EH! PÁ!! ALTO LÁ! VAMOS LÁ A PARAR!
PROPOMOS FAZER ALGO DIFERENTE:
VAMOS PENSAAAAAAAAAAAAAAR!
PENSAR PELA NOSSA CABEÇA!
VAMOS QUESTIONAR IDEIAS-FEITAS!
VAMOS DEIXAR DE CONCORDAR POR DESINTERESSE E DE CRITICAR POR PREGUIÇA DE AVALIAR!
VAMOS REFLECTIR!
VAMOS PROCURAR!
VAMOS… TIRAR O FREIO DOS DENTES
Se nos está a ler é porque tem acesso à Internet, uma rede mundial de livre circulação de informação. Deve, portanto, estar sensibilizado para esta “maravilha” dos nossos tempos que é a mundialização da economia, das finanças, da informação, do poder, do saber, do lazer, da amizade… e até do amor.
Se é um entusiasta das novas tecnologias e da mundialização, concerteza acha fascinante a ideia de acesso instantâneo ao saber, de derrube real das fronteiras e do espaço entre povos, de fusão internacional, inter-racial, inter-cultural, do enriquecimento do património humano que advém dessa partilha mundial.
Esta nossa sociedade parece ser o início da realização dos ideais de igualdade, liberdade, abundância!
MAS ATENÇÃO: NÃO CONFUNDAMOS O NOSSO BAIRRO COM O PAÍS.
Não se esqueça que todas essas supostas maravilhas ( que até elas são questináveis ) nem sequer são um dos lados da moeda mas sim apenas uma das peças do puzle!
Esse mundo fantástico que o leitor vê simbolizado na Internet, é apenas uma pequena parte do Planeta. Por exemplo, quantos mails já recebeu originários do Gabão, do Togo, da Bolívia, do Yemen, do Paquistão, da Etiópia? Quantos sites viu do Burundi, do Nepal, do Peru? A maior parte dos países, incluindo quase toda a África, ainda está afastada da Internet ou faz dela um uso limitado.
É preciso não confundir a Europa, a América e o Japão com o Mundo!
Ao contrário da imagem que se vai impondo como se fosse óbvia, este ainda não é o Paraíso! Pelo contrário: é cada vez maior a diferença entre países pobres e ricos, entre a Tríade e os Outros. Nos Outros há cada vez mais fome e problemas sociais, económicos e políticos decorrentes da sua crónica dependência financeira do mundo desenvolvido, que retira vantagens dessa situação. Ainda há muita gente na Terra sem electricidade, sem água canalizada, sem escola, sem cuidados médicos básicos.
Neste Paraíso que é o mundo da Internet, dos telemóveis, da clonagem, do consumismo, alastra a corrupção, a pedofilia, o tráfico de crianças para adopção, o tráfico de órgãos, a lavagem de dinheiro, o tráfico de mão d’obra ilegal, o tráfico de droga, a marginalidade e a marginalização.
Mas o problema não são as tecnologias nem sequer a Globalização, como dirão os velhos do Restelo. Invenção e mudança sempre fizeram parte da história da humanidade.
A questão é o modelo em vigor. Um modelo que é dirigido por uma guerra entre empresas antropófagas, governos tecnocratas meros instrumentos dessas empresas, o factor social encarado como mero problema secundário, um modelo que depende da constante invenção de necessidades, que substituem o sentimento de continuidade e planeamento, a todos os níveis, pelo de incerteza e antecipação (esta, em contínuo, gera a coexistência dos mais diversos e complexos desajustamentos conjunturais), culto da produtividade como motor da economia e das pessoas excluídas como consequência “natural” desse sistema, imposição das ideologias de cima para baixo, a qualquer preço, em nome da competitividade mundial, justificando em nome do bem comum todas as situações de fracasso e exclusão… do cidadão comum.
É, em resumo, um modelo que erege o Jogo da Competição como o Modelo Natural de organização da Sociedade, sem qualquer papel especial atribuído ao homem e à moral.
Não será isto A LEI DA SELVA? Não será isto pior que O REGRESSO À IDADE MÉDIA DOS Senhores FEUDAIS? Não será isto um DEITAR FOR A O QUE JÁ SE CONQUISTARA COMO PROGRESSO SOCIAL?
Pelo caminho que as coisas levam, se nada de novo acontecer, não se estará a construir um Paraíso para alguns e um Inferno para os Outros em que, se calhar, estamos incluídos você e eu ou os nossos filhos?
Ah, mas que pessimista! Que patético! – pensa o leitor enquanto mais uma carrinha cheia de ucranianos mortos é encontrada algures, enquanto nos bastidores se compram e vendem bancos, seguradoras, jornais, cadeias de TV, portais da Net, operadores de telecomunicações, enquanto alguém lança o boato da doença dos frangos carecas e estala mais uma guerra de interesses empresariais-alimentares com os respectivos governos a defenderem as suas damas no ringue de box das Comissões europeias.
Está-se a construir um gheto de super-poderosos ricos, protegido por altas muralhas electrificadas, à volta do qual um segundo e vasto gheto de classe média se encosta, prestando vassalagem e recebendo pequenas migalhas como recompensa e para além do qual só existirá uma imensa terra-de-ninguém em que a Barbárie poderá de novo imperarar, em nome da elementar sobrevivência.
Bill Gates tem dinheiro suficiente para comprar Portugal, comprando-lhe a dívida externa, por exemplo. E Bill Gates é um homem, mas não apenas. É O homem que representa a Economia dominante, o modelo de funcionamento do mundo desenvolvido.
Por isso podemos dizer que são os Bill Gates que estão a comprar o mundo, a moldar o mundo, a decidir e a moldar os nossos destinos e não, como antes, os políticos representando partidos que tinham ideologias que representavam pessoas que elegiam Governos.
Os Bill Gates não são eleitos por ninguém. Surgem do nada e, a dada altura, com o dinheiro nas mãos, decidem futuros individuais e colectivos.
Ou não é nada disto? Ou espera aí que eu já venho? Estou certo ou estou errado? Ou nem nim nem são? Ou o futuro a Deus compete? Ou o destino marca a hora? Ou a justiça tarda mas sempre esquece? Ou com papas e bolos se enganam os tolos? Ou vou mas é ver os Aparvalhados?