Onofre Manáta
Sobre a sua pintura 
A pintura de Onofre Manáta insere-se numa dessas linhagens da pintura contemporânea que não pretende referir-se a qualquer cidade ou trecho urbano mas usar as imagens da omni-envolvente e da omni-formante cidade como matéria visual predominante para o seu trabalho de produção de novos significados. Esse património de imagens e referências herdou-o, através de subtis mediações, de uma das mais sugestivas tradições pictóricas da modernidade. Mas não se ficou Onofre Manáta por uma mera citação desses espaços inventados de cidades reais transfiguradas pela imaginação. Pelo contrário, as suas amplas perspectivas espaciais, feitas de complexos cruzamentos não só de linearidades mas também de delicados cromatismos, sugerem-nos não propriamente o espaço urbano mas as próprias teias do imaginário pictural que ele engendrou, a ponto de quase se transformar em impiedosa trama, rede que enleia os sentidos, por vezes mesmo uma janela-grade de uma prisão visual que se oferece aos nossos olhos para nos despertar desse sono da imaginação que o conforto urbano instaurou…”
Fernando António Baptista Pereira, Fevereiro 1994
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