Parque Natural da Arrábida
Preservar o equilíbrio
Uma das imagens que levamos da Arrábida está certamente relacionada com o seu relevo rigoroso, que desde quase abrupto sobre o mar, com a sua beleza inconfundível cantada por poetas, apreciada por um sem número de anónimos visitantes e inevitavelmente relacionada com o seu coberto vegetal, de uma cor e profusão inconfundíveis.
Se a este olhar de anónimos admiradores da natureza, juntarmos o olhar atento de um botânico, encontramos aqui uma riqueza insuspeitada de variedades e associações florísticas. Neste ambiente, uma grande diversidade de animais – mamíferos, insectos e aves – encontra o seu habitat natural.
Porém, nem tudo corre às mil maravilhas. Dado o seu valor aromático, medicinal, condimentar, cosmético ou simplesmente ornamental, elas são frequentemente colhidas individualmente por alguns visitantes, que tantas vezes as deitam fora passado pouco tempo, ou em quantidades mais ou menos volumosas para comercialização, pondo em risco a manutenção destas formações.
Das preciosidades florísticas que encontramos NA Arrábida, algumas são já conhecidas de longa data; outras vão sendo descobertas, comprovando a riqueza da região. Destas espécies, meia centena poderá estar ameaçada se não refrearmos os nossos hábitos de colher ou de utilizar plantas selvagens. Aqui se incluem espécies como o loureiro (selvagem), a rosa albardeira, a murta, o medronheiro, o folhado, a gilbardeira, as pascoinhas, o aderno, a carvalhinha, uma espécie insectívora e outras a que apenas os botânicos deram nome.
Umas trinta são ainda consideradas raras. Algumas, como a conhecida palmeira das vassouras, já se consideram extintas da Serra. Está na nossa mão destruir ou preservar este equilíbrio, conter ou alargar a lista das espécies ameaçadas e extintas. Elas desempenham um papel muito próprio e muito importante na Natureza para além de embelezarem a paisagem.
Sabia, por exemplo que:
· nas formações mais evoluídas, como as matas, podem existir cerca de 20 casais nidificantes por hectare? · mesmo os matos baixos são muito importantes para avifauna, especialmente para espécies sedentárias e invernantes?
·
a vegetação protege o solo da erosão provocada pelo vento e pela chuva?
· o processo de formação do solo é muito lento, podendo levar séculos, mas uma vez sem protecção desaparece em poucos dias? · a vegetação é extremamente eficiente na despoluição da atmosfera, filtrando gases e poeiras?
·
é uma barreira contra a propagação de ruídos?
· produz uma grande parte do oxigénio que respiramos?
A vegetação da Arrábida, proporciona espécies que pela beleza das suas flores e frutos são extremamente apreciadas para fins ornamentais. São particularmente atingidas a gilbardeira, o folhado, a urze, o medronheiro e a aroeira. Como vimos, algumas espécies da Arrábida são raras ou estão ameaçadas e constituem habitats verdadeiramente importantes, proporcionando alimentação e abrigo, para mamíferos e aves que procuram estas paragens.
Para além de ser proibido por lei colher plantas na Serra da Arrábida (zonas que pelo seu valor foram classificadas como Reservas Integrais ou Reservas Botânicas) fazê-lo constitui um “atentado ecológico” que pode pôr em causa a sobrevivência de inúmeras espécies e destruir o nosso património natural.
Na sua maioria, estas plantas podem ser cultivadas em canteiros ou vasos. Não colha plantas na Natureza a ao comprar ramos destas espécies certifique-se da sua proveniência.
Será que podemos começar a contar consigo?