Parafraseando a célebre citação sobre as crianças, o que aconteceu há dias em Águas de Moura, leva-nos a questionar que país é este que desbarata irracionalmente uma das suas mais concretas riquezas naturais, assistindo indiferente à razia dos seus sobreiros.
O caso já era suficientemente escandaloso quando se aceitou, sem a devida reacção, a existência de um laboratório de âmbito mundial para estudar a problemática do sobreiro… na Suíça, sendo o nosso país o maior produtor mundial.
Essa situação insólita só foi possível porque os nossos governantes, enfeudados aos poderosos “lobies” das celuloses, desprezaram completamente a estrutura que chegou a existir no Ministério da Agricultura dedicada à cultura do sobreiro, acabando por ser paulatinamente desactivada, tal como foi várias vezes denunciado nos debates organizados pelos subericultores.
Enquanto países como a Austrália e Estados Unidos se preparam para se tornarem produtores de uma matéria prima que tem imensas potencialidades e aplicações, no nosso “rico” país, que desfruta de condições naturais excepcionais para o sobreiro, assobia-se para o lado quando dizimam essa riqueza.
Se essa destruição fosse para criar mais riqueza, ainda se poderia mal por mal aceitar, agora para criar mais Reboleiras, só de facto num país que caminha a passos largos para uma situação que acabará por criar inveja a qualquer país terceiro mundista que se preze.
Quando assistimos às campanhas de sensibilização das criancinhas quanto à necessidade de proteger a floresta, gostaríamos de ouvir agora o que têm a dizer esses pedagogos ecologistas sobre as acções que foram praticadas em Águas de Moura.
Se não se travar a ganância desmedida dos especuladores imobiliários, qualquer dia não nos resta um palmo de terra com um mínimo de qualidade para que continuem… a nascer portugueses.
Salvo seja.
Mas que a realidade de vida no nosso país está em risco, julgo que ninguém duvida.