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Sou muito compreensivo, uma excelente pessoa e tenho a certeza que se no final
da vida as pessoas recebessem um prémio pelas boas acções, estaria em
primeiro lugar, à frente da Madre Teresa, dos carros da Roda dos Milhões e da
Princesa Diana. Ajudo velhinhas a atravessarem a rua, não mando os cães atrás
das testemunhas de Jeová quando batem à porta de minha casa e dou sempre
cem escudos aos arrumadores de carros. Mas a paciência tem limites. Preciso de
compartilhar convosco as frases, os tiques e os hábitos que diariamente me
rodeiam. Sinto que se não disser publicamente que não gosto que um taxista me
chame por “Ó chefe”, as pessoas digam “telelé” em vez de telemóvel e que
acabem uma frase com prontos!, corro sérios riscos de pegar numa serra eléctrica
e zás… zás… zás a todas as pessoas que me apareçam à frente.
Texto de Francisco Salgueiro
Porque é que alguém chama telélé ao telemóvel? Não compreendo! Telelé faz lembrar uma coisa boa, fofinha, uma mistura de bebé com telemóvel. Um bebé em forma de telemóvel. Que dá vontade de fazer festinhas, dar um beijinho de boas-noites, apertar as bochechinhas, dizer-lhe gugu, gágá e mostrar a todos os nossos amigos.
Mas o telemóvel é o objecto mais chato e incomodativo fabricado na História da humanidade: a) Os telemóveis tocam altíssimo (as pessoas adoram partilhar connosco o seu toque. Com as músicas que actualmente se downloadam na net para telemóveis todos querem mostrar que o seu telefone já apita com Britney Spears, Ricky Martin ou Cristina Aguilera); b) as pessoas não o desligam quando vão ao cinema, a um enterro, a um casamento; c) num avião só o desligam porque sabem que se não o fizerem o avião pode pufffff! Estejam com atenção às caras das pessoas nos aviões quando está quase a partir e têm de desligá-lo. Adiam este acto até ao último nano segundo, nunca se sabe quem poderá querer contactá-los e depois ficam com a cara “sinto-me nu e agora?”.
Como se isto já não fosse o suficiente para o telemóvel se poder chamar telechato, ou tele-senão-desligasisso-parto-te-a-cara, ainda por cima estamos sempre contactáveis. E a primeira pergunta que nos fazem é “onde estás?”. Sempre que alguém me telefona e faz esta pergunta sinto-me o Tom Cruise a ser perseguido por paparazzi. Onde é que estou?!? Onde é que estou?!? Mas o que é que tem a ver com isso?!? Sempre que nos ligam podem apanhar-nos na casa-de-banho a ler confortavelmente a última edição da Playboy, a começar um escaldante e luxuriante acto de amor com a nossa mulher/namorada ou estar num bar de striptease. E é muito difícil conseguirmos arranjar uma boa desculpa sobre o que estamos a fazer, quando nos perguntam “Onde estás?”. Na igreja? A trabalhar? Numa repartição de finanças? E se não me apetece falar com uma pessoa que me liga para o telemóvel, não posso dizer “estou de cama, doente, depois falamos”, se ao fundo se ouve o barulho do mar. Telélé?!? Proponho uma moção para decapitar todos os telemóveis existentes.
Já foram convidados pelo menos uma vez em toda a vossa vida para uma festa de aniversário num restaurante, certo? Uma festa de aniversário, que alguém organizou num restaurante, que está cheio de pessoas, onde o barulho faz com que uma convenção de pregoeiras pareça uma procissão de mudos, e que se espera que no final paguemos a nossa parte! Estão a acompanhar-me? Então continuemos. A pessoa faz anos, convida-nos para jantar, mas temos de pagar o pão e a manteiga que ingerimos, o Bacalhau à Gomes de Sá que comemos, o gelado de limão da sobremesa e o café no final.
Mas é ela que faz anos e nós temos de pagar! Já repararam que: a) se não temos dinheiro para irmos jantar, se é um restaurante que simplesmente odiamos, ou se somos vegetarianos e lá só há carne, nunca podemos dizer que não vamos. Se dissermos isso, os aniversariantes pensam sempre que estamos a fazer uma desfeita. Que somos mal educados, que não somos verdadeiramente amigos deles; b) Os aniversariantes nunca estão à espera que lhes levemos um presente, afinal temos de pagar o nosso jantar. Mas há sempre alguém que leva um cartão a dizer “No teu aniversário estou falido, mas quis que soubesses que me lembrei de ti. Por isso, dou-te esta pequena lembrança”, ou então dá uma mísera rosa. Estes seres, que mereciam uma lobotomia, fazem com que os outros, aqueles que não levam nada, nem sequer um brinde do bolo-rei, se sintam como um escaravelho no segundo antes de ser esborrachado por um pé.
Por causa deles, e que normalmente são sempre os primeiros a aparecerem nas festas, os aniversariantes não estão à espera que as outras pessoas nada lhes tragam, mas assim que chegamos desviam automaticamente os olhos para as nossas mãos. Para verem se lhes trouxemos alguma coisa. Reparem bem na próxima festa onde forem. Quando o aniversariante mandar com esse olhar para as vossas mãos, já sabem, “houve alguém que trouxe uma lembrança”. Apesar de agradecerem por termos ido ao jantar deles, pago por nós, no fundo, bem lá atrás do sorriso, estão a pensar: “Forreta”.
Estas palavras matam-me
E já agora: porque é que alguém no seu perfeito juízo, alguém que não teve de suportar uma tortura (ex: ser obrigado a ouvir de seguida todos os discursos do Marques Mendes dos últimos seis anos), alguém que é mentalmente são, diz palavras como famelga e q.b.?
Estou a ficar muito irritado só de pensar que até à minha morte ainda irei ouvir estas duas palavras alguns milhares de vezes e juro que as teclas do computador acabaram de gemer de dor e pediram para escrever com menos força. Mas é inevitável. Estas duas palavras conseguem irritar-me ainda mais que ficar parado numa fila de trânsito com 49 quilómetros: Famelga!?! Famiia+Melga? Sempre que alguém diz famelga sinto que o diz com um certo ar de orgulho, como se me tentasse enviar telepaticamente, a seguinte mensagem: “quero que todas as pessoas percebam que fica bem dizer que a minha família é chata. Fica bem, porquê, sei lá, mas que fica, fica! Dá-me um ar adulto”. Se as vossas famílias são melgas, não vão aos jantares de Natal, não vão aos baptizados dos sobrinhos. Digam que não. Revoltem-se. Famelga?!?
Q.B. Para quem não sabe o quer dizer: Quanto Baste. É provavelmente a sigla que mais odeio. Normalmente, as pessoas juntam sempre esta sigla a frases do estilo “Ontem à noite bebi q.b.”, “Eu sou maluco q.b.”, “Eu conduzo depressa q.b.”. Quando alguém a profere é como se quisesse dizer que gosta de fazer maluquices brandas, que é um esgrouviado controlado, um bêbedo abstémio.
Entre aspas
Já repararam que há pessoas que maltratam a frase entre aspas? Que a usam sem pedir permissão? Que a prevaricam sem um pedido de desculpa? Que a chicoteiam sem porem de seguida mercúriocromo? A seguir a olá e a adeus, entre aspas devem ser as duas palavras mais utilizadas na língua portuguesa.
Sempre que oiço alguém dizer: “Explodi de emoção, entre aspas, claro”, começo a ficar com espasmos nos ouvidos. Se no espaço de 20 minutos oiço “O sol estava tão quente que até queimava, entre aspas”, aí sinto que o meu coração começa a bater mais depressa e envia-me sinais de querer sair de dentro do meu corpo para saltar para cima da cara da pessoa que o disse e asfixiá-la.
Entre aspas?!? Por que raio é que dizem entre aspas sempre que utilizam uma imagem ou uma figura de estilo? As aspas só servem para citar algo e em linguagem escrita. Senhoras e senhores que dizem entre aspas: acham mesmo que nós que vos estamos a ouvir achamos que explodiram de emoção? Se assim tivesse acontecido, não estavam a falar connosco. Nesta altura, ainda os bombeiros estavam a apanhar pedaços dos intestinos que tinham ido parar acima das árvores, partes da espinal medula que estavam na boca de um gato e fragmentos da pele que tinham sido levados por passarinhos, como alimento para as suas crias.
Mas conseguem bater todos os recordes do meu irritantómetro quando não só dizem “Estou louco de amor, entre aspas” e ao mesmo tempo que o estão a dizer levantam os dois braços em estéreo e fazem o sinal das aspas. Arrrggghhh.
Ó chefe!
Vocês, mulheres, são umas sortudas: I) Não pagam para entrarem em discotecas; b) Quando andam de carro ninguém vos trata por chefe ou amigo. Ninguém se atreve.
Porque é que um sempre que entro numa bomba de gasolina, o senhor me pergunta: “Boa noite, chefe, quanto é?”. Porque é que quando estou com o carro parado num sinal de trânsito outro vizinho automobilístico me pergunta «Ó amigo, tem horas?”. Como é que eu, subitamente e sempre que ando de carro, sou sempre chefe de alguém e ganho amigos que nunca vi em toda a minha vida? Há uma espécie de laço secreto e invisível entre os homens que andam de carro. Deve ter a ver com os motores, com os pistons e com o fumo que sai dos escapes. Deve haver algo que faz os outros homens virarem-se para nós a dizerem “amigo” ou “chefe».
Nunca na minha vida cheguei a um restaurante e o empregado perguntou “Quantos são, chefe?”. Nunca estive numa discoteca com alguém a indagar-me: “Tem horas amigo?”. Isto deve ser algo relacionado com a virilidade automobilística. Algo que une os homens. É como se fosse uma Maçonaria onde só os elementos do sexo masculino pudessem participar. Mas só aqueles que têm carro. Quem anda a pé não é um digno representante da espécie; quem anda de moto ainda está na segunda divisão B. Se entrarem dentro de um táxi e disserem “Que chatice, acabei de pôr o carro na oficina”, são automaticamente promovidos a “chefe” ou “amigo”.
Quem é que disse que eu quero novos amigos ou ser chefe de alguém? Alguém me perguntou? Deixem-me escolher os meus amigos, deixem-me ser chefe quando tiver uma empresa. Agradecido.
Malcriado! Buuu!
De certeza que já entraram numa loja, compraram um jornal, um vestido,
um preservativo, entregaram o dinheiro, disseram obrigado… e do outro lado, shhhh. Nem uma palavra. Olhamos para os lábios do vendedor, pode ser que os nossos ouvidos estejam recheados de cera e talvez tenhamos deixado de ouvir, mas nada. Será que a outra pessoa tem uma paralisia labial? Será que ainda nos vai agradecer com sinais de fumo, código Morse ou sinais ou linguagem gestual? Nope. Simplesmente recolheu o dinheiro, o dinheiro que nos custou a ganhar, o dinheiro que trocámos por um produto que tinha na sua loja, por dinheiro que vai fazer com que seja pago o seu ordenado no final do mês, e nem sequer um obrigado!!! Eles é que ficam com o nosso dinheiro e nós é que ainda temos de agradecer por ter ficado com a carteira mais vazia!!!
Nunca vos aconteceu irem às finanças comprar um impresso para preencher o IRS e “Onde está o obrigado?: pagamos o impresso para darmos dinheiro e não nos agradecem!… O senhor ou a senhora deviam olhar para nós e ainda pedir desculpa por estarem a vender um papel demoníaco, mas não, nós agradecemos e nada. Nós agradecemos por pagar um papel que vai obrigar-nos a pagar ainda mais. Mas porque é que as pessoas não agradecem de volta?: a) Acham que somos uns depravados por comprarmos uma caixa de preservativos e se abrirem a boca podemos achar que é uma deixa para fazermos um convite?; b) Se estamos a comprar um papel do IRS é porque provavelmente temos muito dinheiro e é bem feita pagarmos ao Estado, porque eles são uns pobres funcionários públicos?; c) Acham que se comprarmos uma revista que não seja a Maria estamos a armarmo-nos em intelectuais? O que é que se passa? Costuma muito dizer O-B-R-I-G-A-D-O?
Pssst.. ó tu…
Tenho quase 30 anos. Estou muito próximo. Quando tinha nove, achava que aos 23 estaria casado, que aos 25 teria cinco filhos (e provavelmente estaria com a minha mulher no Guiness na área aberrações da Natureza… cinco filhos em dois anos) e que aos 30 anos já precisaria de uma bengala para conseguir andar, teria um cabelo branco para cada dois castanhos, rugas mais profundas do que o Grand Canyon e que às vezes julgaria que me chamava Fernando. Mas não.
Estou solteiro e faço parte daquelas pessoas que parecem ter menos cinco, dez anos do que realmente têm. O entre cinco, dez, depende do número dias em que a barba não foi cortada, andar de gravata ou não, e de usar ou não óculos para ler. Mas mesmo com um fato, a falar sobre toda a obra Schubert, e a dizer de cor o nome todos os descobridores portugueses, pareço não ter mais de 23 anos. Pareço que ainda estou na Faculdade e que as maiores preocupações da minha vida são: a) Que género de cábula vou utilizar no próximo exame?; b) Qual a rapariga que vou engatar hoje à noite?; c) Que marca de imperial vou pedir daqui a três minutos?
Esta pequena descrição sobre mim tem o seguinte objectivo: Quando entro em lojas, 55 por cento das vezes tratam-me por tu. Quando me vêm entregar uma pizza a casa, 65 por cento das vezes tratam-me por tu. 95 por cento dos arrumadores, quando me vêem a sair do carro, dizem: “Tens uma moedinha?”.
Não me conhecem de lado nenhum! Nunca fomos formalmente apresentados, mas por acharem que estou muito próximo da idades deles, podem tratar-me por tu. É como se as pessoas quisessem ser minhas amigalhaças, quisessem mostrar que estão à vontade comigo, quisessem dizer “Se me convidares para uma bejeca, estou nessa, ‘bora aí?”. Não quero que me tratem por tu. Em Português, o você é utilizado para tratar: a) pessoas que não conhecemos; b) tias/tios/sobrinhos armados em “mete nojo”; c) pessoas hierárquica ou cronologicamente muito acima de nós. Por isso, quando alguém entrar na loja onde trabalham, quando forem entregar uma pizza na zona da Praça de Londres e virem alguém com ar de 23 anos, não o tratem por tu, porque posso ser eu.
Eu sou macho latino
Há homens que são muito machos. Há homens com um H do tamanho da Torre Vasco da Gama, perdão, da Torre Eiffel, perdão, do Empire State Building. Há homens que só falam de futebol, tremoços, imperiais e mulheres. São os verdadeiros latinos.
Já repararam que há homens que quando lhes pedem para dizer se acham outro homem giro ou feio dizem logo… antes de dizerem, enfiam com o peito para a frente, enrijecem a voz, projectam-na como se tivessem um megafone, cerrando os maxilares e dizem “Eu não aprecio homens!!!!!!!!!!!!”. Ahahah! Eu não aprecio homens! Logo de seguida olham para quem lhes fez a pergunta com o braço pronto para dar um murro, um acoite, ou pontapé, ou puxar as orelhas com um alicate.
Mas têm medo de quê?; a) Que ao dizerem que um homem é giro sintam uma certa parte do seu corpo movimentar-se?; b) Acharem que os outros vão achar que são gays?; c) Acharem que isso pode ser o início da conversão?
Eu não aprecio homens!?!?!?!? Ahahah!!! Ë uma das frases mais geniais inventada na História dos Machos, só mesmo ao nível de “Uma mulher deve ficar em casa a fazer a comida e tratar dos filhos”, “O homem é o chefe do agregado familiar” e “Numa festa, os homens e as mulheres devem ficar em grupos separados. Eles a falar de futebol e elas de roupas”.
Prontos
O que é isso das pessoas acabarem as frases por Pronto? Será que para elas o pronto é igual a “acabei a frase, agora é a tua vez de falares”?
O pronto é uma palavra versão canivete suíço. Serve para todas as ocasiões. Para além de terminar frases, é usada em:
a) Quando uma pessoa acabou uma frase, não fez bem a pontuação oral, e as pessoas ficam confusas se a história acabou mesmo ou se ainda vai continuar. Se não há o uso do pronto fica tudo um bocado à rasca sem saber se devem rir, dizer “que horror”, «a sério?”. Ex;”… depois chegámos da festa e fomos para casa… e pronto fomos para casa… pronto foi assim que acabou a noite.. errr… pronto”;
b) Quando vão a meio de um raciocínio complexo e subitamente pufff esquecem-se do que iam a dizer e lá vem o pronto em versão 112. Ex: “Estava a ler o último livro do Gabriel Garcia Marquez e adorei aquela parte em que ela, a personagem principal, ela, pronto essa… ela, pronto…”;
c) Quando se está completamente à rasca. Vão contar algo a alguém e não sabem como vai ser a reacção dela. O pronto vai sendo usado ao longo da frase como pedido de permissão: “Posso continuar ou vais ter um enfarte?”. Ex: “Cheguei a tua casa e ouvi uns gemidos… e pronto… reparei que vinham do teu quarto e entrei… pronto… era a tua mulher com o padeiro”.
Também há quem comece uma frase por pronto: é o equivalente ao Era uma vez. ”Pronto… João e a Maria eram bons meninos…”.
O pronto tem uma variante que está em rápida expansão. Um versão do vírus I Love you em versão palavra. O Prontos (lê-se prontoxe, alongando durante um segundo e meio as últimas três letras. O som final terá de suar tipo assobio). Ainda não consegui perceber muito bem porque é que existe, para que serve, ou se é de mais fácil utilização que o Pronto. Mas que existe, existe! E é muito suburbano! Muito cintura industrial!
Sexo ou dormir?
Ir para a cama é bom. Ir para a cama acompanhado ainda melhor. Ir para a cama acompanhado e sentir a pele da outra pessoa melhor ainda. Ir para a cama… ok, vocês estão a perceber. Sexo é bom! Mas estranhamente há pessoas que não conseguem dizer isso. Então arranjam maneiras simpáticas, politicamente correctas de descreverem quando estão na cama com a mulher/ marido. Já repararam que a maior parte das pessoas costuma dizer “queres dormir comigo?”, “ontem à noite estive a dormir com a minha mulher”, “ontem à noite eu e o meu marido estivemos a dormir juntos”. É óbvio que sim. É normal que o façam. O que não é nada normal é que em vez de dizerem “estivemos a fazer sexo”, digam “estivemos a dormir”. Já li muitos livros, revistas e páginas da internet sobre sexo, nas nunca vi nenhum relato de pessoas que conseguissem fazê-lo durante o sono. Durante o sono dorme-se. Durante o sexo há actividade. A não ser que eu é que esteja enganado e quando dizem isso vão mesmo dormir e não fazem sexo… se assim é… peço desculpa… oopppss!
Pichadores
E vou terminar com os pichadores. Os seres que andam com uma lata de tinta a sprayarem as paredes dos prédios, das casas, dos caixotes do lixo e até de alguns carros. Ó senhores pichadores! Não me importava nada que pintassem a parede de minha casa com um graffiti com a vocalista dos Corrs em fato-de-banho versão extra small. Até vos agradecia e daria uma pequena remuneração — não poderia ser muito alta por causa das taxas de juro estarem tão elevadas. Mas uns 500 paus por tomarem a minha visão mais agradável sempre que saísse e entrasse em casa.
Mas os pichadores portugueses são uns nabos, têm uma brutal falta de jeito e como não sabem pintar, fazem assinaturas.., perdão, tags, como gostam de dizer. Escrevem assinaturas com os seus nicknames: Dreadyboy 33 ou Diabla 13. Mas que falta de imaginação! Que chatice. Acham mesmo que os donos da casa vão olhar para o tag que fizeram e dirão: “Eh pá, que obra de arte que o Boque 66 fez. Vou já leiloar isto na net”. Façam pinturas bonitas: Pamelas Andersons, corações a dizerem “Amor de Mãe”, Bambis, a águia do Benfica, a Pocahontas, o Rei Leão, ou qualquer um dos 150 Pokémons.
Imitadores
Não resisto, estava a esquecer-me dos imitadores. Daquelas pessoas cuja imaginação é igual a uma folha em branco e estão sempre a imitar. Já não aguento ouvir dizerem “não havia nexexidade”. Calai-vos. Inventem anedotas vossas, façam chalaças, vejam o Seinfeld, os Monty Python, os Simpsons e aprendam. Não imitem! Estão mesmo convencidos que alguém vai dizer “Eh pá, este tipo tem mesmo graça, a imitar o Herman José”?
E já está. Libertei a minha raiva. Obrigado por terem sido tão pacientes. Sinto que durante os próximos cinco dias vou resistir a “prontos” , “não aprecio homens” e a pichadores.
in Notícias Magazine nº 432, de 3 de Setembro de 2000