamente a SPGS” e avançar com medidas tendentes à angariação de receitas que permitam uma gestão controlada do clube e a reconquista do seu lugar na primeira Liga. Quem também não desanima é a Câmara de Setúbal, a entidade que nos últimos anos mais verbas tem disponibilizado ao clube do Bonfim. Disposto a “continuar a ajudar” o Vitória, o presidente da edilidade, Mata Cáceres, desdramatiza a despromoção do clube e adianta que o que há a fazer é “começar já a trabalhar para a subida”. Convencido de que o clube sadino “desceu mas não morreu“, Cáceres diz acreditar no trabalho do Vitória e garante que melhores dias virão. E esses melhores dias irão passar pela utilização do complexo desportivo municipal em vez do velho estádio do Bonfim, “se o clube assim o quiser”, adianta o autarca. Um projecto que os últimos reveses não conseguiram pôr em causa, segundo garante Mariano Gonçalves, cada vez mais convencido de que a estabilidade económica do clube a médio prazo, passa pela rentabilização do espaço do estádio do Bonfim. |