CONECTARTE – FIGURAS

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TIRADENTES

Alferes Joaquim da Silva Xavier, cognominado Tiradentes é o maior Herói Nacional já consagrado pelo apoio popular e pela lei. Considerado o protomártir, o maior entre todos os mártires do processo da independência brasileira, nasceu em Fazenda de Pombal, situada na circunscrição territorial da Vila de São del Rei em 1746. O seu pai pertencia à elite branca civil e servira como Almotecê na Câmara da Vila de São José del Rei. Ficou órfão de pai e mãe aos onze anos de idade e por este motivo a família se dispersou e ele ficando aos cuidados do seu tio e padrinho Sebastião Ferreira Leitão, que era cirurgião-dentista. Aprendeu os conhecimentos básicos de odontologia e por isto conseguiu a profissão de dentista prático. Com o seu primo Frei José Mariano da Conceição Velloso, que estudou em Mariana desenvolveu uma extraordinária habilidade em botânica e como estava no convento do Rio de Janeiro a organizar a obra Flora Fluminense, nesta época Tiradentes manteve longo contacto com o frei e desses contactos recebeu um extraordinário conhecimento das plantas medicinais, curando várias pessoas e espalhando fama, neste sentido no Rio de Janeiro.

Dedicando-se por conta própria ao serviço de viajante comercial, fazendo frequentes viagens entre São João del Rei, Vila Rica, Rio de Janeiro e a Baía, travando um profundo conhecimento com a vastidão dos sertões e a magnífica potencialidade da terra brasileira e nesses trajecto intermináveis, desenvolveu a prática de cirurgião-dentista a que só podia dedicar-se sem se estabelecer, e por não ser licenciado levava a vida a cuidar de escravos e agregados humildes das grandes propriedades rurais.

    Tiradentes aos dezoito anos de idade optou pela carreira das armas, alistando-se a 1 de Dezembro de 1775 directamente no posto de Alferes no Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, sendo designado para a sexta companhia, aonde foi aceito pelo facto de pertencer à elite branca e de possuir uma utilíssima habilidade técnica, que era a de dentista. Durante o período de 1777 a 1779  morou no Rio de Janeiro em missão oficial. Servindo nas forças de defesa contra possíveis invasões espanholas e em 1780 estave na cidade de Sete Lagoas em Minas Gerais como Comandante do Destacamento local encarregado da guarda do registo da porta de entrada do Vale Médio do Rio São Francisco. Aí estabeleceu correspondência com o contratador João Rodrigues de Macedo sobre alguns problemas na administração dos seus contractos naquela região e em 9 de Abril de 1781 o Alferes foi nomeado para Comandante do Destacamento do Caminho Novo, com o objectivo de construir uma variante no caminho de Vila Rica para o Rio de Janeiro. Em 26 de Junho de 1781, Tiradentes iniciou as picadas com a pequena tropa e mais oito escravos pertencentes ao Tenente Coronel Manoel do Vale, devido à pouca mão-de-obra empregue os trabalhos tornaram-se lentos, porém num ritmo intenso. Com isto o Alferes conseguiu fazer chegar a picada até ao lugar em que foi instalado o Quartel de Porto de Meneses onde Tiradentes permaneceu destacado como comandante da tropa militar de guarda do novo caminho. Em 1784 por indicação do Governador, o alferes é designado pela portaria de 16 de Abril de 1784 para tomar providencias e guarnecer as fronteiras a leste da Capitania de Minas Gerais nos limites com o Rio de Janeiro, pelo facto de ser vedado a mineração e o cultivo na área por razões de segurança tributárias. A partir de 1786 e até 1789 o Alferes iniciou uma série de viagens ao Rio de Janeiro, numa época decisivamente do período conspiratório, além de apresentar notáveis projectos de melhoramento urbano para o Rio de Janeiro, como o de abastecimento de água, pois as lagoas e os pântanos eram poluídos e insalubres, o que obrigavam que os habitantes a irem buscar água em lagoas distantes, através do trabalho escravo. Apesar do seu projecto de canalização e de construção de novos moinhos atiçarem a ira dos comerciantes, este foi apresentado ao Conselho Ultramarino em Lisboa, que despachou ao Vice-rei com a recomendação que a Câmara Municipal opinasse sobre o projecto de Tiradentes. A Câmara que era composta por elementos que tinham interesses contrários ao projecto, rejeitou o plano e considerou o mesmo como prejudicial e inconveniente, sem apresentar os motivos. Tiradentes, ainda tentou insistir junto do Vice-rei e nessa luta para conseguir ver aprovado o seu projecto, o Alferes procurou convencer as pessoas em todos os lugares e, desses contactos passou a expor o seu plano da revolução a diversas pessoas que teriam interesses em separar o Brasil do reino lusitano e especialmente com os comerciantes, cujos projectos liberais se chocavam com o sistema mercantilista fechado que obstava o comércio livre e generalizado com todas as nações. Tiradentes andava por todos os lados com livros sobre a Independência norte-americana e cada vez mais procurava ler tudo o que se relacionasse com o assunto, de modo aberto e sem preocupação, pois estava entusiasmado pelo assunto. Ele era loquaz e procurava convencer as pessoas das suas ideias, andava sempre apressado e agitado e devido a esse modo de ser e de agir, demonstrava o reflexo de uma personalidade exaltada e por esta razão recebeu as alcunhas, para além da própria palavra tira-dentes, a de corta-vento, Gramático, o Republica, o Liberdade. Se não serve para a história, serve para a cultura geral demonstrar a aparência pessoal de um personagem; em todos os países civilizados os vultos nacionais estão em telas espalhados pelos museus, escolas, instituições culturais, infelizmente no Estado do Brasil a arte pictórica não se desenvolveu acentuadamente no século XVIII, como a tendência verificada na Europa de se guardar as cenas familiares. Por este motivo os quadros referentes a Tiradentes são todos imaginários e feitos no final do Império ou no início da República, ou seja mais de um século depois de sua existência.

 E o único modo de se conseguir a descrição física de Tiradentes são as referências documentais encontradas no Arquivo Histórico Ultramarino em Lisboa. Em 1789 ele tinha quarenta e dois anos de idade, era branco, usava bigode e muito provavelmente não usava barba, andava com uma farda azul forrada de vermelho e adornada com fios prateados, e alguns historiadores afirmam que ele tinha uma cicatriz no rosto; morreu solteiro mais deixou descendência, uma de nome Joaquina da sua união com Antónia do Espirito Santo. Tiradentes teve um papel destacado na conspiração e a sua participação foi decisiva, entregou-se de corpo e alma ao movimento, literalmente; a Independência do Brasil, tornou-se o motivo de sua vida, pois radicalizou a sua posição ao ponto de não se importar com a entrega da própria vida naquela revolução, preparada silenciosamente por homens notáveis. O seu modo de agir contrastava com o dos outros conspiradores, pois falava abertamente sobre a necessidade da revolução e pregava-a em qualquer lugar, e sabia-a do desejo do povo mineiro, por este motivo não receava abrir-se com quem quer que fosse, nem escolhia o momento e o lugar. O Alferes Silva Xavier tinha uma carácter excepcionalmente elevado, pois suas respostas no primeiro depoimento em 22 de Maio de 1789 foram firmes, sem medo, não comprometeu ninguém nem deu nenhum detalhe, não confirmou nada a respeito sobre a sua participação na conjuração, negou tudo, e cinco dias depois foi interrogado novamente e continuou negando tudo, levando o depoimento para detalhes sem importância, resistindo tudo e a todos bravamente. No terceiro interrogatórios em 30 de Maio de 1789 continuou a negar firmemente, porém quando acareado com Joaquim Silverio dos Reis, sofre um forte abalo, pois até o presente momento, Tiradentes não sabia que Silverio dos Reis havia delato a conspiração e neste momento descobriu que a revolução e os revolucionários já eram do conhecimento dos devassantes e após mais de seis meses incomunicável, ele é novamente interrogado a 18 de Janeiro de 1790 e é quando resolve confessar a participação no movimento revolucionário, assumindo sozinho a culpa e isentando os demais participantes; diz que planejou a revolução por motivos pessoais, e com isto o radical revolucionário iluminista do século XVIII lavara a alma e entregara a sua vida. A estrutura moral de Tiradentes revelada pelos seus depoimentos é que lhe conferiu a grandeza de líder da fracassada revolução mineira de 1789, pois em todos os depoimentos que continuaram até ao seu enforcamento  despistava e negava a participação de outras pessoas e revelava apenas o que os ministros já sabiam. Tiradentes foi morto na manhã de um sábado dia 21 de Abril de 1792, numa forca armada no Largo da Lambadas defronte da Igreja da Lambadas no Rio de Janeiro.

 A Inconfidência Mineira ( mais sobre ): http://www.geocities.com/athens/marathon/9563/inconfidencia.htm

 …”O que é isso ? É a cabeça do nosso governador ?” Tiradentes responderia que sim e Francisco de Paula redarguiria “o que querem ?” a resposta seria “Liberdade” Far-se-iam então diversos “Viva à Liberdade”…