Menores da Bela Vista libertados
Querem Fernando Gomes em tribunal
O advogado dos seis menores detidos no bairro da Bela Vista, em Setúbal, entregou já uma queixa-crime contra o ministro da Administração Interna, Fernando Gomes, acusando-o de difamação na pessoa dos jovens que tinham sido detidos sob a acusação de envolvimento nos assaltos às bombas de gasolina recentemente ocorridos na Área metropolitana de Lisboa. Virgílio Brandão garantiu ao “Setúbal na Rede” que o ministro faltou “propositadamente” à verdade.
Os seis menores de 16 anos que foram libertados depois da Polícia Judiciária ter anunciado que já tinha detido os verdadeiros responsáveis pelos assaltos na CREL, posicionam-se agora como queixosos e querem levar o ministro Fernando Gomes a tribunal. Em causa, segundo conta o advogado dos menores, Virgílio Brandão, estará “uma enorme injustiça pois as acusações que levaram à prisão preventiva não tinham qualquer fundo de verdade”.
O advogado vai ainda mais longe ao afirmar que, embora possam estar envolvidos em casos que nada têm a ver com o da CREL, os seus patrocinados “nem sequer são culpados do crime de posse der ouro roubado, droga e armas” e garante que o ministro da Administração Interna “tinha conhecimento disso”.
Por outro lado, acusa Fernando Gomes de ter permitido à PSP efectuar as investigações que terminaram na detenção dos jovens no final do mês de Julho, “quando sabia perfeitamente que a PSP não tem nada de investigar um assunto que diz respeito à área da Polícia Judiciária”.
Argumentando que desde de 20 de Março que a PSP “não tinha competência para investigar este caso”, Virgílio Brandão quer agora que o ministro responda publicamente a esta troca de funções e que, entretanto, sejam apuradas as responsabilidades quanto à detenção dos jovens que diz estarem inocentes das acusações pelas quais foram detidos.
Para o advogado, este é também um caso com “grandes contornos de racismo” , já que os jovens detidos são de origem africana. Um caso que, segundo argumenta, veio “aumentar a xenofobia entre a população”, quando, no seu entender, “deveria levar o Governo a admitir que o sistema anda longe de estar preparado para recuperar os menores delinquentes e para evitar a exclusão social”.