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Reserva Natural do Estuário do Tejo

Os peixes do estuário do Tejo

Com base em registos históricos e em estudos de monitorização, ascende a 101 o número de espécies piscícolas que, ao longo dos tempos, foram sendo referenciadas para o estuário do Tejo. Nos últimos vinte anos, o número de espécies piscícolas assinaladas andará à volta de 40. Embora se trate ainda de uma notável diversidade ao nível dos peixes, desapareceu a grande abundância dos efectivos populacionais de espécies como o charroco, a solha, a faneca e o ruivo, assim como das espécies de ocorrência mais temporária como a corvina, a lampreia, a savelha e o sável. Umas e outras suportavam ainda uma pesca significativa nos anos 50, para hoje se encontrarem substancialmente reduzidas nas suas populações, com o sável a tornar-se já uma espécie rara.

A grande maioria das espécies de peixes que ocorrem no estuário são espécies marinhas costeiras que, quando deambulam ao longo da costa, penetram também no meio estuarino, não dependendo do estuário para desenvolverem integralmente o seu ciclo de vida. Estas espécies, que aparecem predominantemente na parte terminal do estuário, constituem o grupo dos chamados peixes marinhos ocasionais e integram, entre outras, as seguintes espécies:

Carta-Imperial Carta-do-mediterrâneo Peixe-rei Linguado-da-areia Salmonete-da-vasa Língua Rodovalho Carapau Peixe-pau Carta-de-olhos-grandes Raia-lenga

Raia-curva

Um outro grupo de peixes, inclui as espécies de peixes marinhos que entram no estuário para se reproduzir, caso da corvina  e do biqueirão ou anchova, e aquelas outras que, reproduzindo-se no mar, o usam para crescer enquanto jovens. Destas últimas as principais eram as seguintes:

Linguado-legítimo Linguado-branco Robalo Faneca Ruivo Pico ou laibeque-de-cinco-barbilhos

Solha ou patruça

Actualmente, o estuário do Tejo representa apenas zona de crescimento ou viveiro preferencial para apenas três espécies – o linguado-legítimo, o linguado branco e robalo -, o que significa que estas espécies, no seu estado juvenil, são provavelmente mais abundantes, neste ambiente do que na zona costeira. Outras espécies utilizam também o estuário para crescer, mas não preferencialmente, como sejam:

Sardinha Salmonete-legítimo Sargo-do-Senegal Sargo Sargo-safia Sargo-alcorraz Dourada Choupa Taínha-garrento Taínha-olhalvo Taínha-liça

Peixe-rei-do-Mediterrâneo

A importância do estuário na sua função de zona de viveiro ou crescimento advém-lhe, fundamentalmente, das boas reservas alimentares de que dispõe, das profundidades relativamente baixas que apresenta, das temperaturas relativamente altas que se verificam na Primavera e Verão (período de ocorrência daquelas espécies), da ausência de predadores e das condições naturais de abrigo que proporciona. As principais áreas de crescimento no estuário para as espécies que preferencialmente o utilizam como tal, localizam-se entre o Montijo e Vila Franca de Xira, a que corresponde uma vasta zona vasosa entre-marés e a maior mancha de sapal do Tejo, compreendida entre o chamado Mouchão das Garças e Alcochete.

O grupo dos peixes residentes ou sedentários, que inclui aqueles que passam todo o seu ciclo de vida no estuário, está representado pelas marinhas, cavalos-marinhos, cabozes, charrocos e ainda pelos efectivos de uma população residente de biqueirão.

São espécies que, á excepção do charroco e biqueirão, apresentam tamanho reduzido e não têm valor comercial. Finalmente o grupo dos peixes migradores – a lampreia-do-mar, a lampreia-do-rio, a savelha ou saboga, o sável, a enguia e a taínha-fataça -, onde o estuário é determinante na adaptação à sua passagem da água do mar para a água doce ou, desta para a água do mar, no caso das últimas duas espécies referidas.

Todas as populações de peixes residentes, de migradores, de marinhos de postura e de crescimento, ressentiram-se com a degradação dos seus habitats, por efeito da forte poluição industrial, urbana e agrícola. Também o excessivo esforço de pesca e a utilização de artes altamente lesivas, licenciadas ou não, como é o caso das artes de arrasto, do tapa-esteiros e das redes de captura dos juvenis de enguia ou meixão, conduziu à redução drástica dos seus efectivos populacionais.