|
![]() |
Quer sugerir-nos um nome para divulgar? Utilize o formulário na secção “Concursos” para o fazer e enviar material ilustrativo. |
Iniciamos um novo espaço de divulgação
Ideias de Arte – I
Apresentação
Nesta nova sub-rubrica passaremos a reflectir sobre as artes, sobre A Arte. Não queremos perder tempo com dezenas de definições. Não queremos construir um curso. Queremos reflectir, divulgar reflexões de outros, ilustrar, falar de movimentos artísticos, de obras e também olharmos o fio da história.
Aos que têm aversão a este tipo de abordagens mais ou menos conceptuais por quase sempre parecerem de pouca ou nenhuma utilidade dizemos que até o mais terra-a-terra dos indivíduos já terá perguntado um dia, perante uma obra moderna:
– “Mas isto é que é arte?”
A arte e os eventos culturais rodeiam-nos e cada vez mais. Eles vêm ganhando uma importância inegável e muito se fala da Cultura como uma das grandes actividades do futuro. A arte está também nos mais pequenos pormenores do nosso dia-a-dia, confundindo-se com a decoração, com o design, com a estética, com a moda…
Qual a fronteira entre estas diversas actividades? Mais uma vez, o que é a Arte?
Não se exige que toda a gente saiba formular uma filosofia da arte mas também já não se poderá, com honestidade, negar o interesse da questão.
Existe a arte e existem as teorias de arte. Na verdade não precisamos das teorias para amar a arte, do mesmo modo que não precisamos saber definir o amor para podermos amar. Nenhuma teoria pode aprovar o que se deve gostar porque o sentir e o saber pertencem a categorias distintas.
No entanto sempre houve uma ligação entre Arte e teoria.
Aqui daremos conta de ambas as perspectivas – teórica e artística.
O Objecto de Arte
É ideia assente, actualmente, que não há objectos de arte em si mesmos, ou seja, não há nenhuma qualidade objectiva que um objecto possua que nos faça dizer: “Isto é uma obra de arte” Para o dizer, para além da intenção do próprio autor, temos que nos socorrer do raciocínio, da análise, da interpretação que se faz sobre a obra. A um nível sistematizado esta interpretação pode advir da crítica, da filosofia ou da história da arte – campos que formam a Teoria da Arte. Mas atenção: não se trata de saber o que é bom e o que é mau, do que se deve gostar ou não mas sim de saber o que é arte e o que não é, como compreender a sua evolução e a sua relação com o Homem. O grande momento de viragem histórica ou pelo menos o mais radical quanto à atitude perante um objecto – saber se é artístico ou não – terá sido o da exposição da célebre “Fonte” de Duchamp em 1917.
Este artista limitou-se a pegar num urinol industrial, tal como era, e a assiná-lo. Claro que aqui se tratou mais de uma atitude do que pretender ter criado uma obra. O que Duchamp fez, com este gesto, foi o mesmo que escrever um livro sobre Arte e dizer que a questão está na nossa intenção, atitude-sentimento e interpretação.
Isto remete um pouco para aquele velho lugar-comum quando alguém olha para uma obra moderna e comenta:
– “Bah! Isto também eu fazia”
O que de imediato se pode responder a esse comentário é:
a) Também fazia mas não fez
b) Se o fizesse saberia explicar porquê?
c) De qualquer modo já não é isso o que está em causa. A arte já não é, em definitivo, uma competição entre virtuosos nem entre mais bonito e mais feio. A história legitimou estes objectos chamados “ready made”, objectos que o artista pega tal como foram criados por outrem, por uma industria inclusive. De acordo com Thierry de Duve, é certo que nem tudo é arte mas tudo é susceptível de vir a sê-lo – e esta é a grande mensagem de Duchamp e o seu urinol.
A grande dificuldade deste estado de coisas é que é necessário julgar a obra de acordo com as circunstâncias, sem nenhum critério.
Quer sugerir-nos um nome para divulgar? Utilize o formulário na secção “Concursos” para o fazer e enviar material ilustrativo. |