DO “SETÚBAL NA REDE”
Actual Provedor do Leitor: João Palmeiro
Contacto: [email protected]
Caros leitores do “Setúbal na Rede”,
As regras destas nossas conversas semanais estão publicadas no campo do provedor do Leitor. Não vou por isso maçá-los com repetições ou sugestões. Aproveito esta primeira reflexão para vos pedir que não hesitem em me escrever.
Há alguns anos fiz um programa de rádio, numa emissora local. Chamava-se o “lado bom das coisas” e durou cerca de seis meses. Era um exercício fantástico a solo, entre as 22.00 e as 23.00, uma vez por semana. Ao fim de seis meses estava esgotado de lutar semanalmente contra o pessimismo e a ideia instalada de que as notícias são sempre más.
Quando eu era jovem, e a minha mãe se preocupava com horas, o meu pai aquietava-a dizendo fleumaticamente, “no news, good news…”.
Hoje vivemos uma época de muitas notícias e já quase não distinguimos se são boas ou más. O simples facto de serem noticia anuncia os factos como maus.
Tenho discutido com muitos jornalistas este lado fatal da notícia, como se o lado bom não pudesse existir ou como se a principal tarefa de um repórter fosse “apenas” extorquir ou desenvolver catástrofes, ameaças ou maus fígados; e já me aconteceu, por não ter respondido catastroficamente a perguntas que me eram postas, ter sido pura e simplesmente ignorado como fonte de notícia.
Este suporte digital em que cruzamos opinião e pensamento não é, por esta razão, diferente do suporte papel que nos permite chamar jornal a uma composição de espaço e a uma seriação de informações. Ainda que o ambiente imediato seja diverso, o conteúdo não ganha nem perde importância ética por causa disso.
A importância dos temas que me queiram pôr, não deve por isso ficar refém da ideia de que na Internet as coisas são diferentes. Apesar de reconhecer que o modo como a informação se organiza e o momento em que é transmitida são próprios deste suporte, a verdade ou a conveniência dos factos não sofrem por esta razão qualquer disrrupção.
É bem verdade que meia Europa política espera pelos resultados da discussão em curso em Bruxelas sobre o Direito de resposta na Internet. Faço parte dos que acreditam, e defendem, que são menores as adaptações necessárias à prática e às regras correntes para os jornais.
É bem verdade que os blogues confundem por vezes os que pretendem fazer da net um vasto espaço de democracia, mais directa e próxima que alguma vez conhecemos na Idade Moderna e Contemporânea, julgando-os pela mesma bitola da informação social.
A verdade é que jornais on-line não são blogues, ou se quisermos, como no século XIX se dizia, não são edições de autor. Têm um contrato social com os leitores em tudo semelhante ao dos jornais de papel.
Espero, caros leitores, as vossas questões que procurarei abordar pelo “lado bom das coisas“ que, para o Provedor do Leitor do “Setúbal na Rede”, é a oportunidade de esclarecer de lançar pistas de construir alargadas bases de entendimento e de compreensão da informação noticiosa e de facilitação da informação opinativa.
Para a semana cá estarei.
Regulamento do Provedor do Leitor do “Setúbal na Rede”