[ Setúbal na Rede] – Provedor do Leitor

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PROVEDOR DO LEITOR

DO “SETÚBAL NA REDE”

Actual Provedor do Leitor: João Palmeiro
Contacto: [email protected]

Diferença entre blogues
e publicações on-line

Caros leitores do “Setúbal na Rede”,

As minhas reflexões desta semana vão necessariamente ter continuação na próxima, porque dois dos temas que vou abordar precisam de mais informação, que só obterei durante a semana.

Quero em primeiro lugar saudar a leitora Ana Silva Mendes, jornalista que me escreveu de Coimbra. O que a leitora se interroga e pede que o provedor considere traduz-se na pergunta “terá o jornalista o direito de, numa crónica devidamente assinada, emitir a sua opinião sem respeitar os princípios deontológicos da profissão?”.

Este é um dos mais antigos temas de debate no jornalismo, e para ter a certeza do que estamos a falar, porque as crónicas do referido jornalista terão sido publicadas antes da minha chegada ao “Setubal na Rede”, pedi à direcção do jornal que mas compilasse e enviasse para que na próxima crónica possamos falar concretamente.

Cara Ana Mendes, gostaria de lhe adiantar que durante anos debati este tema com um dos mais interessados e preocupados jornalistas portugueses sobre questões deontológicas e formação profissional, Manuel Maria da Silva Costa, infelizmente já desaparecido. Chegámos sempre à mesma conclusão que os limites da intervenção pessoal dos jornalistas são uma questão cultural. As diferenças entre EUA, Reino Unido, França, Alemanha e os países do sul da Europa são marcantes. Mas mesmo nos países do sul o caso português é diferente.

A questão é que nos EUA o jornalista que exprime a sua posição pessoal está a fazê-lo como direito de esclarecer os leitores sobre o que pensa, para que quando escreve textos noticiosos estes possam padronizar os seus escritos, ao mesmo tempo que exerce os seus direitos de política e cidadania; em França, por exemplo, tal possibilidade é sinal de senioridade e em Inglaterra é frequente que o jornalista escreva crónicas de opinião em terceiras publicações.

Como os leitores compreenderão o tema é tão vasto e aliciante como importante; por isso voltaremos sobre o caso concreto.

A segunda reflexão vai para a relação entre blogues e jornais on-line, sobretudo quando estes animam fóruns. A questão foi-me suscitada pela leitora Luisa Freire, a propósito dos limites dos fóruns e em comparação com os blogues 

Este tema é talvez um dos mais inovadores no jornalismo, como consequência dos sistema comunicacional e informativo que a Internet oferece e, por isso, sinto-me quase tentado a inclui-lo sempre nestas reflexões porque me parece mais fácil ir construindo uma visão da questão do que produzir um denso e inevitavelmente longo texto.

Sempre direi que entendo que a Direcção do “Setubal na Rede” está a cumprir e preservar o seu estatuto editorial quando impõe diferenciação de regras nos fóruns em relação aos blogues. É que um fórum é uma espécie de suplemento do jornal em que, sendo as contribuições da autoria de leitores, a sua edição não fica no entanto separada do próprio jornal devendo cumprir todas as regras de identificabilidade, responsabilidade e hierarquia que caracterizam o que hoje já se começa a designar como a Responsabilidade Social das Empresas de Comunicação Social.

Para entrar no detalhe da situação que me foi descrita convirá analisar um pouco mais a diferença entre blogues e publicações on-line. Voltaremos ao tema para a semana.

Queria finalmente partilhar com os leitores o meu trabalho da semana que hoje se inicia. Estou em Genebra, numa reunião da Organização Internacional do Trabalho sobre as profissões jornalísticas e as redacções multimédia ou em ambiente da sociedade da Informação.

Levo comigo um trabalho do meu amigo Carlos Correia, director do CITI (Centro de Investigação das Tecnologias da Informação da Universidade Nova de Lisboa), apresentado recentemente no II Dia Nacional da Imprensa – o “Setubal na Rede” também lá esteve (Estoril, 24 e 25 de Setembro 2004). Tenho pois algumas ideias para debater sobre ciberjornalistas e outras ciber profissões na redacção; mas também levo comigo o pensamento da Associação Portuguesa de Rádios sobre a profissão de radialista, ainda não reconhecida nem aceite oficialmente em Portugal.

Estou seguro que, como diria Almada Negreiros, quando regressar terei muito que contar. Para a semana cá estarei e se o menu pode prometer, a prioridade será sempre dada às perguntas e reflexões dos leitores do “Setubal na Rede”.

Boa semana de trabalho e de vida.

Regulamento do Provedor do Leitor do “Setúbal na Rede”