[ Edição Nº 139 ] – Manifestação em Setúbal pelo poder popular.

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Setúbal na Rede
Onde é que estava no dia 8 de Setembro de 1975?

Fátima Brinca – Estava nas instalações da Movauto, onde trabalhava e de cuja Comissão de Trabalhadores fazia parte. Na altura integrava também a redacção do jornal o Setubalense, constituída por mim, por Manuel Abrantes e por Rogério Severino. Nesse dia, deu-se uma manifestação com milhares de pessoas, junto ao Quartel do 11, depois de percorridas algumas zonas centrais da cidade.

A manifestação foi convocada por diversos partidos de esquerda e pretendia apoiar o poder popular e os militares daquele quartel, para além de denunciar as várias situações vividas nas empresas do concelho, inclusivamente o Setubalense, como posteriormente veio a comprovar-se.  Na altura dos discursos, junto ao quartel, um dos trabalhadores efectivos do jornal, Jorge Santos, pediu-me para proceder à leitura de um comunicado sobre a situação que se vivia no jornal.

SRPode dizer-se que essa posição pública foi o início do processo de ocupação do jornal, que ocorreu pouco tempo depois?

FB – Sim, porque as coisas já não andavam bem. É preciso dizer que a ocupação teve por base não só os ordenados em atraso e o estado de abandono em que o dono, Bordalo Pinheiro, o deixou, mas uma situação social que o Setubalense tinha vivido antes do 25 de Abril. Uma jovem inválida, chamada Maria Beatriz, teve a cura nas mãos dos leitores do Setubalense, que contribuíram para pagar a operação de que necessitava, mas o patrão acabou por não pagar a cirurgia e ficou com o dinheiro.

A situação era do conhecimento dos trabalhadores efectivos do jornal, mas só muito mais tarde é que a redacção a descobriu. Tivemos conhecimento da não entrega do dinheiro, que ainda era um montante bastante elevado, e que graças a isso a jovem não foi operada numa clínica de Pamplona e ficou eternamente condenada a uma cadeira de rodas. Ou seja, o dinheiro era entregue à doente ‘aos bochechos’  e só mediante receitas médicas, quando da clínica exigiam a totalidade da verba para a operação.

A verba só foi entregue em tribunal, muito depois disso e, infelizmente já era tarde para resolver clinicamente o problema. Isto, a juntar a todo o descontentamento dos trabalhadores, à falta de cumprimento das leis do trabalho e à falta de liberdade dos jornalistas, levou-nos a decidir pela ocupação. Dois ou três meses antes, Bordalo Pinheiro abandonou o Setubalense e foi para Moçambique dirigir as minas de diamantes que lá tinha. Portanto, quando ocorre esta manifestação, já o jornal é dirigido por trabalhadores sendo Joaquim Madeira o chefe administrativo e Guilherme Figueira o chefe de redacção. 

SRPorque é que foi escolhida para ler o comunicado?

FB – Fui apanhada de surpresa, mas a partir desse momento assumi o conteúdo do comunicado. Acho que a escolha da minha pessoa teve a ver com a minha isenção partidária, uma vez que os trabalhadores efectivos da empresa estavam quase todos conotados com partidos, nomeadamente o PCP. Por outro lado, Rogério Severino e Manuel Abrantes eram militantes da FSP. Ali procurou-se evitar que um movimento ou partido liderasse as posições dos trabalhadores do Setubalense. Embora estivesse conotada com movimentos de extrema-esquerda, nomeadamente o PRP, mas sem estar directamente ligada, fui escolhida para ler o comunicado.

SRTambém participou na manifestação enquanto membro da Comissão de Trabalhadores da Movauto. Na altura era mais conhecida como jornalista ou como trabalhadora de uma fábrica?

FB – Acho que era mais conhecida pelo trabalho jornalístico junto dos bairros, nomeadamente nos bairros de lata da cidade. Embora também me conhecessem pela Movauto porque era a única empregada de escritório que desde o primeiro dia esteve na Comissão e no movimento de trabalhadores, defendendo salário igual para trabalho igual. E na Movauto os trabalhadores fabris ganhavam extremamente mal em relação aos outros.

E lembro duas pessoas cuja luta fez com que as nossas carreiras profissionais totalmente ultrapassadas fossem revistas: Soares Feio, actual vereador do PS na Câmara de Setúbal, e Abílio Jorge, que na altura era muito acusado de pertencer ao PPD não tendo nada a ver com aquele partido. Ambos eram dirigentes do Sindicato dos Escritórios.

SRA manifestação foi convocada por uma organização denominada FUR. Em que contexto é que esta acção ocorreu?

FB – Na altura, os panfletos tinham uma força extraordinária e a manifestação foi convocada através de panfletos via comissões de moradores, de trabalhadores e de sindicatos, com alguns partidos por trás. Sem muitos de nós sabermos, mas o certo é que tinha uma forte implantação do PCP. A FUR era a Frente Unitária Revolucionária, de que faziam parte movimentos e partidos como o PRP, a FST, a LCI, a LUAR, o MES e posteriormente a UDP.

Esta manifestação surgiu porque, nos bairros, as pessoas começaram a aperceber-se de que apesar da grande capacidade de mobilização que cada uma tinha, isso não acontecia ao nível do colectivo. Esta manifestação serviu para provar que o movimento popular de Setúbal tinha muita força e que os trabalhadores deviam estar organizados em sistemas colectivos, não só para defenderem as suas lutas internas como também as lutas externas.

Lembro-me muito bem que naquela altura tiveram um enorme peso as comissões de trabalhadores das empresas de montagem de automóveis, como foi o caso da IMA, da Barreiros, da Movauto e do Entreposto. A indústria naval, como a Setenave, também tinha um peso enorme nessas reivindicações.

SREntão porque é que a palavra de ordem era “Soldados e Marinheiros sempre ao lado do povo”?

FB – Isso aconteceu porque as pessoas sentiam que havia uma tentativa de diminuir a importância do movimento dos capitães de Abril. Já havia um movimento a dizer que os soldados deviam ficar nos quartéis e não andarem em manifestações com a população. Isso assustou as pessoas, estávamos em pleno Verão Quente e no rescaldo do 7 de Março e a primeira coisa que fizemos foi colocar-nos ao lado dos homens que fizeram o 25 de Abril.

Por isso, na manifestação decidimos chamar os soldados do quartel do 11 cá para fora. Inicialmente os militares não deixaram, até tinham os portões fechados quando chegámos mas o que aconteceu foi que um grupo saiu do quartel e, à revelia de todos, pôs-se ao nosso lado. Os soldados saíram para a rua e ficaram ao nosso lado na denúncia dos problemas que ocorriam nas empresas, na pesca, na reforma agrária e em todos os sectores da nossa economia.   

SRNa passagem dos manifestantes pelas ruas da cidade, foram gritadas palavras de ordem contra a social democracia mesmo em frente à sede do PS. Isso quer dizer que a população identificava o PS com o PPD?

SR – De certa maneira, porque as palavras de ordem eram contra Sá Carneiro. Na altura as pessoas ligavam muito o PS ao PPD, especialmente por causa do segundo Governo Provisório que contou com elementos dos dois partidos. Assim, para as pessoas de Setúbal, a social democracia era PS e PPD. Não era um ataque ao PS mas sim à linha política e filosófica que nos parecia seguir.

SRQue consequências práticas teve a manifestação?

FB – Na sequência disso, as pessoas começaram a pensar na necessidade de criar o chamado Comité de Luta. Ele surgiu na sequência do COPS e foi criado com pessoas dos bairros, trabalhadores fabris e rurais e militares do quartel do 11. Pode dizer-se que a grande vitória desta manifestação foi a criação do Comité de Luta de Setúbal que deu ‘água pela barba’ a muita gente.

Ainda hoje muita gente não percebe o que foi esse comité e de tal forma isso acontecia na altura que inclusivamente alguns elementos foram chamados ao Estado Maior do Exército para prestar declarações. E mais gente não foi porque os membros do Comité de Luta não eram chamados pelos nomes próprios. Como tínhamos o receio de que as coisas descambassem para a direita, foi decidido manter no anonimato os dirigentes mais activos do Comité. E isso acabou por livrar muita gente de problemas.

Mas havia gente carismática que toda a cidade conhecia, como foi o caso de Francisco Lobo, de José Afonso e Isabel Guerra. A ideia era ser uma comissão alargada que obrigasse a própria autarquia a tomar posições a favor da eliminação das barracas, da instalação da luz  dos esgotos, por exemplo, porque naquela época estava tudo por fazer. Eu não fiz parte do Comité de Luta porque tinha a missão ingrata de cobrir para o jornal as sessões de trabalho e achei que essas duas coisas eram incompatíveis.

SRA manifestação terminou sem problemas?  

FB – Tudo decorreu sem qualquer problema, decidimos o que fazer e marcámos nova reunião para uns dias depois num armazém que funcionava como sede do grupo de teatro Sobe e Desce e como local para a recepção dos produtos agrícolas a comercializar no âmbito da operação chamada Ligação Cidade/Campo.

SRAlguma vez sentiu que este movimento popular estaria a ser manobrado ou influenciado por partidos políticos?  

FB – Não se pode dizer que existisse um controlo partidário, se bem que tivessem ocorrido diversas tentativas, nomeadamente por parte do PCP. Contudo isso não chegou a verificar-se devido ao número de pessoas ligadas a partidos mais à esquerda. E é nessa altura que muita gente se junta aos GDUPS e que José Afonso se filia na UDP para se tornar candidato pelos GDUPS, Grupos de Unidade Popular de Setúbal.

O PCP não conseguiu controlar o movimento popular, até porque ficou surpreendido com a atitude dos próprios quadros que tinha no Setubalense. Eles decidiram ocupar connosco o jornal e não se preocuparam com o partido. 

SRPode dizer-se que o movimento popular em Setúbal era liderado pela extrema esquerda?  

FB – As pessoas eram muito extremistas e o PCP funcionava como um partido moderado. Tinha um pouco a função de não deixar que a situação descambasse. As pessoas tinham um espírito muito forte e acabaram por ultrapassar a tentativa de controlo efectuada pelo PCP. De facto, este movimento estava muito agregado à extrema esquerda, sendo que no seio deles, os que mais se destacavam era o PRP e a LCI.

Daí o nascimento dos GDUPS. É preciso dizer que a extrema esquerda era tão só a população a sentir as realidades e, para além disso, não me parece que se tenham verificado movimentos de intensa gravidade em Setúbal. Na altura empolou-se muito a situação, dizia-se que Setúbal era a cidade vermelha quando todos temos consciência plena de que o não é. Mas graças à força e à união do movimento popular, naquela altura nem em Lisboa se pensava que o movimento era tão pequeno.

Pelo contrário, acreditavam que este movimento era muito maior do que realmente chegou a ser. E isso assustou um bocado os governantes deste país, de tal maneira que quando foi declarado o Estado de Sítio, Setúbal foi a única cidade do país que não obedeceu. Tanto assim que saiu com O Setubalense para as bancas ao mesmo tempo que os aviões militares faziam razias ao terraço do jornal convencidos de que se estava perante um grande movimento de massas.

SRFoi aí que se falou em armas para o povo?

FB – Não acredito que as forças no poder quisessem fazer de Setúbal um reduto da esquerda, mas sim que Setúbal não fosse novamente achincalhada nem espezinhada porque já o tinha sido durante a ditadura. Durante décadas, Setúbal foi uma cidade extremamente controlada pelo regime ditatorial por isso acredito que o que aconteceu foi que as pessoas deram vazão ao sentimento de liberdade e de luta pela revolução.

A razia dos aviões ao jornal deu-se na sequência do 25 de Novembro porque decidimos que o jornal ia sair na mesma. Foi uma decisão que tomámos depois de termos tido conhecimento de que à frente desse movimento de Novembro estaria gente ligada ao MIRN. As pessoas ficaram atónitas e amedrontaram-se, deu-se o Estado de Sítio e nós procurámos alertar a população para a ideia de que tudo apontava tratar-se de um golpe de extrema direita.

Assim, O Setubalense, que tinha um peso enorme junto da população, saiu à rua com a manchete “Armas ao Povo já”. Pouco tempo depois é selado e em Janeiro nasce o Nova Vida, criado pelos trabalhadores do Setubalense, e durante muito tempo foi o Nova Vida o jornal que mais mobilizou a população desta cidade.  

SRO que é que se pretendia com o boicote ao Estado de Sítio?

FB – Era pela luta da população, pela revolução e por um aspecto de que ninguém fala mas que também foi muito importante: como eram os trabalhadores que geriam o jornal só recebíamos ordenados se ele saísse para a rua. Portanto houve muita gente ligada àquela edição apenas por causa da sua sobrevivência e não por uma questão de princípios. O jornal saiu e a divisão interna era tão grande que se notou no cabeçalho, onde estavam os nomes dos responsáveis por aquela edição.

E isso foi para evitar complicações para os outros trabalhadores. Fomos 17 a assinar o cabeçalho, entre eles Rogério Severino e Manuel Abrantes, mas é claro que 24 horas depois já os militares andavam por aqui a prender o pessoal. Os que estavam nas instalações foram presos mas como eu não estava lá foram buscar-me à Movauto. Aí vivi um dos episódios mais bonitos da minha vida, com os colegas de trabalho a fazerem um círculo à minha volta para impedirem os militares armados de me levarem. E foi essa gente de fato de macaco e das mais variadas cores políticas que impediu os militares empunhados de metralhadoras, de me levarem presa.

Ainda engatilharam as armas, mas houve pessoas que abriram os fatos de macaco e prometeram que para me levarem a mim tinham primeiro de os levar a eles. Foi um acto de coragem extraordinário, principalmente porque na fábrica ninguém sabia o que se passava. O próprio director da Movauto teve uma atitude revolucionária ao dizer aos militares que eu ia entregar-me ao fim do dia, que eu levaria o advogado da empresa e que aquilo não eram maneiras de deter uma pessoa.

Devo dizer que, no período entre a chegada dos militares e a hora de sair da fábrica, tive a visita de gente do PRP, nomeadamente de Isabel Guerra, com cabeleiras para eu sair e passar à clandestinidade. Recusei de imediato porque achei que não tinha feito nada de especial, pois as pessoas queriam as armas para defender a revolução. Quando me entreguei, à tarde, já lá estavam os meus colegas todos, menos o Rogério Severino e o Manuel Abrantes que passaram à clandestinidade.

Estivemos sob interrogatório, éramos poucas mulheres e houve um polícia que nos sossegou ao dizer que não nos iam fazer mal. Saímos eram oito da noite mas a minha mãe, assim que soube, deslocou-se do Penteado, onde morávamos, e foi ter com os militares com uma manta e um saco de água quente pois pensava que eu tinha ficado lá. Quando chegou disseram-lhe que eu já tinha saído mas ela não acreditou e, aos gritos, a polícia teve de lhe mostrar as catacumbas para provar que já não estava lá ninguém. Foi a partir daí que selaram o jornal.  

Definitivamente, o 25 de Novembro veio deitar abaixo os ideais da revolução.  E é por isso que me dói e revolta ver que muitas pessoas que estiveram ligadas à opressão hoje escrevam artigos de opinião nos jornais e se encontrem em lugares de chefia de associações culturais e cívicas da cidade. Essas pessoas foram os maiores carrascos e opressores desta cidade. E há casos contrários, como foi o caso da agressão ao vereador Soares Feio durante a manifestação contra a co-incineração. Sofri imenso ao ver tais agressões, pois trata-se de um homem que sempre esteve ao lado dos trabalhadores e sempre esteve integrado nos movimentos e na luta sindical.

SR –  Quando os jornalistas Rogério Severino e Manuel Abrantes passaram à clandestinidade, como é que reagiram os trabalhadores que tinham sido presos?

FB – Ficámos muito desiludidos e sentimo-nos traídos. Eles bem podem argumentar que se não aparecessem não havia problema, mas o certo é que na altura nós sofremos e fomos achincalhados por termos sido detidos. Senti que foi um erro deles, mais ainda, foi um acto cobarde. Até porque, em abono da verdade, verificou-se uma situação que nunca contei: não fui eu que assinei o artigo sobre as armas para o povo.

O documento foi assinado por toda a gente e alguém assinou por mim porque, na altura, eu estava de serviço na Movauto. De qualquer das formas assumo o documento.  Por muita amizade que eu tenha por eles, continuo a achar que tiveram uma atitude muito cobarde.

SRComo é que Setúbal viveu a revolução?

FB – Com alguns excessos, mas isso era natural para a época. Lembro-me que se uma pessoa não concordava com qualquer coisa era logo chamada de reaccionária. Deram-se muitas situações lamentáveis, como foi o caso dos então proprietários da conhecida pastelaria Capri. O pai e a filha eram acusados de torturadores da PIDE e, apesar de não haverem provas e deles dizerem que não era nada disso, as pessoas entraram pela gelataria dentro, despiram-nos e puseram-nos na rua, em plena praça de Bocage.

Até nas ocupações as coisas descambaram, deram-se muitas ocupações selvagens, mas não aquela que fizemos em Miraventos que tinha intenções genuínas de arranjar escola para os nossos miúdos. Até foi engraçada, porque limpámos a quinta e as nossas intenções eram as mais honestas. Havia um clima difícil, casos de grande extremismo e outros de oportunismo como foi o caso da Reforma Agrária onde muita gente se abotoou com o dinheiro para as cooperativas, contudo foi uma época muito importante para o país. Mesmo assim, não sei se não voltaria a fazer o mesmo. É que o tempo muda mas os princípios ficam.

SR25 anos depois, valeu a pena a luta pela revolução?

FB – Sim, apesar do que sofri por isso ao longo dos anos. O Nova Vida, que significava muito para mim, acabou com Joaquim Casimiro Madeira a vendê-lo a um grupo dirigido pelo CDS. Com o fim dele, regressa O Setubalense, comprado entretanto por João Carlos Fidalgo. Depois disso, passei por diversos projectos de comunicação social no país até que cheguei ao Correio de Setúbal.

Pelo caminho, fui sendo conotada a torto e a direito e por dá cá aquela palha, com a extrema esquerda e isso reflectiu-se muito na minha vida profissional. De tal modo que, quando fui trabalhar para O Actual ninguém quis trabalhar comigo porque achavam que eu dava mau nome ao jornal, à excepção de um único colega. Entretanto, saí da Movauto e era a única pessoa com 18 anos de carreira sem nunca ter sido promovida.  

Ganhei os prémios todos que havia a ganhar, mas as promoções nunca chegaram. Depois saí porque não aguentava processar os despedimentos dos meus colegas, sabendo que eram pessoas com mais de 50 anos obrigadas a saírem da empresa sem qualquer alternativa. Estes foram acontecimentos que me marcaram para sempre, fui muito perseguida e tudo isso decorre directamente das posições que tomei durante o PREC.

Mas não faz mal nem dada disso tem já importância porque sempre achei, e ainda hoje acho, que os movimentos revolucionários não devem ser tão obedientes às leis mas sim obedientes aos sentimentos e às pessoas.