Gedi ameaça Margueira com tribunal
Polémica ainda em torno do presídio da Trafaria
Duas semanas depois do governo ter decidido entregar à Câmara de Almada o presídio da Trafaria, a GEDI, a empresa que adquiriu o imóvel em hasta pública, vem defender o direito ao bom nome. Ameaça colocar em tribunal a Margueira, a outra empresa que concorreu à compra do edifício.
Em comunicado datado de dia 8 de Agosto, a GEDI- Gabinete de Estudos e Divulgação Informática, pronuncia-se pela primeira vez sobre o polémico processo que acabou com a entrega do histórico presídio da Trafaria à autarquia de Almada. Em três páginas enviadas à comunicação social, os responsáveis pela empresa começam por lembrar os factos. Primeiro a adjudicação provisória do imóvel, depois da aquisição em hasta pública por 311.200 contos. Segundo a GEDI, a empresa sempre se comportou neste negócio “com serenidade e no cumprimento da lei”. Razão porque, explicam os responsáveis da empresa, nunca responderam a pressões ou acusações. A GEDI afirma “sempre ter estado confiante que a lei que rege a alienação dos imóveis do Estado seria cumprida”.
Agora, com o processo de aquisição do presídio encerrado, a empresa de Miraflores ameaça “reagir através dos meios legais ao seu alcance contra aqueles que puseram em causa o seu bom nome”. Em causa estão as suspeitas levantadas por Ricardo Nunes, do Fundo Margueira Capital, que, conforme o “Setúbal na Rede” noticiou em primeira mão, alegou “simulação de negócio”, admitindo a hipótese de contestar a hasta pública em tribunal. Ricardo Nunes considerava “estranho” que uma pequena empresa de computadores de Miraflores, com um capital social modesto, tivesse capacidade financeira para concretizar o negócio.
A GEDI esclarece, neste comunicado, que “é uma empresa que se dedica há mais de dezasseis anos ao desenvolvimento de soluções informáticas para a Administração, bem como à promoção de cursos de formação e seminários especialmente dedicados às áreas de gestão pública”. E, sendo assim, o antigo presídio da Trafaria, bem como toda a vasta área envolvente, serviria para “dispor de novas instalações aptas à prossecução e ao desenvolvimento das suas actividades”, assim como para facilitar as sinergias com a Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova, no Monte da Caparica.
No texto a empresa esclarece que “tem consciência que o imóvel tem uma área que ultrapassa aquela que necessita para o desenvolvimento da sua actividade”, e por isso afirma que sempre manifestou à presidente da Câmara de Almada toda a disponibilidade para ceder parte do espaço. Concluem assim os responsáveis pela empresa que é de “lamentar toda a campanha que contra a aquisição do imóvel foi feita através dos meios de comunicação social, afirmando que, mesmo assim, aceitam sem contestação a decisão do Governo que decidiu entregar o presídio à autarquia, pelo valor da licitação de compra”. Contactado pelo “Setúbal na Rede” Ricardo Nunes, do Fundo Margueira Capital, ficou surpreendido pela ameaça de uma acção em tribunal posta pela GEDI. O administrador da Margueira remeteu para “depois de uma leitura atenta do comunicado” uma resposta à empresa de Miraflores.