[ Dia 28-09-2001 ] – Candidatos ao se entendem quanto ao futuro do Montijo.

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autarquicas-5150700 Candidatos não se entendem 

quanto ao futuro do Montijo


O concelho montijense deve desenvolver-se em torno de um projecto estratégico de crescimento integrado e virado para os cidadãos. A constatação é dos cinco cabeças de lista na corrida às eleições autárquicas de Dezembro, que no debate promovido  hoje pelo “Setúbal na Rede”, discutiram as ideias e os projectos que cada uma das candidaturas protagoniza.

Embora seja comum aos cinco candidatos à Câmara a ideia de que o concelho precisa de um rumo estratégico, são poucas as matérias onde encontram coincidências de ponto de vista quanto ao modo de lá chegar. Enquanto para a recandidata à presidência do município, a socialista Maria Amélia Antunes, o conceito de desenvolvimento imprimido pela actual gestão é para seguir por acreditar tratar-se de “um conceito de cidade humanizada”, para o candidato da CDU, Álvaro Saraiva, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo actual executivo “pouco tem a ver com os cidadãos” e a prova disso estará “no facto das pessoas não serem chamadas a participar” nas decisões.

Uma  crítica suportada também pelo candidato do PSD, Carlos Fradique, pelo cabeça de lista do PP, Vítor Gingeira, e pelo protagonista da candidatura do BE, Cipriano Pisco, que acusam ainda o executivo socialista de “arrogância”. Uma acusação rejeitada por Maria Amélia Antunes que acusa a oposição de se escudar neste argumento para justificar “a falta de ideias” e de participação nas decisões do executivo.

A necessidade de investimento na melhoria das condições de vida da população foi outro dos assuntos centrais da discussão entre os candidatos que durante mais de quatro horas dirimiram argumentos sobre a melhor forma de fazer do concelho uma zona estratégica e apetecível da Área Metropolitana de Lisboa. Entretanto, os planos sectoriais elaborados pela gestão socialista não convencem os outros candidatos que, apesar de admitirem a realização de alguma obra ao longo dos últimos quatro anos, sempre vão dizendo que o executivo não pensa nas verdadeiras necessidades dos montijenses.

Um dos exemplos avançados foi o da transferência do cais dos Vapores para o Seixalinho, “contra a vontade da população e em desacordo com tudo o que é política integrada de desenvolvimento”, apontou o candidato da CDU, Álvaro Saraiva. Uma ideia que, apesar de rejeitada pela recandidata do PS por considerar esta mudança de importância fundamental para o concelho, foi secundada pelas outras candidaturas que falam em falta de planeamento do concelho.

Álvaro Saraiva defende a intervenção da Câmara na área do urbanismo para uma contenção do crescimento deste sector e, simultaneamente, uma política de investimentos em infra-estruturas e equipamentos básicos, particularmente nas zonas mais afastadas do centro urbano. Uma ideia partilhada pelos candidatos do PSD e do BE que vão mais longe ao prometerem desenvolver esforços no sentido da criação de uma empresa de transportes públicos de modo a reduzir as assimetrias que dizem existir entre o lado rural e o lado urbano daquele concelho.

Em cima da mesa esteve ainda a política de ambiente e a necessidade da entrada em funcionamento da ETAR do Seixalinho, tendo a recandidata socialista explicado que os atrasos se devem a questões relacionadas com a necessidade de criação de uma empresa multimunicipal, por parte dos municípios do arco ribeirinho do Tejo, com vista à gestão do sistema. Para já, o que mais preocupa as candidaturas adversárias na corrida à gestão do município, são factores como o do desenvolvimento económico do concelho, tendo os candidatos encontrado pontos de vista comuns no que diz respeito à necessidade de incremento das potencialidades do Montijo e a sua promoção junto dos investidores, de modo a permitir a criação de postos de trabalho.

Entre as apostas consideradas como fundamentais para o desenvolvimento do concelho, está ainda a promoção dos condomínios privados, defende Carlos Fradique, que vê nestes projectos a possibilidade de “atrair massa crítica” ao concelho e de melhorar as condições de vida dos moradores. Uma ideia que parece não obter a simpatia dos outros candidatos, que se dizem contra a criação de “guetos de ricos”, tal como se opõem à criação de guetos de pobres.