PCP quer explicações do Governo
Carta da CP aos trabalhadores levanta dúvidas
O deputado comunista Vicente Merendas fez um requerimento no sentido de pedir explicações ao Governo a propósito das negociações entre a CP e os órgãos representativos dos trabalhadores. É que, no entender dos comunistas, o Conselho de Gerência da empresa apenas dará benefícios salariais a alguns trabalhadores, ou seja, aos subscritores do acordo.
“Profundamente discriminatória e incompreensível”,
é como o deputado comunista eleito pelo distrito de Setúbal classifica a medida que garante ter sido tomada pela CP na sequência das reivindicações e das greves que os trabalhadores acabaram por não fazer devido à requisição civil imposta pelo Governo.
Garantindo que tal decisão “ilegal” surgiu de repente e unilateralmente, tendo em conta que “o processo negocial continua a decorrer”, o deputado do PCP estranha que a empresa diga agora que obteve acordo de sindicatos para pagar os naves valores. Por isso, Vicente Merendas acredita que tal medida possa configurar uma violação da lei sobre “trabalho igual salário igual”.
Por essa razão, o parlamentar do PCP e antigo dirigente sindical da Lisnave, quer que o Governo, através do Ministério do Trabalho, explique o que se passa na CP. Vicente Merendas pretende saber o que é que o Ministério sabe acerca desta posição da empresa, que medidas irá tomar “no sentido da reposição da normalidade negocial na CP” e se o ministro do Trabalho, Ferro Rodrigues, considera a medida legal.
Disposto a esclarecer esta situação, o parlamentar comunista recorda que, a ser aplicado, qualquer acordo que venha a ser conseguido terá de abranger todos os trabalhadores da empresa e não só uns sindicatos, sob pena de “violar a lei da liberdade sindical”.