Setúbal na Rede – Que razões é que o levam a candidatar-se à presidência da Câmara de Setúbal?
Carlos de Sousa – Ao longo dos dois últimos anos, fui incentivado por inúmeras pessoas ligadas à cultura, ao associativismo, ao ramo empresarial e cidadãos anónimos. E esse movimento culminou com o convite feito pelo meu partido. Pessoalmente, gosto de desafios, sinto e sei que é necessário dar uma grande volta à forma como o concelho de Setúbal está a ser gerido. Daí ter aceite o convite.
SR – Como é que interpreta o facto de, em alguns sectores, a sua candidatura ser vista como um suicídio político?
CS – Eu estou na política há já alguns anos, mas não estou cá por uma questão de carreira. Estou aqui, acima de tudo, pelo serviço público porque o poder local é onde podemos dar mais aos outros. Se olharmos para a estrutura do Estado português verificamos que o sítio onde estamos mais perto das pessoas e onde podemos fazer mais por elas é, sem sombra de dúvida, o poder local. Daí não me preocupar se as eleições em Palmela seriam mais fáceis ou mais difíceis, se em Setúbal posso perder ou não perder. É um desafio muito grande, gosto dele e aceito-o e isso tem a ver com a minha maneira de ser. Mas o que verdadeiramente me incentiva é sentir que, se ganhar a Câmara de Setúbal, sinto que tenho capacidade humana e técnica, vontade e um conjunto de conhecimentos que, em parceria com a população, os agentes económicos, sociais e culturais do concelho, permitem-me dar uma volta completa ao concelho e colocá-lo no lugar que merece. Setúbal já foi a terceira cidade do país, é capital de distrito mas não é sentida como tal e, infelizmente, neste momento não tem o peso que gostaríamos que tivesse.
SR – O que é que o leva a crer que o eleitorado lhe dará a vitória, quando o projecto que representa foi rejeitado pelos setubalenses há 16 anos, ao elegerem o socialista Mata Cáceres?
CS – Desde a minha apresentação, em 20 de Março, tenho feito um conjunto de contactos e reuniões de trabalho com colectividades de cultura e recreio, agentes económicos e agentes sociais, para além dos contactos com a população do concelho na distribuição de propaganda. E quando contactamos com as pessoas, sinto essa grande vontade de mudança e a vontade de votar na candidatura da CDU. Por outro lado, sabemos que grande parte das sondagens dão-me a vitória. Depois existe um factor importante: Palmela está muito perto de Setúbal e muitos setubalenses visitam as manifestações culturais daquele concelho. Por outro lado há muita gente de vive em Palmela e trabalha em Setúbal e vice-versa. Isto faz com que exista uma grande interligação entre os dois concelhos e leva a que o meu trabalho seja conhecido. Não sou um desconhecido, tenho trabalho feito e, acima de tudo, tenho uma forma de estar na política completamente diferente daquela que se exerce em Setúbal. Em Palmela, temos tido uma política de incentivo à participação das populações na gestão local e, modéstia à parte, temos sido pioneiros em Portugal. As pessoas sabem que, se eu ganhar a Câmara de Setúbal, vou seguir esta forma de trabalho, naturalmente com algumas adaptações.
SR – A posição pública que tem vindo a assumir contra a co-incineração, em contraposição à postura de Mata Cáceres, terá, de alguma forma, capitalizado o interesse das pessoas na sua candidatura?
CS – Acho que sim, embora não seja o factor fundamental. E ajudou por uma razão muito simples: quando somos eleitos é pela vontade popular e, por isso, temos de ter em atenção aquilo que as pessoas sentem, querem ou não querem. E é claro como água que a população de Setúbal não quer a co-incineração. A este facto, devemos aliar as inúmeras dúvidas que existem sobre os efeitos das dioxinas e dos furanos na saúde das pessoas, e a assinatura, por Portugal, da célebre Convenção de Estocolmo que obriga os países signatários a abandonar progressivamente a co-incineração ou, então, a minimizá-la. Mata Cáceres vai ser penalizado pela posição que tomou porque não teve em linha de conta os interesses da população do concelho e da população da região. Não tenho dúvidas de que, se a co-incineração for para a Arrábida, para além dos problemas que poderá trazer à saúde da população de uma cidade com cerca de 90 mil pessoas, não acredito que o turismo da região vá ter o desenvolvimento que poderia ter se o sistema de queima de resíduos não viesse para a Arrábida.
SR – Entre as candidaturas a Setúbal corre a ideia de que Carlos de Sousa é um mito, pois, apesar de ser um bom autarca, a sua popularidade não corresponde ao trabalho que tem feito. Que leitura faz desta ideia?
CS – Nunca ouvi falar de mitos em relação a coisas que não prestam, pois a História ensina-nos que a palavra está relacionada com pessoas que fazem coisas. Aquilo que alguns dos meus adversários políticos não entenderam é o seguinte: A minha visibilidade não existe por andar a fazer campanhas na televisão nem por colocar placares a dizer o que a Câmara de Palmela tem feito. A única razão pela qual eu tenho tido essa notoriedade, nomeadamente junto da população, é porque eu sou daqueles que vou junto das pessoas. Nestes oito anos em Palmela, fizemos reuniões de Câmara descentralizadas, Assembleias Municipais descentralizadas, autarquias participadas e quando há problemas vamos ouvir a população, enfrentando as pessoas. Não temos medo de ninguém, para o bem e para o mal. Conhecemos pessoalmente todos os responsáveis de todas as colectividade e instituição. Ora, isto não acontece em Setúbal. Quando visitei as colectividades, perguntei quantas vezes é que o presidente da Câmara as tinha visitado, saber dos seus problemas ou participado nos seus aniversários e a resposta foi de que foi lá uma ou duas vezes. Obviamente que uma pessoa que não aparece junto da população acaba por ser esquecido. A tal notoriedade tem exactamente a ver com o facto de nós, em Palmela, termos a preocupação de falar com as pessoas. A população conhece-nos e isso tem a ver com o estilo de trabalho que desenvolvemos.
SR – Nestas eleições há uma candidatura à esquerda da CDU, protagonizada pelo Bloco de Esquerda. Receia uma fuga de votos do eleitorado comunista para este partido?
CS – Não receio porque a minha candidatura tem uma característica: consegue ser abrangente. E isso tem a ver com o estilo de trabalho que proponho à população de Setúbal. A população sabe isso pelo trabalho que tenho feito em Palmela. Por isso as pessoas sabem que se for apresentado um projecto, seja ele de alguém ligado ao PSD, ao PS, ao BE ou independente, se o projecto for bom é aceite. E isso nota-se na nossa forma de estar em Palmela, onde os vereadores do PS têm sido criticados por terem um bom relacionamento connosco. Os vereadores do PS fazem crítica cerrada, mas sempre que a maioria CDU verifica que as propostas do PS são correctas nós aceitamo-las. E é face a esta forma de trabalhar que as pessoas têm a certeza de que, se eu for eleito, vou trabalhar com toda a gente, independentemente do seu carácter religioso ou da sua opção político-partidária.
SR – Que análise faz às candidaturas que vai defrontar nestas autárquicas?
CS – Dos contactos que tenho feito, sinto que há um enorme cansaço das pessoas em relação à gestão do PS e à forma como é levada a cabo. Esta forma de agir durante 16 anos, onde nada se faz durante quatro anos de cada mandato e depois, nos últimos seis meses, desata-se a fazer obras e a esburacar a cidade. É uma cidade sem uma política cultural, sem uma política associativa. Não foram aproveitadas as verbas do segundo Quadro Comunitário de Apoio para se fazer a ETAR, estação de tratamento de águas residuais e o rio Sado está poluído. Não foram por uma opção política e preferiu-se gastar esse dinheiro em alcatrão. As pessoas estão cansadas deste tipo de opções políticas que têm sido levadas a cabo ao longo de 16 anos. Por isso tenho a certeza que esses 16 anos de gestão e a forma como o trabalho foi feito ao longo desse tempo, vão pesar bastante e penalizar a candidatura de Mata Cáceres.
Quanto ao candidato do PSD/PP, Duarte Machado, as pessoas sentem que ele não é a verdadeira alternativa. E depois, quer queira quer não, tem uma ligação com a actual gestão porque aceitou pelouros na Câmara. Estando o PS em maioria relativa, este teve de contar com a conivência do PSD para fazer passar os planos de actividade, os relatórios e a maior parte das propostas. Penso que a população não se esquece disso.
Posso estar enganado, mas não me parece que os movimentos de cidadãos independentes consigam ter grande futuro neste país. Uma coisa é um partido, com todos os seus defeitos e qualidades, que tem uma estrutura montada, tem um historial e as pessoas sabem com o que podem contar, para o bem ou para o mal. O que verificamos é que, muitas vezes, estes movimentos de cidadãos são gerados por pessoas descontentes de outros partidos. E sinto que a população não gosta muito disso. Não estou a dizer que devamos confinar a vida política apenas aos partidos, no entanto mais tarde ou mais cedo um movimento de cidadãos tem de ter uma certa organização. Pode não ser um partido, mas a forma como ele vai trabalhar é muito semelhante a um partido. Tem que ter uma estrutura hierárquica, tem que haver quem organize, quem defina tarefas e quem o apoie. Tem que ter dinheiro e não é só o que vem do aparelho de Estado, vão ter de haver quotizações e outro tipo de apoios. Vai haver uma altura em que um movimento de cidadãos independentes não vai ter muitas diferenças em relação a um partido, em termos de organização. Naturalmente que os princípios são diferentes. Por outro lado, acredito que estes movimentos de cidadãos independentes podem ser penalizados pelos eleitores pelo facto dos seus dirigentes serem oriundos de partidos políticos.
Respeito o Bloco de Esquerda e a sua candidatura. Apareceu para as legislativas e teve um resultado interessante, agora vamos ver como correm as coisas nas autárquicas. É preciso ter em linha de conta que, neste país, existe um espectro partidário alargado e que os cidadãos que pertencem a esse espectro alargado, sejam do CDS/PP sejam do Bloco de Esquerda, têm direito a estar representados. Por isso respeito a candidatura do Bloco de Esquerda, é tão válida como as outras.
SR – Se for eleito presidente da Câmara de Setúbal, que modelo de desenvolvimento definirá para o concelho?
CS – Setúbal tem muitos problemas e precisa de reflectir sobre o caminho que deve seguir. Mas deve ser uma reflexão em conjunto com os agentes económicos, sociais e culturais do concelho. Setúbal é um polo urbano importante no distrito e pode ser um elemento de charneira entre o Alentejo e a Área Metropolitana de Lisboa. Tem duas maravilhas ambientais, o Parque Natural da Arrábida e o rio Sado com o seu estuário, mas tem também uma grande riqueza económica que é o porto de Setúbal. Portanto, o primeiro grande desafio é a compatibilização entre o desenvolvimento económico, que se faz muito ligado ao porto, e o aproveitamento das riquezas naturais como o Parque Natural da Arrábida e o estuário do Sado. Outra questão que se coloca é o ponto de vista urbano. É preciso saber até onde é que Setúbal quer ir em termos de crescimento urbano. Será que Setúbal quer a continuação do crescimento com prédios por todos os lados, com densidades altíssimas, e problemas gravíssimos nos transportes, no trânsito e nas acessibilidades?
SR – Contudo, não se manifestou contra o novo empreendimento urbanístico Nova Setúbal.
CS – Primeiro é preciso saber se está, ou não, no Plano Director Municipal (PDM). Há quem diga que sim e quem diga que não. Paralelamente há que falar com as pessoas de Setúbal para saber exactamente até onde queremos crescer do ponto de vista de habitantes. É o que se tem feito em Palmela, por exemplo quando, no PDM, lutámos por uma cércea máxima de quatro pisos, não o fizemos porque nos apeteceu mas sim porque este é o melhor caminho, pois promove as relações de vizinhança. Fomos ouvir as pessoas, nomeadamente as de Pinhal Novo, que é o maior centro urbano do concelho. E elas disseram que não queriam mais crescimento desse. E na próxima revisão do PDM de Palmela, que já será a minha camarada Ana Teresa Vicente a fazer, os perímetros urbanos não vão ser muito mexidos porque as pessoas não querem ver muito aumentado o número de habitantes previstos para o concelho.
Em Setúbal é preciso ver que tipo de desenvolvimento se pretende e rever o PDM.
Uma das primeiras coisas que penso fazer logo no primeiro ano, são as chamadas autarquias participadas. Vamos reunir com a população e os agentes económicos e sociais para discutir o que é que queremos fazer de Setúbal. Temos problemas gravíssimos em Setúbal e não podemos ignorá-los. Temos problemas sociais ligados à prostituição, aos sem abrigo e à violência e é preciso dar a volta a isto em conjunto com as pessoas. Não tenho remédios milagrosos mas se reunir com a ACM, com a Cáritas Diocesana, com a instituições particulares de solidariedade social que trabalham no concelho, não tenho dúvidas de que vamos chegar a conclusões muito interessantes e, se calhar, vamos conseguir alguns remédios para minimizar ou, nalguns casos curar, algumas das doenças sociais de Setúbal.
Há uma série de outras questões que devem ser tomadas em linha de conta para o desenvolvimento equilibrado de Setúbal e uma delas é – contrariamente àquilo que o actual presidente da Câmara tem feito – assumir que o Parque Natural da Arrábida e a Reserva Natural do Estuário o Sado podem ser um magnífico contributo para o desenvolvimento. Quando falamos na necessidade de uma melhor ligação entre a cidade e o rio, isso tem a ver com qualidade de vida e também com o aproveitamento económico, pois, do ponto de vista empresarial e comercial, as empresas podem usufruir dessa maior ligação.
SR – Como é que pretende desenvolver a economia de Setúbal através da ligação à Arrábida e ao rio Sado, quando existem industrias poluentes que são consideradas factores impeditivos desse mesmo desenvolvimento?
CS – Uma coisa é a Câmara, sozinha, não ter uma varinha mágica e outra coisa é estar 16 anos de costas viradas para essas entidades económicas. E em Setúbal, vou ter o mesmo relacionamento que tenho com os agentes económicos de Palmela. Temos de sentar à volta da mesma mesa esses agentes económicos que geram poluição mas que também geram riqueza, e vamos discutir a melhor forma de ultrapassar os problemas. Depois, em conjunto com os órgãos governamentais, ver o que se pode fazer para minimizar alguns focos de poluição grave.
SR – É compatível um modelo de desenvolvimento baseado no turismo num concelho com indústrias pesadas e poluentes?
CS – Hoje em dia há formas de tratar a poluição mas tem de se gastar dinheiro. Não é como aquela história de que, agora, que se vai fazer co-incineração é que se vai colocar os filtros de mangas. Então porque é que não as colocaram antes? Porque é que não se obrigou ou não se apoiou financeiramente a Secil para a colocação desses filtros de mangas? Quero dizer com isto que, em conjunto com as empresas que poluem o estuário e com medidas governamentais – nomeadamente ao abrigo do terceiro Quadro Comunitário de Apoio – minimizar aqueles efeitos punitivos. Se chegarmos à conclusão de que, por mais que se faça, uma ou outra empresa continua a poluir, há que arranjar outras medidas em conjunto com o Governo.
Setúbal é também o património cultural e edificado, as freguesias rurais, o comércio que tanto precisa de apoio e é todo este conjunto de questões que temos de analisar em conjunto para encontrarmos um modelo de desenvolvimento sustentado. Depois, temos que ter uma voz mais forte em Setúbal, tanto o concelho como a região porque, na minha opinião, como presidente da Associação de Municípios do Distrito, continuamos a ser relegados para segundo plano. O terceiro Quadro Comunitário de Apoio não traz nada de novo em termos de investimentos estruturantes para a região. E Setúbal, como capital de distrito tem de ter uma voz activa nesta matéria. Penso que tenho condições suficientes para gerar, em Setúbal, o mesmo tipo de desenvolvimento económico que ocorreu em Palmela.
Mas temos também que pensar no desenvolvimento da qualidade de vida da população e quando pensamos no que tem de mudar no concelho de Setúbal, temos de ter em linha de conta todas as suas potencialidades. Setúbal tem um potencial humano ligado ao associativismo e à cultura, que pode estar ligado à vertente turística e à vertente cultural, e esse potencial é contributor para o tal modelo de desenvolvimento que fará com que o concelho volte a ser a verdadeira capital de distrito. Temos colectividades e instituições como o TAS, a Companhia de Dança Contemporânea e a Capricho que, em conjunto com a Câmara, podem fazer iniciativas magníficas. Se ganharmos a Câmara, vamos fazer, em parceria com a CDC, um Festival Internacional de Dança. Vamos reactivar o Festival de Teatro de Setúbal, que foi um dos primeiros da região, vamos apoiar o Festival de Cinema de Troia e o Festival dos Capuchos e, por outro lado, não podemos esquecer-nos da ligação ao rio e ao mar. Por isso, dou adepto que festivais como o do marisco, da cerveja e da sardinha devem continuar. Mas acho que devemos ir mais longe e organizar um festival de sabores do mar, onde também serão realçadas as tradições, as actividades económicas e a actividade piscatória de Setúbal. Temos de incentivar a ligação ao rio e na reunião que tive com o Clube Naval disse-lhe que, se ganhar as eleições, a direcção do Naval não vai descansar porque há muito por fazer para incentivar a ligação de Setúbal ao rio.
As nossas tradições têm de ser preservadas e há que trabalhar nesse sentido. Sei que a laranja de Setúbal está quase a desaparecer, mas a maçã riscadinha também esteve quase a desaparecer em Palmela. Hoje, para além de não ter desaparecido, conseguimos certificá-la e criar-lhe denominação de origem. Não podemos esquecer a laranja de Setúbal, quer como produto quer como marca e peso histórico do nosso passado. Pretendo reactivar a ligação a tudo o que já foi importante, para criar o tal espírito de Setúbal. O espírito de Setúbal tem a ver com o desenvolvimento, com mais postos de trabalho e com qualidade de vida, mas também tem a ver com as raízes e com a ligação que sentimos ao concelho.
Depois há um conjunto de questões a ter em conta em Setúbal, do ponto de vista cultural e educacional. Há um mundo de coisas para fazer nesta área. Por exemplo, é necessário fazer uma homenagem condigna, e de alcance nacional, ao poeta Bocage, e uma homenagem condigna à cantora lírica Luisa Todi. E a minha proposta para homenagear Luisa Todi é fazer um Festival Internacional de Canto.
SR – Como é que vai lidar com o fenómeno da abstenção?
CS – Do plano de trabalho da minha candidatura, consta uma carta que vou enviar aos eleitores apelando ao voto em mim porque acho que a CDU é a força indicada para gerir Setúbal. Mas digo também que, se não votarem em mim pelo menos não se abstenham porque é preciso votar. Sou adepto de que tem de haver um esforço de todas as forças políticas para que haja um verdadeiro exercício de cidadania. E só se pode ser um cidadão de corpo inteiro se, pelo menos, de quatro em quatro anos for votar.
SR – As outras candidaturas criticam os cartazes da CDU que dizem “Gente Séria é Outra Coisa”. Como é que vê essas críticas?
CS – Evidentemente que não é nossa intenção dizer que todos os outros não são sérios. Estou a lembrar-me de alguns cartazes durante as campanhas para os referendos sobre a regionalização e o aborto, nomeadamente os cartazes do PSD. Isso é que são cartazes que chocam. Neste caso, a intenção da CDU não é ofender nem chocar. Felizmente há gente boa em todos os partidos políticos.
SR – Se for eleito, e com maioria relativa, como é que irá gerir os trabalhos do executivo?
CS – Espero ganhar a Câmara de Setúbal com maioria absoluta porque é mais ‘fácil’ governar do que com maioria relativa. Mas uma maioria relativa com uma oposição equilibrada não é problema e há exemplos disso pelo país fora. Espero, sinceramente, que a oposição seja uma oposição construtiva. E se ela for construtiva podem ter a certeza de que vão contar com o máximo respeito da maioria e que a maioria conta com as suas opiniões críticas e positivas.
SR – Se não for eleito presidente, aceita a função de vereador?
CS – Sem qualquer dúvida. E serei uma oposição construtiva.