Há um tema sobre o qual me recuso sistematicamente a falar: é o da vida privada das pessoas. Pelo seu próprio nome e conceito é assunto que a todos deve merecer o maior sigilo e respeito.
Porém quando o cidadão se assume para o bem e para o mal como figura pública é mais que evidente que a sua vida privada é invadida, ficando restringida a algumas franjas inodoras, insípidas e incolores.
O preço da fama é por vezes demasiado alto, mas é evidente que, como em tudo na vida, quem se obriga a amar obriga-se a padecer.
E, penso que de nada vale a atitude hipócrita dos visados que quando apertados se refugiam em tábuas apelando à seriedade da maior parte dos seus concidadãos, para que os considerem desvinculados do seu estatuto de estrelas, quando o fulgor destas empalidece.
Assim parece normal o apetite canibalesco da comunicação social perante notícias que invadem o publicamente privado da vida de certos cidadãos.
Esta semana que passou fomos brindados por factos que, a serem verdade, dão como certo que o cidadão Jorge Nuno Pinto da Costa acompanhado de capangas agride fisicamente aquela que ainda é sua mulher.
Agredir alguém fisicamente dá sempre perda de razão a quem pratica essa agressão.
Ainda por cima agredir uma mulher é acto de uma cobardia indescritível.
Fazê-lo acompanhado de capangas é transformar este acto vil e sem qualificação, num acto digno de um crápula.
Por vezes as roupagens luxuosas e acetinadas apenas servem para esconder o sarro sujo, não direi de certas consciências, porque afinal os animais não possuem tal forma superior.
A ser verdade que J. N. P. C. tosou a mulher, os olhos de todos os que o têm endeusado devem estar turvos de lágrimas e os seus corações mirrados de vergonha.
Se for verdade que J. N. P. C. precisou de protecção para se aviltar descendo ao mais baixo da escada, imagino a decepção dos que o entronizavam como Rei do Norte.
Sim, porque se for verdade o que os jornais descrevem, só os igualmente ignóbeis não sentem vergonha de certos seres com aparência de humanos.
A ser verdade que J. N. P. C., e eu apesar de tudo quero crer que não, procedeu de modo inqualificável seria caso para dizer, não que o Rei do Norte vai nu, mas que as vestes da sua dignidade estão antes todas rotas.
E o Norte merece muito mais para seu símbolo do que um enfatuado Rei do Trapo.
Apesar de tudo, acredito que há um lastimável equívoco e que ele apenas a brindou com uma flor e lhe beijou a mão.