O turismo é uma das áreas que se espera, venha a sofrer maior desenvolvimento com a entrada de Setúbal para o Clube da Baías mais Belas do Mundo. A procura da cidade de Setúbal pelos turistas está, de acordo com alguns directores de hotéis setubalenses, “a diminuir em realção ao ano passado”. Segundo Mário Prudêncio, director do Hotel Bonfim, e Joaquim Antunes, do Hotel Aranguês, “a procura neste momento está muito baixa e em relação ao ano anterior decaiu cerca de 10%”.
Segundo estes dois directores a entrada da Baía de Setúbal para as Mais Belas do Mundo, por si só, “não vai resolver o problema da pouca procura de turistas pela cidade”. Para Joaquim Antunes, é necessário “limpar a cidade, que neste momento está muito suja”. Já Mário Prudêncio diz ter a consciência que “é preciso fazer mais qualquer coisa”, mas afirma que não sabe bem o quê. “Com a reserva natural e o parque poderia aproveitar-se para se fazer mais coisas, como por exemplo um espaço onde os turistas se pudessem sentar, beber uma água ou um café”, refere Mário Prudêncio. Este operador turístico afirma que “para as pessoas é muito pouco irem lá a cima à serra verem que é muito bonito, tirarem uma fotografia e voltarem”.
Mas de acordo com o vereador do turismo, André Martins, “será feita toda a divulgação possível deste galardão quer a nível nacional como internacional”, o que, segundo o vereador, “vai trazer uma quantidade crescente de visitantes à cidade e contribuir para o reconhecimento de Setúbal”.
Outras soluções foram apresentadas por Pedro Marques, director da Estalagem do Sado. “Tem que se apostar com os recursos existentes e criar-se uma identidade própria da cidade”. Segundo este director, “a procura de turistas está a aumentar, sobretudo devido ao golfe e aos negócios”. Ainda assim, Pedro Marques disse ao “Setúbal na Rede”, que “a cidade não pode continuar de costas viradas para o rio e para a sua envolvente”. Setúbal tem que “ir para fora à procura dos novos mercados e para isso tem que se fazer um esforço comercial e de marketing”, concluiu Pedro Marques.
“A higiene, a segurança e a iluminação da cidade” são os principais factores que, para Pedro Marques, devem ser melhorados de forma “a chamar mais turistas” para a cidade sadina. “Mais incentivos de animação” é outros dos aspectos realçados por este responsável e por Vasco Lemos, director do Novotel Setúbal que sugere “mais festivais de teatro, dança e gastronómicos” como forma de atrair os turistas. “Tem também que haver uma preocupação em saber aquilo que vai mudar com a entrada para as Baías Mais Belas do Mundo”, refere este responsável, adiantando que “as acessibilidades deveriam ser renovadas e a entrada da cidade de Setúbal deveria ter uma vista mais melhorada”.
A falta de eventos na cidade é também uma crítica partilhada pelo director do Hotel Aranguês, que acusa a Região de Turismo de “fazer poucos eventos”. Segundo este responsável, a Região de Turismo peca também por estar “a cobrar aos hotéis os livros que falam da região, os livros que se podem adquirir nos hotéis para dar informações aos turistas”.
Opinião diferente tem o responsável pelo Hotel Bonfim que afirma que todos têm “a consciência de dever cumprido no que diz respeito ao que pode ser feito para chamar turistas”. Mário Prudêncio garante que “a Região de Turismo da Costa Azul também tem o seu dever cumprido”, e adianta que “para que a situação mude é necessário que venha mais gente para a Península Ibérica em geral”. Este responsável responsabiliza “a actual conjuntura política do pais” como o grande problema para a baixa procura turística.
A conjuntura económica é também apontada por Sónia Domingues, directora do Hotel Esperança, como o principal factor para os turistas não procurarem a cidade. De acordo com esta responsável, o hotel está agora a fazer um ano e por isso não podem ser feitas comparações relativamente a anos anteriores, mas é peremptória em afirmar que “a procura está muito abaixo das expectativas”. Para trazer mais turistas para a cidade, Sónia Domingues fala em “mais promoção turística e mais projectos ao nível de espaços verdes”.
“O sol e as praias são os grandes pontos fortes” e que levam os turistas a procurar este local, afirma a mesma responsável adiantando que, “a cidade está agora também a ser muito procura o turismo de negócios devido às empresas da região”. Para Joaquim Antunes a grande procura vem também “de clientes de empresas que vêm para reuniões de negócios”. “Os turistas que vêm passar férias fazem-no pelas praias e pela serra e também já muitos pelos campos de golfe existentes”, conclui este responsável.
“As pessoas procuram Setúbal por ser um escape a Lisboa e ao mesmo tempo permitir que estejam perto da capital, desfrutando da calma que Setúbal ainda oferece”. Esta é a opinião de Pedro Marques, da Estalagem do Sado, que adianta que em Setúbal há também uma proximidade aos meios de acesso à cultura. “O fascínio pela serra e pelo mar é também outro factor que leva os turistas a procurarem Setúbal”, refere ainda o mesmo responsável.
Também Mário Prudêncio acha “a proximidade de Lisboa um factor muito importante”, na medida em que as pessoas “vêm para cá, estando perto da capital e com preços mais atractivos”. O que chama também mais gente de fora, segundo este responsável, é o número elevado de indústrias que motiva as “viagens de negócios”. “Outras vêm pelo lazer, o sol e o mar, que são recursos turísticos muito importantes”, garante Mário Prudêncio adiantando que, “a proximidade à Arrábida e o Estuário ajuda esta zona a ser mais atractiva”.
Ao contrário do que seria de esperar, a maioria destes empresários turísticos encara como uma mais valia o mega empreendimento que vai ser construído em breve em Tróia. “A empresa construtora é muito forte e pode despender de uma boa quantia para fazer publicidade”, admite o director do Hotel Bonfim. Já para Joaquim Antunes, a construção do empreendimento em Tróia vai ser uma mais valia porque “vai haver mais procura e trazer mais pessoas para a zona”. Este responsável turístico acha ainda que este empreendimento “vai trazer também concorrência” o que, a seu ver, “é sempre bom e saudável”.
A maioria destes empresários afirmam que esta entrada para a Baías mais Belas do Mundo vai ser “um benefício” e Pedro Marques, da Estalagem do Sado, adianta que “se houver divulgação suficiente a entrada será positiva” mas lembra que “tem que se saber também de que maneira os agentes vão aproveitar essa oportunidade”, isto é, se vai ser feita de uma forma sustentada.
Para o Presidente da Região de Turismo da Costa Azul, Eufrázio Filipe “tudo indica que a entrada da Baía de Setúbal para Clube das mais Belas do Mundo vai trazer mais turistas para a cidade”. Para este responsável, “promover a baía é promover o património natural”, pelo que a torna “um pólo de atracção para os turistas”, mas Eufrázio Filipe adverte que, apesar do galardão, “tanto a administração central como a local e mesmo os agentes privados não podem deixar que este seja apenas um protocolo”. Este responsável diz ainda que “não é possível fazer concorrência ao estrangeiro se as imagens dadas da baía forem apenas virtuais e por isso é preciso promover a qualidade da zona”.