[ Setúbal na Rede] – APPACDM – Artigo Técnico

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Brincar é trabalhar para o futuro

Nos primeiros dias de vida o bebé tem uma visão global do meio ambiente. Para ele o quarto onde se encontra é um fundo vago com formas vagas que se movimentam.

Depois começa a existir uma forma que se destaca se o movimento se aproxima. É uma forma global mas distinta – a Mãe.

Pouco a pouco definem-se certos pormenores que se tornam cada vez mais precisos: a cara, a fisionomia, o tom de voz, andar, gestos, etc.

Nesta fase por necessidade de adaptação ao meio, a criança vai adquirindo a noção diferenciada das pessoas com as suas características próprias.

Mais tarde ela vai interessar-se pelos objectos. Ainda não se interessa  pelo objecto em si, mas apenas pelo seu valor subjectivo. O objecto é apenas factor de exercício sensorial e de adaptação motora. É bom para – chupar, ver, seguir com os olhos, tocar, palpar, rasgar e atirar.

Nesta altura a criança está a adquirir activamente o controle dos movimentos e a aprender a coordenar os gestos. Neste período brincar é repetir e variar os movimentos. A criança sente prazer ao adquirir o domínio das suas capacidades motoras e a  experimentar o mundo do Tacto, da Visão e do Som.

À medida que vai descobrindo o mundo exterior e os objectos a criança vai descobrindo o seu próprio corpo que inicialmente não lhe aparece diferenciado do meio. Esta diferenciação começa quando de cada vez que bate num objecto a sensação dolorosa ajuda-a a identificar-se a si mesmo. A partir daqui os objectos começam a individualizar-se de preferência primeiro pela cor e depois pela forma. Segue-se a grandeza, o volume, o peso e por fim o numero. Paralelamente estrutura-se a noção de espaço e por fim a criança adquire a noção de tempo.

Assim é da actividade total ou seja a inteligência sensório – motora que desde os primeiros meses a criança organiza as sensações em função da acção ( percepção), e à medida que fazendo as suas percepções a criança vai adquirindo as noções necessárias ao conhecimento, à compreensão e à acção.

É Decroly que diz “ O mais importante para a criança é por os seus sentidos em acção para aumentar o seu capital de ideias e assim  a sua capacidade de agir”.

Margarida Caldeira
Terapeuta Ocupacional do Serviço de Apoio Técnico Precoce/ APPACDM