CONECTARTE – FIGURAS

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Goyathlay (Geronimo)

(1829 – 1890)

“Eu fui aquecido pelo sol, embalado pelos ventos e resguardado pelas árvores, tal como outros bebés índios. Eu vivia pacificamente quando as pessoas começaram a falar mal de mim. Agora eu posso comer bem, dormir bem e sentir-me contente. Eu posso ir a qualquer lado com bons sentimentos.”

“Os soldados nunca explicavam ao governo quando um índio era enganado, mas relatavam as más acções dos índios. Nós fizéramos um juramento, para não mentirmos uns aos outros nem para conspirar uns contra os outros.”

“Eu não posso pensar que somos inúteis ou que Deus não nos tenha criado. Há um só Deus a olhar por todos nós. Nós somos todos filhos de um só Deus. O sol, a escuridão, os ventos estão todos a escutar o que temos para dizer.”

“Quando era criança, a minha mãe ensinou-me a ajoelhar e a rezar ao Usen pela força, saúde, sabedoria e protecção. Às vezes rezávamos em silêncio, às vezes cada um rezava em voz alta; às vezes uma pessoa mais velha rezava por todos nós… ao Usen.”

“Eu nasci na pradaria onde o vento desabrocha livremente e não há nada a interromper a luz do sol. Eu nasci onde não há muros.”

………………

Geronimo (Jur-ahn’-i-moh), ou Goyathlay (aquele que boceja), nasceu em 1829, onde é hoje o Novo México ocidental, mas na altura ainda era território mexicano. Ele foi Bendonkohe Apache (neto de Mahko) de nascença e um Net’na ao longo da sua juventude e no início da vida adulta. A sua mulher, Juh, o primo Ishton de Geronimo e Asa Daklugie eram membros do grupo Nednhi dos Chiricahua Apache.

Os Chiricahuas eram na maioria migrantes seguindo as estações, caçando e cultivando. Quando a comida escasseava, havia o costume de invadir as tribos vizinhas. Invadir e vingar era um acto honrado entre as tribos da região.

Por esta altura os colonos americanos começavam a chegar à região.

O nome Geronimo foi dado pelos soldados mexicanos, apesar de poucos entenderem o motivo. Como líder dos Apache de Arispe em Sonora, ele agia com tal audácia e proeza, que os mexicanos isolaram-no com a alcunha de Geronimo (Jerome em espanhol). Alguns atribuíam aos seus inúmeros sucessos poderes vindos de seres sobrenaturais, incluindo a reputação de invulnerável às balas.

O percurso guerreiro de Geronimo foi unido com o do seu cunhado, Juh, um chefe Chiricahua. Embora ele não fosse um líder hereditário, Geronimo aparecia como tal aos outros, porque muitas vezes actuava como porta-voz de Juh, que discursava atabalhoadamente.

Geronimo foi o líder da última força de luta dos índios americanos, formalmente contra os EUA. Devido à sua luta ímpar e longa resistência, ele tornou-se no mais famoso Apache.

Para os Apache, Geronimo encarnava a verdadeira essência dos valores dos Apache, sem agressividade e com coragem face às dificuldades.

Estas qualidades inspiravam medo nos colonos do Arizona e do Novo México. Para os pioneiros e colonos ele era um assassino sangrento, tendo esta imagem permanecido até à segunda metade do século.

 Um dos principais momentos da vida de Geronimo foi em 1858, quando regressava de uma viagem de negócios pelo México. Ele encontrou a sua mulher, a sua mãe e três dos seus filhos mais novos mortos, pelas tropas espanholas do México. Este acontecimento causou-lhe aversão aos brancos, levando-o a prometer matar tantos quanto pudesse. Desde esse dia, aproveitou todas as oportunidades de aterrorizar os colonos mexicanos e pouco depois deste incidente recebeu o seu poder, o qual lhe veio numa visão. Geronimo nunca foi um chefe, mas era médico, líder visionário, espiritual e intelectual, tanto dentro como fora das batalhas. O chefe Apache dependia da sua sabedoria.

Em 1875 todos os Apache ocidentais do Rio Grande foram enviados para a reserva de San Carlos, no Arizona ocidental. Geronimo fugiu com o seu grupo para o interior do México. Depressa foi preso e  trazido para a nova reserva. Para os outros ele e Juh comandavam uma vida calma na reserva, mas com o assassinato de um profeta Apache em 1881 voltaram à actividade a partir de um campo secreto nas montanhas de Sierra Madre.

Geronimo fugiu da reserva três vezes e embora se tenha rendido, sempre arranjava maneira de evitar a captura. Em 1876, o exército dos EUA tentou mudar os Chiricahuas para uma reserva, mas Geronimo fugiu para o México, iludindo as tropas durante uma década.

Jornalistas da imprensa sensacionalista exageravam nas actividades de Geronimo, fazendo dele o mais temeroso e infame Apache. Os últimos meses das suas operações exigiram cerca de 5000 soldados, um quarto de todo o exército,  500 patrulhas, e talvez mais de 3000 soldados mexicanos para procurar Geronimo e o seu grupo.

Em Maio de 1882, patrulhas Apache trabalhando para o exército americano, surpreenderam Geronimo no seu santuário na montanha,  e ele concordou voltar com os outros para a reserva. Depois de um ano a cultivar, a súbita detenção e aprisionamento do guerreiro Apache Ka-ya-tem-nae, junto com rumores de não haver julgamento e de ir para a forca, induziu Geronimo a fugir a 17 de Maio de 1885, com 35 guerreiros e 109 mulheres, crianças e jovens. Em janeiro de 1886, patrulhas Apache entraram no esconderijo aparente de Juh. Isto levou Geronimo a render-se (25 de Março de 1886) ao General George Cook. Geronimo voltou a fugir, mas entregou-se finalmente ao General Nelson Miles a 4 de Setembro de 1886. O governo quebrou o acordo e levou Geronimo com mais cerca de 450 homens, mulheres e crianças Apache para a Florida e encarcerou-os nos fortes de Marion e de Pickens. Em 1894 foram mudados para o forte Sill em Oklahoma. Geronimo tornou-se fazendeiro, aparecendo (1904) na Louisiana Purchase Exposition em St. Louis, vendendo lembranças e cavalgando no desfile inaugural de 1905 do presidente Theodore Roosevelt.

A última rendição de Geronimo em 1886, foi a última acção significativa do guerrilha índia nos EUA. No fim, o seu grupo era composto somente por 16 guerreiros, 12 mulheres e 6 crianças. Depois de se terem rendido, Geronimo e os mais de 300 companheiros Chricahuas foram levados para o forte Marion, na Florida. Um ano depois foram recolocados nos celeiros Mt. Vernon no Alabama, onde cerca de um quarto morreu de tuberculose e de outras doenças. Geronimo morreu a 17 de Fevereiro de 1909, como prisioneiro de guerra, impedido de voltar à sua terra natal. Foi enterrado no cemitério Apache em:

Fort Sill, Oklahoma

437 Quanah Road

Fort Sill, OK (73503 – 5000)

405 – 351 – 5123

 

“Os índios sabiam que ervas usar na medicina, como prepará-las, e como dá-las à medicina. Isto tinha-lhes sido ensinado no início pelo Usen e em cada geração sucessora houve homens que estavam habilitados na arte de curar.”

    Goyathlay