por Luisa Cagica Carvalho
e Boguslawa Sardinha
(Escola Superior de Ciências Empresariais
do Instituto Politécnico de Setúbal
) Como transformar dificuldades em oportunidades? Desafios para Portugal com o 5º alargamento
da União Europeia
No próximo dia 1 de Maio, acontecerá o 5º alargamento da União Europeia. Passaremos de 15 a 25 países. Muito se tem falado sobre os impactos deste alargamento a leste para Portugal. Muito do que se tem dito tem um cariz pessimista e ameaçador. Contudo vejamos, as dificuldades que enfrentamos são de três ordens: geografia, nível de desenvolvimento e dimensão do mercado interno. Caber-nos-á transformar essas dificuldades em oportunidades. Como o poderemos fazer?
Sobretudo através de acções. O problema do posicionamento periférico poderá ser minorado através de uma estratégia de deslocalização das empresas portuguesas para Leste, aproveitando as vantagens destes mercados, nomeadamente uma mão-de-obra qualificada, bons níveis de produtividade, acesso aos fundos estruturais e proximidade aos grandes mercados do centro da Europa.
Com este 5º alargamento, prevê-se uma descida do PIB médio per capita, o que estatisticamente situará Portugal acima dos 10 países, com impacto no acesso a fundos de coesão, sobretudo no período 2007-2013. Esta situação poderá ser ultrapassada através da aposta na competitividade dos sectores produtivos, fomentando as exportações e “criando” produtos com maior valor acrescentado. Essa melhoria na competitividade das empresas portuguesas, terá decerto o seu reflexo sobre o nível de desenvolvimento do país. A promoção externa da economia portuguesa, atraindo o IDE, e conquistando novos mercados, sobretudo no sector do turismo, poderão ser uma vantagem. Por último, a reduzida dimensão do mercado interno, poderá ser colmatada pela cooperação Ibérica, na conquista de novos mercados criando sinergias e pontos com outros continentes, onde tradicionalmente os ibéricos têm vantagens, como a América Latina ou os Palop’s. Poderemos ainda partilhar as nossas experiências, as nossas boas práticas em sectores como a Banca e Seguros, com estes novos parceiros, que têm uma boa imagem sobre a evolução da economia portuguesa, muitos dos quais com uma dimensão de mercado interno muito semelhante à portuguesa, esta partilha poderá criar laços e sinergias proveitosas para ambos.
Contudo, será um erro contabilizarmos apenas do ponto de vista económico as vantagens ou desvantagens, pois mais do que isso este 5º alargamento representa uma oportunidade para a Europa evoluir no seu processo de integração, aproximando-se cada vez mais da grande meta que é a União Política!