[ Edição Nº 133 ] – Praia Vasco da Gama, em Sines, pode ser perigosa para a saúde pública.

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Sines tem poluição acima da média
Quercus alerta para o perigo na saúde

          A praia Vasco da Gama, em Sines, apresenta riscos para a saúde pública devido às sucessivas descargas de esgotos, sem qualquer tratamento, no Porto de Pesca. Esta conclusão faz parte de um estudo da Universidade de Évora, apresentado durante um debate realizado no dia 15 de Julho com o objectivo de discutir a qualidade de vida desta cidade e organizado pela Quercus, Bloco de Esquerda e Associação Marés.

João Castro, da Universidade de Évora, refere que as condições em que se encontra a água poderão trazer problemas de saúde à população, mediante o contacto com a mesma, nomeadamente gastroentrites e problemas dermatológicos, dependendo do tipo de microorganismos ingeridos ou que entram em contacto com a pele.

O Presidente da Câmara Municipal de Sines, Manuel Coelho, rebateu estas afirmações garantindo que “não há nenhum perigo para a saúde pública”, afirmando-se tranquilo quanto a esta situação e adiantando ser necessário pôr cobro à situação do depósito das águas residuais no porto de pesca, para o que existe um projecto com a finalidade de encaminhar todos os esgotos de Sines para a ETAR da Ribeira de Moinhos, através de seis estações elevatórias. O problema, segundo o edil, prende-se com o facto deste ser um investimento de muitos milhares de contos e de, até agora, não ter havido qualquer resposta concreta por parte das entidades competentes, nomeadamente do governo.

Em relação à qualidade do ar, Francisco Pereira, presidente da Quercus, garante que a Petrogal está acima dos limites de poluição permitidos por lei e acrescenta que isso é “consequência de uma situação grave de impunidade”. Considera ainda que até 2007 existirão, eventualmente, indústrias a poluir muito acima daquilo que a lei permite, sem terem um tostão de multa.

O presidente da Quercus afirma que não se sabe até que ponto a Costa Vicentina e o Alentejo sofrem com os efeitos da poluição e lamenta não existirem estações de monitorização que permitam avaliar esta situação. Para Francisco Ferreira é necessário dar mais informação à população, garantindo uma maior transparência e explicando como está a qualidade do ar, para que não hajam “situações escandalosas, acima da lei, como é o caso da Petrogal”. Ainda em relação à Petrogal, o ambientalista diz não compreender como é que a empresa diz que a qualidade da ar é boa e o Ministério do Ambiente apresenta dados que contradizem esses estudos, ou seja, “existem uma série de duvidas quanto à credibilidade dos mesmos”.

O pescador sineense João Carlos Almeida, apresenta três aspectos que considera negativos no desenvolvimento de Sines, o primeiro prende-se com o facto de que a instalação de mais fábricas em Sines desviará pessoas do mar para as indústrias, depois a construção do molho e os movimentos dos navios, bem como a área de segurança, limitarão os locais de pesca junto à costa e, finalmente, adverte para a vinda das grandes frotas do norte para as águas de Sines. Para este homem do mar, são necessárias formas de “compensação para os pescadores penalizados pelo desenvolvimento”.

Quanto à questão da urbanização e das infra-estruturas a criar nos próximos anos, Nunes da Silva, do Instituto Superior Técnico e um dos elementos que está a desenvolver o plano estratégico de Sines, pensa haverem dois desafios a colocar a esta cidade. Por um lado, assegurar que as infra-estruturas e a sua instalação se façam com a melhor tecnologia possível e com os melhores impactos ambientais. Por outro lado, que seja possível canalizar para Sines um conjunto de investimento público e privado que permita aumentar a qualidade de vida da população de forma a compensá-la de alguns dos efeitos negativos que existirão com esta indústrias e actividades.

Fazendo referência ao plano estratégico que a Câmara de Sines está a elaborar, Nuno da Silva referiu algumas das infra-estruturas que irão ser criadas. Por um lado, todo um conjunto de medidas para reforçar laboratórios e redes de monitorização da qualidade ambiental e que poderá ser uma área de emprego e investigação científica importantes. Além desta componente, os técnicos propõem um conjunto de outro tipo de actuações, que passam pelo desenvolvimento de actividades agrícolas e florestais e pela diversificação da base económica relacionada com o turismo e lazer. Outros dos pontos são a modernização da pesca para que se desenvolva um maior nível de pesca costeira e modernização de uma rede de transportes colectivos. De assinalar ainda uma criação urbana controlada bem como a criação de espaços públicos e equipamentos colectivos.