Televisão em Portugal
RTP, SIC, TV2 e TVI são os canais nacionais de que dispomos. Falar
de televisão em Portugal não é, de todo, apenas referir as telenovelas brasileiras e/ ou mexicanas, documentários acerca de pedofilia, ilhas de nudismo, maus tratos infantis e não só, gigolos que são “verdadeiros símbolos sexuais”, telejornais que apenas seleccionam notícias que parecem fazer crer que diariamente morre metade da população mundial (infelizmente são mesmo notícias, mas… afinal o mundo vai assim tão mal?), programas de encontros e desencontros que, afinal, são autênticas telenovelas reais que quase se conjugam com programas americanos como as “Imagens Reais”, para além dos constantes concursos que só revelam o quanto o dinheiro é apelativo em termos de vontade e de querer. E deixemos de lado os programas infantis…
Cada canal tem as suas qualidades e estas são traduzidas em audiências.
Este comentário não é sobre o que de mau se faz em Portugal, mas sim sobre o que de melhor há.
Queremos destacar quatro programas, um de cada canal.
Começando pela RTP queremos destacar “Quem quer ser milionário”, pela sua índole de cultura geral ou seja, implica estudar-se para se chegar ao conhecimento (e esse nunca ocupou espaço). Claro que a recompensa era uma quantia choruda, o que neste caso específico até é uma vantagem. Durante trinta minutos, por este país for a, famílias inteiras ficavam pregadas ao televisor e, em paralelo, uniam-se na discussão da resposta certa. O apresentador de serviço era um excelente comunicador, o sr. Carlos Cruz; esperamos que a srª Maria Elisa se consiga sair tão bem ou ainda melhor.
O “Médico de Família”, na SIC, era uma série que foi transmitida continuamente até à semana passada. Independentemente da sua qualidade como história – vida de um médico que tinha a seu encargo uma família composta sobretudo por crianças e adolescentes – referimo-la por ser uma série (quase) genuinamente portuguesa e que nos dava uma imagem de um Portugal limpo e saudável. Por ser feita em Portugal e com actores portugueses (estes também têm que sobreviver) acabava por ser uma alternativa, mesmo que não fosse a melhor e mesmo que não tivesse tido a mesma projecção até ao fim (por pouco não se chegava ao casamento dos “pequenos”). Foi um bom começo e, sobretudo, um “pontapé de saída” para séries no género.
Da TVI queremos destacar o “Batatoon” porque põe a criançada toda a mexer. “Comando na mão e carrega no botão” é um slogan para qualquer criança, tal como a frase mais ouvida é “Oh! Batatinha dá-me uma batata” – e lá vai o Batatinha atirar a batata… É um bom exercício de imaginação, mesmo que incompreendido por qualquer adulto. Mas isso também não importa… Depois há a banda sonora ( o Cd deve estar no top de qualquer puto que se preze) e os desenhos animados que se nem todos são dobrados, a maior parte é, para além de serem o “Tom Sawyer” e a “Abelha Maia” da nova geração.
Escrever acerca da TV2 é uma questão muito complexa quando se pensa em destacar um bom programa cultural. Optámos pelo “Acontece” da autoria e apresentação de Carlos Pinto Coelho porque, de certa forma, sintetiza o que se apresenta neste canal. É um programa dirigido a quem se interessa por cultura (que somos nós todos, afinal), apresentando conteúdos do que se vai fazendo em Portugal (sobretudo, mas não só) em várias áreas como a pintura e escultura, teatro e cinema, literatura, exposições, etc. etc. Tem tido uma evolução bastante digna, em termos estéticos e de conteúdos e esperamos que, se terminar, só seja substituído por um outro programa semelhante ou, se possível, ainda melhor.
“E… assim acontece!”