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Resolvendo os grandes eNigmAs da PiNTura (2)
Entrevista concedida gentilmente pelo prof. Isotopo Grauss, da Univ. de Bohemia, aquando da sua estadia numa grande cervejaria de Lisboa, onde ganhou o concurso de bebedor do ano.
O professor é um investigador de enigmas ligados a quadros famosos e, por isso, o procurámos por entre as mesas da lotada cervejaria para nos falar, entre duas dúzias de canecas e uma nova rodada de uma dúzia, de um quadro de Gaugin.
Conectarte – Prof, estamos perante a obra “Areanea” de Paul Gaugin (dissemos, abrindo o livro na página com a reprodução da mesma). Que se lhe oferece dizer?
Prof. – Deixe ver. Isto é… ah! sim. Já me lembro. É de facto um dos enigmas da pintura europeia. Trata-se de uma das muitas telas do pintor durante o seu exílio voluntário no Taiti. É um trabalho de 1892 e o seu titulo significa “Jogos”.
Con. – Mas de que jogos se trata?
Prof. – Ora aí é que está a questão. Na verdade o que me intrigou e me fez investigar a história deste quadro foi o facto de nada nesta imagem sugerir jogos. Em fundo divisamos umas figuras que mal se percebe o que fazem mas que tudo indica estarem a afastar-se do local, sendo que uma delas está de joelhos a orar.
Temos duas personagens em primeiro plano mas estão sentadas e ainda por cima uma atrás da outra. Que se pode jogar desta forma? Que eu saiba.. nada.
Con. – Mas não poderiam tratar-se de jogos muito próprios daquela cultura?
Prof. – Repare: Gaugin vivia na aldeia maori de Mataiea, com a nativa Téhoura. Aquilo era um paraíso, uma paz de alma. (pausa prolongada)
Con. – Sim? E…?…
Prof. – Bom, toda a gente sabe que o desporto é uma forma de queimar calorias, libertar energias e o animal que há em nós. Num paraíso só pode haver desporto bastante mexido, agitado, agressivo. Para estarem sentados já bastava o dia-a-dia.
Con. – Mas, se me permite a observação, Jogos não é bem o mesmo que Desporto e sempre existiram jogos sentados. É o caso do xadrez, das damas, das Cartas e, em geral, todos os jogos de salão…
Prof. – Bem, esse é um dado novo para mim. Não tenho informação sobre esses jogos que afirma existirem pelo que não me posso pronunciar.
Con. – De qualquer modo qual é então a sua explicação para o quadro?
Prof. – Eu desloquei-me à aldeia, falei com os naturais, consultei as bibliotecas locais e cheguei a uma conclusão: o quadro retrata uma época dramática em que a ilha foi assaltada por uma praga de piolhos. Não sendo um ácaro autóctone eu deduzo que os mesmos foram levados para lá pelo próprio pintor, involuntariamente, claro. Como sabe, naquela época a higiene não era um “must”.
Con.- Quer dizer que a mulher nas costas da outra está a catar-lhe os piolhos?
Prof. – Exactamente!
Con. – E as pessoas lá ao fundo?
Prof. – Obviamente afastam-se do local para não serem contaminadas e aquela figura ajoelhada de mãos elevadas está a rezar pedindo que não tenha já apanhado algum desses bichinhos tão aborrecidos.
Con. – Não há dúvida que faz sentido. Só não entendo porque então o autor lhe chamou “Jogos”?
Prof. – É muito simples. Gaugin encontrou naquele povo e naquelas ilhas o paraíso perdido. Pintando e escrevendo intensamente ele não tinha mais assunto que tratar senão aquele mundo, o qual era limitado, onde nada acontecia. Pintou aquela cena como mais um dos muitos retratos que executou mas não teve coragem para lhe chamar “Os piolhos”. Seria um desmoronar do seu mundo. Tratou-se portanto, de um título meramente artificial. Foi “Jogos” como poderia ter sido “Sentadas” ou “Coça-me aí atrás, sff”.
Con. – Obrigado pela sua interessante visão.
Prof.- De nada. Já agora, ao sair, peça mais umas canecas e uns tremoços aqui para a mesa.
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