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Recebemos uma carta curiosa do leitor Mário Velho, de Fátima, que põe a seguinte questão:
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É uma questão pertinente. Para responder recorremos ao nosso colaborador permanente, Dr. Olharapo Busca, que gentilmente nos cedeu excertos da sua tese de doutoramento sobre o tema
“O que é a mulher ?”
……
DESIGNAÇÃO
“A fêmea do homem chama-se mulher, embora esta designação possa variar muito com a região de origem. Destaco, por serem designações que pouca gente conhecerá, que em França chamam-lhe “femme”, em Inglaterra “woman” (curiosamente tal como nos EUA), e em Espanha “mujer”; há outras regiões que ainda não investiguei por não me parecerem muito importantes para este Tratado, como é o caso da Indonésia ou do Burundi. A título de nota sei que, p.ex, no Japão “otoko no ito” é a designação de homem e, portanto, mulher deve ser diferente.
A sabedoria popular, que nem sempre o é (sabedoria, claro), atribui-lhe também, incorrectamente, designações como “gaja” (que na verdade não se trata de uma mulher mas de um espécime parecido, do ramo dos primatas superiores), “tipa” (adulteração do termo “pita” que designa a fêmea mas do galo), e também nomes de outros animais, p.ex, “borracho”, “leoa”, “mula”, “vaca”, “gata”, “cabra”, “cadela”, “baleia”, “enguia”, “cobra” e muitos mais.
Muito se tem investigado sobre estes epítetos. Se alguns fazem claramente alusão a certas características e traços de personalidade outros há que parecem perfeitamente gratuitos. É o caso do “borracho” que designa uma mulher bonita. Ora, como se sabe, um borracho, a cria do pombo, é uma ave particularmente feia.
FORMA
A mulher não tem apresentado sempre a mesma morfologia ao longo dos tempos. No Paleolítico superior quase não se distinguia do homem, o que gerava situações embaraçosas quando o instinto da conservação da espécie assolava os membros machos da tribo. Essas situações de movimentações agitadas e confusas foram, como vim a descobrir, a origem do actual jogo de râgbi, das provas de Atletismo, do vira do Minho e da Bolsa de Nova Yorque, que não são mais do que variantes dessa actividade inicial.
Só no tempo dos Gregos a mulher atingiu a sua actual forma física. Baseio esta afirmação no facto de as gravuras e esculturas anteriores aos gregos, que descobri em cavernas e em livros sobre a matéria, mostrarem sempre a mulher com formas muito diferentes das actuais. Pesava entre 200 a 300 Kg, a avaliar pelas barrigas, ancas e seios enorme que essas representações mostram; eram desprovidas dos órgãos dos sentidos (olhos, ouvidos, nariz e boca) à excepção do tacto, pois tinham mãos. A mulher tinha, portanto, uma compleição próxima da alforreca, imagem que ainda hoje subsiste, em muitas sociedades e grupos culturais, apesar da evolução espectacular da mulher daí até aos nossos dias.
PAPEL DA MULHER
A mulher foi em tempos longínquos a principal figura da tribo. Ainda não descobri qual foi essa tribo mas penso que deve ter durado muito pouco tempo pois não tenho memória de nada disso e, ao contrário, desde que me lembro que a mulher era figura subalterna (antes dela vinham, na hierarquia, os filhos, a amante, o automóvel, o clube de futebol e os amigos dos copos).
Felizmente esta situação tem vindo a alterar-se desde o casamento de D. Duarte Nuno e este domínio pontual que a mulher deteve nos primórdios da história do Homem está de novo a surgir de modo generalizado por todo o planeta, excluindo a África, Ásia, América Central e América do Sul, países Mediterrânicos, Islâmicos, Cristãos e Hindus em geral. Em todo o restante Planeta, ou seja, numa parte da Europa Central e do Norte, a mulher tem vindo de novo a assumir uma posição de relevo.
De relevo mas ainda não dominante como no tempo dos mamutes.
De facto não são ainda vulgares as mulheres Chefes de Estado, Primeiros ou outros Ministros, Presidentes de Organismos, Presidentes de Clubes de Homens, Papas e outras autoridades eclesiásticas, bem como profissões anteriormente reservadas aos homens, sejam maquinistas de comboios, capitães de transatlânticos e de marinha mercante, comandantes de aviação civil, generais das Forças Armadas, trolhas de construção civil, estivadores ou forcados amadores.
Há no entanto uma tendência para a igualdade de oportunidades com o que o macho só tem a ganhar, uma vez que fica com mais tempo livre para lazer e para se dedicar aos verdadeiros prazeres da vida, como cozinhar, arear panelas, aspirar, lavar casas de banho, lavar e estender roupa, fazer compras no hiper, mudar as fraldas às crianças e, não menos importante, tricotar.
Resumindo: com a viragem do milénio, mais precisamente cerca das 14 h de 2o/Junho de 2003 entraremos na Era da Mulher e acabará a Era da minha mulher, da minha Maria, da minha patroa, com todas as vantagens que aqui ficaram explicadas.
RELAÇÃO MULHER-HOMEM
Mas se a mulher ainda não detém um lugar e um papel absolutamente igual ao do homem é também porque a própria mulher sabiamente ainda não o deseja. Porquê? Porque a partir dessa fase histórica ficará também com as tarefas da mudança do pneu furado na estrada ou o empurrar do carro que não pega. Há, portanto, um gerir inteligente do processo de ascensão. O que é que isto tem a ver com a relação homem-mulher? Aparentemente nada! Mas, na verdade…. não tem nada a ver, só que vem a talho de foice para eu falar da característica fundamental da relação mulher-homem: a sedução.
Para a mulher, a ajuda espontânea do homem na mudança do pneu ou na desempanagem do carro, passaram a ser os 2 únicos e últimos sinais de solidariedade e simpatia masculina de que é alvo nesta sociedade de competição entre sexos, e, simultaneamente, dois dos rituais de sedução mais significativos. É que, devido a vários factores que eu até tenho vergonha de aqui explicitar, as tradicionais práticas conducentes à sedução – bailes, boites, discotecas, dancings, danceterias, transportes públicos cheios, soirées de cinema, reuniões de trabalho e viagens de negócios, – hoje limitam-se a ser isso mesmo: bailes, boites, discotecas, dancings, danceterias, transportes públicos cheios, soirées de cinema, reuniões de trabalho e viagens de negócios, tendo diminuído drasticamente as oportunidades de a mulher ver satisfeitas as suas necessidades intrínsecas de ser apreciada sem ser sob o efeito do álcool ou por engano devido à pouca luz.
Assim, a necessidade ancestral, visceral e orgânica de ser seduzida leva a mulher a adiar o seu inevitável domínio sobre todas as criaturas do planeta, constituindo o seu calcanhar de Aquiles.
O homem, sedutor incorrigível, vai assim beneficiando dos últimos momentos de poder que lhe restam, dono de uma técnica de sedução refinada ao longo de séculos, assentando sobretudo na oferta de anéis, dependência económica (já rara hoje em dia), maus tratos físicos ( mais ao gosto das gerações anteriores), berros arrepiastes (uma das mais institucionalizadas), enclausuramento da mulher em casa (só quando os outros esquemas de sedução não funcionam), e ameaça de lhe chamar em público uma palavra que eu não disse lá atrás (muito frequente e a mais instintiva).
CONCLUSÃO
Podemos dizer que todas as respostas a qualquer questão sobre a mulher, todo o conhecimento sobre a mulher, assenta em 2 pequenas máximas:
1º – eu gosto muito
2º – todos nós somos, de facto, machistas, excepto EU, os que o não são e algumas mulheres
3º – isto é como tudo…
4º- não sei que mais lhe diga