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D. Sancho I, “O Povoador”
Foi rei da Primeira Dinastia e o 2º Rei de Portugal. Filho de Afonso Henriques, rei de Portugal e de Mafalda de Saboia, rainha de Portugal. Nasceu em Coimbra a 11-11-1154 e morreu em Coimbra a 26-03-1211. Está sepultado em Coimbra, Mosteiro de Santa Cruz. Casou com D. Dulce de Aragão. Descendentes legítimos: Teresa, Sancho, Afonso, Pedro, Fernando, Henrique, Raimundo, Mafalda, Branca, Berengária.
Descendentes ilegítimos: Martim , Urraca , Rodrigo, Gil, Nuno, Maior, Constança e Teresa.
Em 1166 (com apenas 12 anos) chefiou a expedição militar feita a Ciudad Rodrigo, tendo quatro anos mais tarde começado a colaborar activamente no exercício do poder político e na gestão do reino. Começou a governar em 1185 e terminou em 1211. D. Sancho herdou as qualidades guerreiras do pai. Depois do desastre que seu pai sofreu em Badajoz, tendo apenas 15 anos, assumiu o comando das operações militares e sempre deu boas provas no campo de batalha. A pouco e pouco foi também colaborando no governo do reino. D. Afonso Henriques fixara residência em Coimbra e continuava a ocupar-se da administração, mas o ferimento na perna impedia-o de se movimentar. D. Sancho ajudava-o em tudo. Deste modo adquiriu experiência sob a orientação paterna. Quando mais tarde subiu ao trono estava invulgarmente bem preparado para governar. D. Sancho casou com 20 anos. Era ainda príncipe. A noiva escolhida foi D. Dulce, filha do rei de Aragão. No Sul da Península Ibérica os mouros almóadas estavam cada vez mais fortes. Tinham conseguido recuperar várias cidades e castelos anteriormente conquistados por D. Afonso Henriques e Giraldo, o Sem Pavor, como por exemplo Beja. Em 1178 D. Sancho decidiu mostrar ao inimigo que o facto de Afonso Henriques estar incapacitado para a guerra não retirava aos portugueses a sua força militar. À frente de um grande exército cavalgou por terras de mouros, só parando às portas de Sevilha! Regressou coberto de glória, o que deu ânimo aos portugueses e encheu de orgulho o coração do velho pai. A ousadia de D. Sancho irritou profundamente os mouros. Sevilha tornara-se a cidade muçulmana mais rica e importante da Península Ibérica. Ali residiam vários auxiliares do próprio sultão de Marrocos. O príncipe português atrevera-se a atacar a cidade? Pois a vingança seria terrível. E foi. Durante vários anos sucederam-se investidas sangrentas. Em 1184 o sultão de Marrocos fez uma investida contra Santarém. Este encontro deu origem a vários textos escritos por mouros e cristãos. Naturalmente os heróis variam conforme o autor. Receando novos ataques, D. Sancho procurou o auxílio das ordens religiosas militares, conforme o pai tinha feito no seu tempo. Para este efeito introduziu a política dos forais (reorganização administrativa local do reino – formação de concelhos) e conseguiu fixar no Ribatejo estrangeiros entretanto chegados. Esta situação advém do facto de que os territórios não povoados eram fáceis de conquistar pelos Mouros, já que não havia neles qualquer tipo de resistência. Sendo os freires verdadeiros profissionais de guerra, ninguém melhor para fazer frente ao inimigo. Decidiu pois entregar grandes propriedades no Alentejo aos freires de Évora e à Ordem de Santiago, para que as defendessem. Mas isso não bastava. Como as zonas de fronteira tinham pouca gente e portanto estavam à mercê de possíveis invasores, D. Sancho I procurou atrair famílias para lá. Com essa intenção concedeu regalias a quem aí se quisesse instalar. As regalias de um lugar podiam ser, por exemplo, terras para cultivo, pastagens, dispensa de pagamento de alguns impostos, perdão de crimes, etc. Tudo isto era escrito numa Carta de Foral, que também incluía os deveres da população para com o rei. Ao todo D. Sancho I assinou 58 cartas de foral, o que é um número recorde. Essa medida valeu-lhe o cognome de “O Povoador”.
Em consequência da sua habilidade política (em contraste com os desaires militares) D Sancho I restaurou as finanças da coroa e promoveu a cultura, tanto em Portugal como no estrangeiro. Foi no seu reinado que se assistiu ao surgimento de um diferendo com a Santa Sé e com o Bispo de Coimbra. É atribuída, hoje em dia, a D. Sancho I a autoria da mais antiga cantiga de amigo dos Cancioneiros. D. Sancho I morreu no dia 26 de Março de 1211 em Coimbra, deixando como herdeiro do trono seu filho D. Afonso II.
Adaptado do site http://www.ribatejo.com/hp/personagens/personagens.html