Autárquicas 2001
Candidatos a Palmela querem
mais participação dos munícipes
Maior participação dos cidadãos na vida do concelho, mais equipamentos e infra-estruturas e uma aposta no equilíbrio urbanístico e no desenvolvimento económico sustentado, foram algumas das garantias comuns aos cabeças de lista da CDU, do PSD e do Bloco de Esquerda à Câmara de Palmela, nas próximas eleições autárquicas. As respostas concretas aos problemas da população, foram avançadas hoje num debate realizado pelo “Setúbal na Rede”, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Durante cerca de três horas e meia de discussão, de que esteve ausente o candidato do PS, Jorge Mares, por razões até agora desconhecidas, a candidata da CDU, Ana Teresa Vicente – actual vereadora do Urbanismo – prometeu a continuidade do trabalho o actual presidente Carlos de Sousa, com aprofundamento das acções em áreas como a educação, nomeadamente uma “aposta forte no ensino pré-escolar”, cuja responsabilidade foi recentemente atribuída às autarquias, e mais estabelecimentos de ensino básico. O aprofundamento da política social é outra das apostas da candidata da CDU que diz querer reforçar a criação de equipamentos sociais e o apoio às famílias mais carenciadas.
Uma área a que os candidatos do BE e do PSD também se mostraram sensíveis, tendo o bloquista João Pinto avançado para a ideia de que uma política social “não vive só de equipamentos” mas de “uma acção concertada de ligação entre as pessoas e o meio”. Por isso, defendeu a criação de uma quinta pedagógica, “uma ideia com oito anos e que até agora não teve acolhimento junto do executivo”. Ainda na área do social, o candidato do PSD, apoiado pelo PP, Bracinha Vieira, propõe “mais creches e lares de idosos” e garante que, se for eleito, tratará de assegurar “a certificação de qualidade” destes equipamentos.
A educação é outra das áreas que assume como prioritárias, pelo que promete “um grande investimento nas creches, no pré-escolar e em mais escolas básicas”, nomeadamente para as zonas rurais, com a certeza de que “com as capacidades deste concelho, podemos criar um sistema de ensino de excelência” a nível nacional.
No que diz respeito à saúde, todos defendem o reforço do protagonismo da Câmara nas negociações com a administração central, nomeadamente no que diz respeito à construção de mais centros e extensões de saúde e do recrutamento de mais médicos para as zonas mais fragilizadas, nesta área.
Já quanto ao modelo de desenvolvimento de Palmela as opiniões diferem. Entendendo como consensual a necessidade de um desenvolvimento sustentado, quer PSD quer Bloco de Esquerda, vão contra a convicção da candidata da CDU, de que o crescimento urbanístico tem vindo a processar-se de forma equilibrada. Exigindo “maior ponderação para não criar grandes núcleos urbanos, como o de Pinhal Novo”, onde o crescimento urbanístico “não é acompanhado por infra-estruturas e equipamentos necessários ao aumento da população”, o candidato do PSD exige “uma revisão do PDM de acordo com a realidade do concelho” e com “a necessidade de crescermos longe da lógica dos grandes centros urbanos da Área Metropolitana de Lisboa, sob pena de sermos apenas um dormitório”.
Para isso, propõe o reordenamento de Pinhal Novo e “a criação de equipamentos e infra-estruturas, como o reforço do abastecimento de água, que aumentem a qualidade de vida das populações”. Ana Teresa Vicente discorda da ideia de um Pinhal Novo desordenado e garante que o que se faz naquela freguesia é o que se tem feito nas outras, onde a altura máxima dos prédios é de três andares e cuja densidade não ultrapassa o previsto. João Pinto liga a qualidade de vida das populações; que acredita vir a necessitar de investimentos, nomeadamente ao nível do saneamento básico, do abastecimento de água, da promoção do ambiente e das acessibilidades; ao fenómeno da segurança que considera uma preocupação dos palmelenses. Contudo, e contrariamente à ideia de Bracinha Vieira, de uma aposta na polícia municipal, acredita que a segurança poderá vir a ser uma realidade se forem erradicados fenómenos como “a ausência de espaços verdes, de equipamentos culturais e desportivos e, principalmente, alguma falta de ligação das pessoas à cultura e às referências da terra”.
Assim, aposta na criação de um pelouro da qualidade alimentar – que permita a revitalização do sector agrícola – e de um parque temático ligado às profissões tradicionais e à cultura do concelho. Duas áreas que considera vitais, uma vez que “iriam também incrementar o turismo”, uma área da economia local que diz ser uma das mais importantes apostas para diversificar o tecido económico de Palmela.
A criação de mais factores de atractibilidade para a captação de investimentos, que passa por maiores condições de acesso aos parques industriais, é uma das prioridades da candidata da continuidade. Ana Teresa Vicente pretende potenciar as capacidades de acolhimento de mais investimentos, mas não teme o fenómeno da mono-indústria pois acredita que “a diversificação do tecido económico” tem vindo a ocorrer ao longo dos últimos anos. Mas concorda com a ideia de reforço do peso da agricultura, lançada por João Pinto, e com a proposta de Bracinha Vieira, que vai no sentido de criar em Palmela um centro tecnológico e de investigação ligado às ciências da vida.
Uma das ideias que atravessa as forças políticas concorrentes às eleições de Dezembro, é a da “inavitabilidade” da elevação de Pinhal Novo a concelho, pelo que os candidatos prometem “ficar ao lado da vontade dos pinhalnovenses”. Contudo, Ana Teresa Vicente e Bracinha Vieira alertam para a necessidade de não levar este processo ’em cima do joelho’ e “apenas de acordo com o interesse de grupos ou pessoas que pretendem retirar daí protagonismos políticos ou pessoais”, adianta Bracinha Vieira que, tal como os outros dois candidatos, quer ver o nascimento de um novo concelho com ‘pernas para andar’, quer do ponto de vista social que do ponto de vista económico.
Crentes de que a reorganização administrativa é uma necessidade em Palmela, para além da criação de um concelho em Pinhal Novo, todos vêem com bons olhos a possibilidade de criação de mais freguesias.
Embora com concepções diferentes no que se refere ao peso ideal que a democracia participativa deve ter na gestão de uma autarquia local, e com posições contrárias no que se refere à ideia de desenvolvimento necessária a Palmela, durante o debate realizado pelo “Setúbal na Rede”, ressaltou a promessa comum de que, independentemente da força política que vier a ganhar a autarquia, a CDU, o PSD e o BE estão dispostos a promover a participação dos cidadãos na vida do concelho e a encontrar, em conjunto com todos os eleitos da Câmara e das juntas, a melhor forma de encaminhar Palmela para um desenvolvimento sustentado em todas as suas vertentes.