O modelo de negócio para a exploração ferroviária da terceira travessia sobre o Tejo, apresentado pela Fertagus ao Governo, contempla a existência de duas circulares distintas que visam fechar o anel das ligações ferroviárias entre Lisboa e a margem sul. De acordo com Cristina Dourado, administradora delegada da empresa responsável pelo comboio da ponte, a empresa “passará a ligar Setúbal a Lisboa, atravessando a terceira ponte sobre o Tejo, em pouco mais de 30 minutos”.
O novo percurso entre as cidades, que actualmente se faz numa hora pela ponte 25 de Abril, contempla ainda a passagem de comboios no Lavradio, na Moita e em Chelas, ligando, posteriormente, Roma Areeiro ao Pragal e a Corroios, passando pelos restantes apeadeiros na capital. “A linha de cintura em Lisboa está extremamente saturada, pelo que esta circular retiraria estacionamento de comboios em Roma Areeiro, fazendo-os apenas estar ali de passagem”, explica Cristina Dourado.
De acordo com a administradora delegada da Fertagus, a circulação de comboios entre Setúbal e Lisboa será feita de 40 em 40 minutos entre períodos de ponta e de 20 em 20 minutos em horas de ponta, “beneficiando os utentes, relativamente aos horários em vigor”. A outra circular, “cujo circuito deverá ser fechado e utilizará as duas pontes em questão”, vai ligar Corroios, Pragal e Lisboa ao Lavradio, Moita, Pinhal Novo e, finalmente, a Coina, sem efectuar o troço ferroviário que liga a Palmela e Setúbal. “As pessoas poderiam fazer ligações sem necessidade de transbordo, exceptuando no Pinhal Novo”, adianta Cristiana Dourado.
Para conseguir preencher as necessidades impostas por este novo modelo de distribuição dos utentes, a Fertagus “estima a compra de mais 12 comboios, o que perfaz um total de 30 comboios de dois andares”. Para a empresa, “não é importante monopolizar as ligações ferroviárias entre Lisboa e a margem sul”, mas deve haver, contudo, “um modelo de exploração coerente, de modo a maximizar a mobilidade dos clientes”, pelo que estas duas circulares “funcionam num sistema completamente coordenado do ponto de vista da mobilidade e dos tarifários”.
“A Fertagus é aquela que está em melhores condições para oferecer esse serviço”, salienta Cristina Dourado. Na opinião da administradora delegada da Fertagus, deveria ser dada prioridade, na nova ponte sobre o Tejo, à circulação ferroviária convencional e de alta velocidade, “visto que tem de ser dada primazia ao transporte público”. “Este modelo de oferta integrado é aquele que faz mais sentido”, conclui Cristina Dourado.