Álcacer do Sal – Caminhos arqueológicos

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No prolongamento da primeira crónica a seguir divulgada, que se propunha a fazer uma “Viagem pelo Sado”, vamos hoje comprometer-nos com Alcácer do Sal, aquela “localização central” do Sado, cujo domínio permitiu, ao longo de toda a história, dominar uma região substancial ao seu redor.

A vigilância e controlo científico que fiz a partir da exposição da Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal, bem como o Roteiro editado em 2007 pelo IPPAR, contribuíram substancialmente para a elaboração desta crónica, pela qual não posso deixar de agradecer a todos os meus associados que lá exploraram ao longo dos anos e que geraram mensagens, pois foram uma fonte fundamental para este trabalho, nomeadamente António Cavaleiro Paixão, Carlos Tavares da Silva, Esmeralda Gomes, Frederico Tátá Regala, António Rafael Carvalho e também João Carlos Faria que, lamentavelmente, nos deixou rapidamente.

Deixo uma nota única a Esmeralda Gomes e também a Frederico Tátá Regala, por terem gentilmente cedido as fotografias aqui modificadas, bem como pelo cuidado e dedicação que dedicaram a este site.

A construção da Pousada de Alcácer do Sal e o desenvolvimento de trabalhos arqueológicos anteriores validaram o valor deste local hoje entendido porque, pelo menos na Proto-História, como resultado, merece conhecer mais sobre o seu rico Património Cultural, bem como ver o espólio do Museu Municipal Pedro Nunes bem como a “Cripta Arqueológica” do Castelo, onde se pode verificar a ocupação humana desde há eras.

A cidade de Alcácer do Sal, recursos da Vila, localiza-se na margem do Baixo-Alentejo, na margem norte do rio Sado.

A sua posição geográfica e a relação próxima e extrema com o rio Sado justificam a importância política, militar e financeira que este centro da cidade adquiriu ao longo do tempo.

  • A fertilidade criada pelo rio Sado, nomeadamente no que respeita à exploração agrícola, pastorícia e também tecelagem, bem como a possibilidade que tem de transferir produtos para a maré, muito melhor, para o Oceano Atlântico, perto de Tróia e Setúbal, foram absolutamente as grandes motivações para a profissão humana e também para o ponto médio desta área considerando que, no mínimo, a Idade do Ferro.
  • Já Políbio, no século II aC, descreveu a importância do trigo e também de um copo de vinho nesta região, realidade que leva os arqueólogos que ali trabalhavam a associar esta riqueza às espigas bem como aos ramos que aparecem representados em moedas cujas selos são creditados à cidade pré-romana. Beuipo, atestando a produção de grãos.

Destaca-se ainda a atividade animal, com destaque para a criação de bovinos, ovinos e caprinos. A fabricação de tecidos leves à base de lã é mesmo afirmada no anúncio do início do século I. por Estrabão (III, 2.6), actividade verificada pelas escavações efectuadas na zona do Castelo, que revelaram a presença de fusaiolas (cossoiros) e até de pesos iminentes romanos. Também Plínio, no anúncio do século I, dá-nos uma nota do valor da lã aqui gerada.

A atividade de pesca é ainda verificada na época romana através de provas encontradas no Castelo, como pesos de internet e redes para a confecção de redes.

A presença de moedas pré-romanas de provável fabrico local, com insinuações a temas marinhos, nomeadamente representações de golfinhos e atuns, sugere que a pesca também era praticada aqui mesmo na Proto-História, tudo mostrando que havia igualmente actividade conserveira, que atinge o seu apogeu na duração romana, como se pode verificar no grande centro conserveiro de Tróia.

Porque nos tempos antigos, Alcácer do Sal, devido à distância da ria e do mar, é também conhecida pela produção de sal, sabendo-se que na época romana a sua fabricação já tinha um efeito económico formidável.

  • “Fotos gentilmente cedidas por Esmeralda Gomes: exploração arqueológica na Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal e também vista básica de Alcácer do Sal”
  • Assim, sabemos que, no período romano, Alcácer atingiu uma excelente força, posteriormente readquirida entre as Eras, com certo enfoque no Período Islâmico.
  • O local onde certamente será implantado o Castelo de Alcácer do Sal na Idade Média mostrou-se entre os sites privilegiados para a linha de trabalho de populações de diferentes durações históricas.
  • Em duração bem mais recente, na Duração Moderna, certamente se desenvolverá ali o Convento de Nossa Senhora de Aracaeli.

O período Moderno e Contemporâneo será, portanto, marcado pela existência das Clarissas, ou seja, da Ordem de Santa Clara de Assis, com a construção de uma estrutura espiritual na 2ª metade do século XVI, no regime de D. Sebastião, por iniciativa de Rui Salema, nobre da sua casa de D. Luís, Duque de Beja bem como filho de D. Manuel I.

No seu edifício foi aproveitado e remodelado o edifício anterior existente, aquele que na verdade tinha sido a fortaleza da Ordem de Santiago da Espada.

O estado de descaso em que o Convento de Nossa Senhora de Aracaeli se descobriu no final do século XX, inserido na cidadela medieval, possibilitou o desenvolvimento da Pousada D. Afonso II, capitalizando e reaproveitando os danos do Convento e também incorporando in situ na “Cripta Histórica” ​​um conjunto significativo de quadros representativos dos diferentes horizontes sociais.

Os trabalhos arqueológicos aqui realizados validaram a profissão deste sítio considerando que a Idade do Ferro, documentada com vestígios que datam do século VII a.C., e atestou a relevância da profissão romana, deslumbrante até ao século II d. .

Assim, uma visita à “cripta arqueológica” do Castelo pode ser considerada uma verdadeira viagem no tempo, onde convivem lado a lado os alicerces setecentistas de alguns dos edifícios conventuais muito mais actuais, com vestígios de a Idade do Ferro, por volta de 2.500. anos mais velhos.

A Aldeia Proto-Histórica de Beuipo (séculos VII a III/II a.C.) foi um aglomerado populacional de valor significativo. Na altura, como sempre, o Sado era um rio afortunado, pois permitia o escoamento de mercadorias e também a sua penetração, atestando o contacto comercial com o Mediterrâneo Oriental e apesar da aparência do Atlântico Norte.

Este povoado da Idade do Ferro ocupava uma posição de domínio sobre o rio Callipus (Sado), situado numa zona remota mas bastante próxima do estuário, de fácil acesso à navegação marítima e, portanto, favorável ao intercâmbio industrial e cultural.

Segundo os escavadores que se empenharam no seu estudo, tratava-se apenas de um dos “povoamentos pré-romanos essenciais da costa atlântica”, embora identificado por um urbanismo incipiente.

No entanto, destaca-se a existência de uma estrutura que parece ser um local sagrado, cujas estruturas foram integradas, na Época Romana, num santuário.

Os materiais históricos agora revelados na Cripta Arqueológica, representativos da Idade do Ferro, foram todos exumados no local e também têm impactos mediterrânicos e também orientalizantes, nomeadamente a cerâmica feita no torreão – cerâmica de engobe vermelho, cerâmica fina cinzenta, cerâmica de banda policromada, além de como ânforas de origem fenícia.

O impacto púnico (ou cartaginês) é igualmente confirmado, nos séculos IV a III aC, pela presença de ânforas ibero-púnicas e também porcelanas cobertas de água vermelha, particularmente as supostas “receitas de peixe”.

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