EDITORIAL
Um trabalho humanizante
A deficiência física e mental, acarreta um acompanhamento especifico e personalizado do utentes por parte do técnico, do professor e do pessoal auxiliar de modo a atenuar o peso da problemática do aluno, permitindo assim vencer ou pelo menos minimizar o aspecto da deficiência relativamente aqueles que apresentam um desenvolvimento psico – motor considerado normal.
A integração dos jovens portadores de deficiência no ensino regular constitui um desfio tanto para as escolas que os vão receber como para instituições de ensino especial como é o caso da APPACDM, mas que tirando todas as dificuldades inerentes a um processo que para todos os efeitos é novo, e talvez até um pouco precoce face à necessária adaptação de professores, técnicos e infra-estruturas pedagógicas e ao primeiro impacto junto de alunos e pais, o que não coloca minimamente em causa a justiça, a lógica e o humanismo de tal lei, face à possibilidade de dar a todos os alunos as mesmas hipóteses de aprendizagem, com vista a uma integração no mercado de trabalho e à conquista de uma independência individual.
Evidentemente que em todo este processo a experiência de instituições que à muitos anos lidam com a problemática da deficiência é fundamental na ajuda necessária para adaptar os tais meios físicos e estruturais, ou mesmo fornecer às escolas técnicos e suporte de retaguarda, com o intuito de os próprios estabelecimentos escolares ganharem autonomia, corpo técnico próprio e experimentação, no trabalho com a deficiência, um passo importante para a componente prática da integração resulte.
Como cidadãos temos o dever de estar receptivos à inclusão de crianças com deficiência nas mesmas aulas onde estão os nossos filhos, já que estes daí apenas poderão extrair aspectos positivos e aprendizagens para o futuro, o mesmo se passando com professores e pessoal auxiliar, sobre os quais assenta uma importante parte do sucesso ou insucesso da inclusão, sendo que estes têm todo o direito de exigir um complemento de formação com vista a uma aprendizagem mais específica sobre a área a trabalhar.
Sejamos no entanto coerentes, quanto à impossibilidade de integração escolar de deficientes profundos, os quais em determinados casos possuem uma capacidade de integração profissional, mas que dificilmente serão capazes de realizar a escolaridade obrigatória, mesmo com um currículo alternativo, pelo que é urgente investir mais na formação profissional para a deficiência, bem como em empresas de inclusão e protocolos de protecção, capazes de garantir um emprego protegido.
Hoje me dia não basta fazer um pacote legislativo teórico, justo e humanizante, mas sim dota-lo das condições de funcionamento físico – estruturais de modo a passar das palavras aos actos. Para isso é necessário investir fundos tanto na adaptação e criação de infra – estruturas, como na formação de pessoal, de modo a conseguir um suporte pratico – teórico suficiente para o sucesso de uma formula à muito praticada nos restantes países da União Europeia.
Miguel Ferreira
Técnico Superior de Serviço Social da APPACDM / Setúbal