Governo que vai… Governo que vem
E vamos para eleições. Enfim, lá para Fevereiro lá iremos de novo às urnas escolher um novo governo para o País. Foram quatro meses em que tivemos na pasta da Educação a Ministra Maria do Carmo Seabra, para muitos “A tia Carminho”. Ficará conhecida pela ministra “dos concursos”. E ficará conhecida pelas piores razões. Estes foram os piores concursos de que há memória no nosso pacato país.
E referi “pacato” propositadamente, porque em qualquer outro país mais critico esta situação teria de ter consequências. No nosso nada tem consequências e rapidamente se esquece. Já esqueceram que foi o governo de Durão Barroso com o Ministro da Educação David Justino que tinha um Secretário de Estado , de nome, Abílio Morgado cujos concursos eram “ a menina dos seus olhos” que comprometeram irremediavelmente todo este processo. Consequências – saíram porque Durão Barroso nos deixou.
Os professores são um suporte da sociedade. Quando a Educação é tão desprezada dificilmente se poderão esperar resultados educativos que possam premiar o país e os seus cidadãos.
A Inspecção Geral de Educação prepara a avaliação das escolas. Numa conferencia organizada, pela Pró-Ordem, em Almada tive ocasião de ouvir um Inspector referir que “ os professores devem colaborar, estar empenhados na mudança, serem agentes mobilizadores”. Nada de novo. O inovador viria a seguir. Como será caracterizada a vossa escola? Então foram apresentados quatro modelos possíveis: Escola em Movimento; Escola Afamada; Escola que Vagueia; Escola Encalhada. Tentei então encaixar a minha escola. Tentei colocar, nestes parâmetros muitas escolas que me são próximas e cujas dinâmicas conheço. Preciso de referentes. Preciso eu e precisarão os conselhos executivos das escolas do país. Há necessidade de se avaliar com precisão , com rigor, com objectividade. De se saber o que estamos, e como, estamos a avaliar. O papel da Inspecção terá de ser o de assegurar a qualidade do serviço educativo, mas isso terá de ser feito numa perspectiva mais pedagógica e menos fiscalizadora.
Iniciou-se a avaliação integrada das escolas de 1999 a 2001. Com a mudança de governo as 1200 escolas avaliadas ficaram sem saber como se situavam, o que faziam bem e o que faziam não de acordo com os critérios da Inspecção. Foi um trabalho deitado para o lixo. Hoje avança-se com novo modelo. O próximo governo aprová-lo-á ou estudaremos outro? Temos escolas onde a qualidade procurada pelos docentes é a programada pelo sistema educativo ou é somente a conseguida num determinado contexto?
Será a avaliar o que fazemos aos diferentes níveis, nas escolas que poderemos progredir ,mas precisamos de saber os referentes dessa avaliação. Precisamos de saber o que se quer para a escola. O que se quer dos professores. O que se pretende dos alunos. Precisamos de lideranças fortes que contribuam para a melhoria do processo educativo e que lancem objectivos definidos. Precisamos de uma nova Lei de Bases abrangente, consensual, que possa servir para 15 ou 20 anos. Não podemos andar sistematicamente a “brincar” aos governos, aos Ministros, às reformas e contra reformas. Precisamos de um sistema de ensino em que professores, alunos e restantes agentes educativos se possam rever. Sentindo-o seu fá-lo-ão certamente avançar.