Lagoa de Santo André é Reserva Natural
Quercus diz que só a classificação não basta
Em Conselho de Ministros, o Governo decidiu classificar as lagoas de Santo André e da Sancha, no litoral alentejano, como áreas de Reserva Natural, dando assim por completa a lista da Rede Natura 2000. Com esta medida, Portugal torna-se o primeiro país da União Europeia a aplicar estas novas classificações a zonas naturais de grande interesse. Contudo, o responsável pela Quercus do litoral Alentejano, Dário Cardador, acha a medida insuficiente se não for acompanhada de medidas concretas de protecção.
Satisfeito com a decisão do Conselho de Ministros, o responsável da Quercus naquela zona do distrito de Setúbal diz tratar-se da confirmação de que a associação ambientalista tinha razão ao “exigir esta classificação desde os anos 80”. Contudo, Dário Cardador alerta para o facto de que ser Reserva Natural só por si não chega e afirma que este novo estatuto tem de ser acompanhado de medidas no terreno.
E o ambientalista refere-se concretamente “à necessidade de fiscalização” por parte das entidades oficiais, especialmente numa zona frequentemente utilizada para a caça e a pesca. Para além disso, exige uma regulamentação clara sobre as lagoas de modo a que estas possam ser acompanhadas e monitorizadas durante todo o ano. No entender deste responsável, este conjunto de medidas poderá significar a diferença entre a preservação destas áreas e os frequentes desastres ecológicos como foi o caso da abertura da lagoa de Santo André ao mar com a consequente morte de milhares de ovos de aves protegidas.
De acordo com os dados recolhidos pela União Europeia, pelas autoridades governamentais que tutelam o ambiente e pelas associações ambientalistas da região, a importância da lagoa de Santo André é um verdadeiro ecossistema onde se acolhem cerca de dois terços das espécies avícolas do país – cerca de 200 espécies- sendo que 90 dessas espécies são protegidas por leis nacionais e internacionais.
É o caso do pato-de-bico-vermelho, oriundo de África, que depois de décadas de ausência, só voltou a nidificar em Portugal quando a espécie descobriu o ambiente protegido da lagoa de Santo André. Na lista das espécies raras e protegidas, estão ainda aves como a coruja do nabal, o caimão, a andorinha do mar, o abetouro comum, e o galeirão de crista. Todas estas espécies raras no país são oriundas das mais diversas partes da Europa, de África e da América do Norte.