|
|
RASPUTIN
Poeta. Mago. Curandeiro. Profeta. Monge Sagrado
Rasputin é conhecido como o curandeiro místico siberiano, cuja vida tem sido recontada inúmeras vezes através da história. Um dos maiores problemas é o mistério e as discrepâncias associadas às representações da vida de Rasputin. Por ele ter vivido num mundo além do alcance da palavra escrita, pouco é conhecido sobre os primeiros quarenta anos da sua vida. O que se sabe tem sido recontado através das histórias de família e contos misteriosos sobre os seus poderes de cura e as suas visões. Isso significa que, dependendo de quem conta a história, Rasputin poderia ter sido um monge sagrado numa ocasião, e noutra um actor ou impostor sem nenhuma conexão com Deus. No entanto, alguns factos têm sido confirmados por historiadores. Há um consenso geral que Rasputin teria nascido entre 1864 e 1865. O seu local de nascimento e o seu lar ( quando não estava peregrinando) foi a aldeia de Pokrovskoe, hoje Tiumen´Oblast. Localizada na Sibéria, Pokrovskoe pode ser encontrada junto ao Rio Toura e não é distante das Montanhas Ural. Na direcção oposta, a oeste, uma descida de quase 1500 milhas separam as Montanhas Ural de S. Petesburgo. No final do século XIX, quando Rasputin vivia em Pokrovskoe, a aldeia tinha apenas poucas ruas, alinhadas com espaçosas casas de madeira. Dependendo da riqueza da família, as casas eram de um ou dois andares. Os lares não eram residências simples, mais propriamente as suas decorações incluíam adornos esculpidos, assim como vigas pintadas e janelas emolduradas. No centro da aldeia ficava uma grande igreja branca com uma redoma folhada a ouro, um símbolo da forte história religiosa da Rússia.
RASPUTIN A CAMINHO DO PODER E DA FAMA
A Encyclopedia Britannica informa que aos dezoito anos, Rasputin atravessou uma transição religiosa, eventualmente viajando para um mosteiro em Verkhoture. Lá, ele foi introduzido à seita Khlysty. Depois de viajar ao mosteiro e passar algum tempo lá, ele não se tornou monge. Mesmo que ele não tenha ficado no mosteiro para se tornar um monge, esta viagem já o tinha direccionado ao caminho do poder e da fama.
Aos dezanove anos Rasputin retornou à Pokrovskoe e casou com Praskovia Fyodorovna. Eles tiveram três filhos: Dimitri em 1897, Maria em 1898 e Varvara em 1900. Rasputin não assentou com o casamento, tendo continuado a peregrinar, viajando a lugares de expressão religiosa como o Monte Athos, na Grécia e em Jerusalém. Um homem sagrado autoproclamado, Rasputin tinha o poder de curar o doente e prever o futuro. Sua fama crescia e espalhava-se, e logo as pessoas viajavam longas distâncias à procura das suas ideias ( insights) e poderes de cura. Em troca dos seus serviços, traziam-lhe presentes alimentícios e dinheiro.
Ele não tinha um longo período de treinamento religioso ou espiritual e tinha apenas uma educação académica limitada ( não era letrado), por esta razão suas habilidades teatrais foram muito úteis. Enquanto explicava o seu treinamento, Alex de Jonge, o autor de The Life and Times of Grigorii Rasputin, diz “ místicos, homens sagrados, gurus, realmente certos tipos de artistas criativos, dedicavam anos ao desenvolvimento disciplinado dos seus dons; uma ideia de que o espiritual sozinho não é suficiente” (27). Um elemento dos talentos de Rasputin, que todos que procuravam seus poderes de cura faziam observar, era a sua grande habilidade de acalmar pessoas em aflição.
UMA REVELAÇÃO
A primeira acção de Rasputin quanto a S. Petesburgo foi em 1902, quando ele visitou a cidade de Kazan perto do rio Volga. Ele aprendeu a sua primeira lição sobre a cultura e a tradição europeia quando esteve pela primeira vez numa casa europeia. Uma vez que ele tinha feito esta viagem inicial, ele rapidamente começou a construir um grupo de discípulos e conhecidos que estava sempre por expandir-se entre as classes mais altas. Neste grupo, da “ sociedade educada” , ele foi visto “ como um homem de Deus e um religioso superior.” ( de Jonge, 58)
S. PETESBURGO
Rasputin chegou em S. Petesburgo numa hora muito propícia. Nessa altura, líderes da igreja estavam à procura de pessoas do tipo dele. Eles queriam pessoas com influências religiosas, que tinham poder sobre as pessoas. Rasputin era um plebeu comum – simples, vigoroso e directo – enquanto , ao mesmo tempo, mantinha o poder de cativar as pessoas com os seus poderes de cura e previsões do futuro. Há várias perspectivas diferentes do comportamento e das acções de Rasputin. Nem todas as pessoas tinham uma visão positiva sobre ele; os seus “ inimigos alegavam que ele era nada mais do que um cínico, e que ele usava a religião para mascarar a sua aspiração ao sexo, dinheiro e poder” ( de Jonge, 14).
OS ROMANOVS
Rasputin chegou em S. Petesburgo em 1905, e a Grande Enciclopédia Soviética relata que ele não foi convidado ao palácio do czar até 1907. Quando Rasputin finalmente conheceu o czar e a czarina, ele foi necessário como um curandeiro para o jovem Aleksei que passava por um episódio de sangramento. Nicholas e Alexandra eram muito reservados sobre a condição do seu filho por terem medo que, ao se tornar público, ele nunca se tornaria czar. Relutantes a convidarem Rasputin, eles finalmente perceberam a gravidade da situação do seu filho e a impotência dos seus médicos. A doença do “tsarevich”, hemofilia, era comum na realeza europeia e foi passado a ele por sua mãe. Logo a seguir a este episódio de sangramento, tendo curado Aleksei temporariamente, Rasputin avisou que o destino do “tsarevich” e da dinastia Romanov estavam irrevogavelmente ligados a si” ( Goestz, 948).
A vida de Rasputin em S. Petesburgo, ainda que baseada na necessidade do “Tsarevich”, não era totalmente centralizada em volta da família Romanov. Ele permaneceu como um monge sagrado e curandeiro acessível. Os seus dias consistiam de um pequeno almoço de lazer com a sua família e amigos próximos. Entre 10h e 13h , ele atendia com hora marcada qualquer cidadão de S. Petesburgo. Depois pela parte da tarde ele ia para o Palácio Alexandre em Tsarkoe Selo, a residência favorita da família, para as novidades da última. Ele apenas ia ao palácio quando era necessitado para curar ou para dar apoio espiritual. Enquanto em S. Petesburgo, Rasputin passou por estágios diferentes de aceitação com os Romanovs, outros oficiais de alto posto e membros da alta sociedade. Nicholas e Alexandra, preocupados com os rumores sobre as amantes de Rasputin e a sua vida na cidade, começaram uma pesquisa sobre o seu passado. Para obter mais informações sobre ele, eles perguntavam a amigos íntimos cujo julgamento eles respeitavam. Havia também um consenso geral entre os oficiais, que Rasputin estava influenciando Alexandra negativamente, e assim afectando o país inteiro.
Rasputin é tão famoso pela sua morte como pela sua vida. Uma tarde numa reunião de oficiais russos, foi decidido que Rasputin estava pondo a nação inteira em perigo . Três homens, o Príncipe Feliks Yusupov ( marido da sobrinha do czar), Vladimir Mitrofanovich Purishkevich ( um dos membros da “duma”) e o grão-duque Dimitri Pavlovich ( o primo do czar) tomaram controle da situação. Com um plano intricado, os três convidaram Rasputin ao Palácio Yusupov no dia 30 de dezembro de 1916 para conhecer a linda sobrinha do czar. Enquanto esperava que ela aparecesse, os homens deram a Rasputin vinho e bolos com veneno. Estes não o afectaram. Yusupov assombrou-se e atirou em Rasputin. Milagrosamente, Rasputin cambaleou para o pátio onde Purishkevich e Pavlovich se preparavam para deixar o palácio. Purishkevich atirou novamente em Rasputin que cambaleava, mas foi apenas quando amarraram o seu corpo e o atiraram ao rio Neva, que ele morreu.
Há muita controvérsia sobre a vida de Rasputin, desde suas amantes até aos seus poderes místicos de cura. Mas o que é de certeza é que ele teve um efeito irrefutável sobre a família Romanov e o Império Russo.