Teatro de Animação de Setúbal

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Fórum Municipal Luisa Todi
De 06 a 16 de Fevereiro e de 27 de Fevereiro a 01 de Março
Às quintas, sextas, sábado às 21:30 e domingo às 16:00

“Falar Verdade a Mentir”de Almeida Garrett Representada, a primeira vez, em Lisboa, no teatro de Tália, pela sociedade particular do mesmo nome, em sete de Abril de 1845

A PEÇA

Duarte um mentiroso compulsivo quer desposar Amália, que vive na angústia constante de seu noivo ser apanhado com uma das suas mentiras por Brás Ferreira, seu pai. Se tal acontecer esse casamento não se realizará. É aqui que entra em acção José Félix, criado do general Lemos, que personifica a tradicional figura do “desenrascado”, capaz de dar corpo às mentiras de Duarte. O seu objectivo são as cem moedas que compõem o dote de Joaquina, criada de Amália, mediante a condição de sua ama se casar. As sucessivas mentiras forjadas por Duarte vão sendo, para seu espanto, corporizadas por José Félix que se desdobra num agiota, num inglês e num general. As suas encenações são de tal forma credíveis que, para além de ludibriarem Brás Ferreira, convencem o próprio Duarte a pensar que não inventa senão verdades. Após uma série de situações equívocas surge o general Lemos que, sugestionado pelas lisonjas de Duarte à sua figura e apercebendo-se da situação vivida pelas outras personagens, decide entrar no jogo do criado e intervir a favor do noivo.
 

O TEXTO

(…)Em Falar Verdade a Mentir, verifica-se uma grande “economia de meios” em todos os sentidos: personagens limitadas ao indispensável, espaço único, tempo reduzido a menos de um dia…Este é o texto ideal para ilustrar a afirmação de que “a vida é representada nos seus momentos de crise e as relações humanas são apreendidas nos seus aspectos de tensão antagónica”. E é esta a situação retratada por Garrett: as personagens são aqui confrontadas com uma sucessão de “pequenas “ mentiras geradoras de um conflito que antecede a própria “entrada em cena”.

Assinale-se ainda que este texto remete para uma questão explorada com alguma frequência: referimo-nos à utilização de estratégias que se integram no problema do “teatro dentro do teatro”. Na verdade, as “encenações” de José Félix não são mais do que a representação dentro de uma representação mais ampla, que é a própria peça em si.

(…)Uma breve referência aos objectivos desta peça. Falar Verdade a Mentir integra-se num conjunto mais vasto de textos escritos por Garrett fundamentalmente com dois intuitos: contribuir para a existência de um repertório nacional, cuja exiguidade ele assinalava, e escrever um “teatro” que correspondesse ao gosto popular, mas igualmente com a finalidade de “educar” esse gosto.

in Falar Verdade a Mentir de Almeida Garrett de Glória Bastos e Ana Isabel Vasconcelos, Porto Editora.

Ficha Técnica
 

Joaquina———-Maria João Sobral José Félix——–José Nobre Amália———–Sónia Martins Brás Ferreira—–Fernando Guerreiro Duarte————-Miguel Assis General Lemos—Carlos Rodrigues Sonoplastia——–Miguel Ramos Luminotecnia—–António Rosa Montagem e contra-regra—-João Carlos Secretariado——-Ângela Rosa Grafismo———–Filipa Moura Coreografia——–Iolanda Rodrigues Cenografia e figurinos——Rui Mesquita Encenação —- Duarte Victor