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A Revolta de Spartacus
A escravidão tinha-se tornado um factor importante na vida Romana. O número de escravos cresceu excessivamente enquanto os nobres ficaram preguiçosos após os saques das Guerras de Expansão terem enriquecido Roma. Os prisioneiros de guerra eram vistos como uma fonte de mão-de-obra gratuita. No final do séc. I a.C., a guerra e a pirataria mantinham um fluxo constante de escravos. A sociedade romana também se tinha degradado um pouco, como o resultado da popularidade de desportos sanguinários, especialmente lutas de gladiadores (munera).
Alguns escravos conseguiam ter o privilégio de serem “treinados” para serem gladiadores. Spartacus foi um desses escravos.
Quando jovem, em Trácia, Spartacus trabalhava no campo da sua terra natal. De alguma maneira, ele acabou servindo como auxiliar romano nas legiões. Desertou e quando capturado foi rebaixado para escravo. Durante a sua escravidão, foi enviado para Capua, onde foi submetido ao treino para gladiadores. Em 73ac, liderou um grupo de muitos outros gladiadores e fugiu do colégio gladiatorial, conquistando o Monte Vesúvio. Os escravos das regiões vizinhas foram de uma hora para a outra motivados a lutar pela sua liberdade, e prontamente uniram-se ao grupo de Spartacus.
Aumentando em número, a força de Spartacus invadiu a maior parte da Campania e da Lucania – derrotando a oposição mínima enviada por Roma. Apesar de possuir por volta de 70 000 seguidores, Spartacus sabia que as numerosas e bem equipadas legiões romanas reprimiriam facilmente o seu bando se os romanos decidissem fazer algum tipo de esforço.
Ele sugeriu o deslocamento para além das fronteiras da província da Itália, talvez para os Alpes, mas os gauleses e os godos vetaram a sua decisão preferindo aterrorizar as vilas italianas por dinheiro e mercadorias. Spartacus foi forçado a ficar em Itália e deslocou-se para o sul, a fim de evitar uma atenção indesejada por parte das legiões.
Levou cerca de um ano até que o senado romano decidisse que Spartacus era uma ameaça à segurança interna. Em 72ac, o senado ordenou aos cônsules que aniquilassem a revolta de escravos.
Surpreendentemente, os exércitos consulares foram derrotados três vezes – separados e unidos. Spartacus continuou a empurrar os seus homens para o norte, vencendo o procônsul da Gálea Cisalpina em Mutina. O seu plano de escapar na Gálea foi novamente frustrado pelos seus homens que não desejavam deixar a Itália. Com tropas tão teimosas, Spartacus provavelmente decidiu escapar da Sicília e retirou em direcção a sul.
O Senado romano estava repugnado com a incompetência de seus cônsules e procônsules, e colocou Crassus no comando de seis legiões. Apesar de não ter nenhuma magistratura ou posto, Crassus era o único ( ou provável) general competente na Itália naquela altura. Infelizmente, ele fracassou na sua primeira tentativa de conter os rebeldes, e o Concilium Plebis considerou convocar Pompéia que estava regressando de Espanha. No mais extremo sul de Itália, M. Lucullus fez com que os rebeldes recuassem depois de ter chegado a Brundisium de Trácia. Crassus então eliminou as forças rebeldes rapidamente, feliz porque não seria visto como inferior a Pompéia no que respeita à habilidade e sucesso.
Spartacus foi morto e 6000 seguidores foram crucificados ao longo da Via Appia ( estrada principal de Roma).
A vitória de Crassus foi ofuscada pelo retorno de Pompéia. Alguns dos rebeldes haviam fugido antes de serem capturados, mas foram interceptados pelas forças de Pompéia que voltavam ( provavelmente mais por sorte do que por um plano de Pompéia). Ele enviou uma mensagem ao Senado romano, afirmando que tinha acabado com a guerra contra os rebeldes.
A revolta de Spartacus traduziu-se numa mensagem clara ao povo romano. Havia inquietação e dissensão entre a população escrava em território romano. Sempre existiria uma ameaça à segurança interna romana com tal dissensão e, como consequência, o uso de escravos diminuiu pouco a pouco.
A postura social também mudou, com certos nobres opondo-se ao uso de escravos. Mas a escravidão continuou por um longo tempo após a queda de Spartacus. O episódio foi também um precursor para o aumento das tensões entre Pompéia e Crassus, que teriam consequências explosivas mais tarde.