Última hora • 13/06/2000 |
PS de Setúbal pela co-incineração O projecto lei dos Verdes, cuja votação no parlamento está prevista para dia 15 de Junho, “não passa de uma tentativa de adiar” a resolução do problema da co-incineração, talvez “com o objectivo de arrastar o problema” até às próximas eleições autárquicas, pelo que o que a posição dos deputados ecologistas pretende é “criar alguma chincana política” à volta da queima de resíduos tóxicos. Quem o diz é o deputado socialista José Manuel Epifânio, a três dias da votação do projecto lei que, a ser aprovado, poderá suspender a decisão do Governo de queimar resíduos na cimenteira do Outão, na Arrábida. As acusações de Epifânio obtiveram a concordância dos membros do secretariado distrital do PS, que em conferência de imprensa solidarizaram-se com a decisão do ministro do Ambiente. A três dias da votação do projecto lei dos Verdes, os deputados socialistas eleitos por Setúbal decidiram ‘quebrar’ o silêncio em torno da decisão governamental de co-incinerar resíduos industriais tóxicos na cimenteira da Secil. Em conferência de imprensa da Federação Distrital de Setúbal do PS, os deputados e membros do secretariado distrital socialista manifestaram publicamente o apoio à decisão do ministro do Ambiente, José Sócrates, sobre a incineração de resíduos e a opção Outão, e classificaram os protestos em volta deste assunto como “aproveitamentos políticos e vontade de fazer chincana”. No entender de José Manuel Epifânio, o projecto lei dos Verdes “nem sequer é contra a co-incineração” e, por outro lado, “não acrescenta nada” ao actual processo uma vez que a questão do tratamento dos óleos usados “está já a ser feita”. Segundo garante o deputado eleito por Setúbal, só os óleos não regeneráveis serão queimados, o que na prática indica que das cerca de 100 mil toneladas produzidas, apenas 5500 irão para os fornos das cimenteiras. Já de acordo com o deputado Aires de Carvalho, a questão está em acreditar na certeza da ciência e do relatório “elaborado por uma comissão designada pelo parlamento”, em vez de ter em conta “opiniões não fundamentadas na ciência”. Para este parlamentar a questão é simples: tendo em conta que “este Governo foi o único a ter coragem de pôr em prática medidas ambientais”, o que há a fazer é “pelo manos dar o beneficio da dúvida e permitir que a medida seja aplicada”. Ou seja, para este parlamentar que no ano passado se bateu pela não instalação da estação de pré-tratamento dos resíduos no Barreiro, onde é vereador, a medida do Governo está fundamentada em verdades científicas e, como tal, “o PS está confiante de que esta é a melhor solução” até prova científica em contrário. Cáceres “à vontade” Crentes de que “se houver responsabilidade” por parte dos grupos parlamentar, o projecto lei dos Verdes não será aprovado, dizem os deputados do PS por Setúbal que garantem desde já o voto contra. Questionado pelo “Setúbal na Rede” sobre a posição dos parlamentares socialistas do distrito, caso o PS desse liberdade a todo o grupo parlamentar, Epifânio garantiu que “não mudaríamos de voto”, razão pela qual “não se justifica dar liberdade de voto aos deputados por Setúbal”. No que respeita à posição contrária dos deputados socialistas eleitos por Coimbra, entre os quais se conta o histórico Manuel Alegre, os parlamentares de Setúbal garantem que “se eles votarem o projecto lei dos Verdes, estão a prestar um mau serviço ao país”. No que toca ao presidente da Câmara de Setúbal, Mata Cáceres, as coisas continuam “claríssimas”, uma vez que quem se manifesta contra a co-incineração “ainda não apresentou um argumento válido para me fazer mudar de ideias”. E Cáceres diz-se à vontade para se pronunciar a favor da decisão governamental mesmo depois de, em 1998, ter feito aprovar uma moção contra a co-incineração na Arrábida porque “desta vez a comissão não foi nomeada pelo Governo mas sim pela oposição”. Ou seja, “não foi a minha família política que escolheu os cientistas que deram este parecer”, acrescenta o autarca. Por outro lado o edil aconselhou a população de Setúbal a “verificar” quem são e o que pretendem os organizadores das manifestações de sinal contrário, avançando desde já com uma interpretação pessoal: ” é uma coligação de comunistas e social democratas com gente do antigo regime pelo meio”, cujo interesse nesta polémica “nada tem a ver com os resíduos mas sim com interesses político-partidários e pessoais”. |