Setúbal e Almada com mais crimes
Os concelhos de Almada e de Setúbal são dos que, no distrito, mais casos de crimes registam. Um fenómeno que ocorre, quer pelo crescimento populacional quer pela escalada da droga e do sentimento de impunidade dos jovens delinquentes. Foi uma das conclusões tiradas no primeiro Café das 9 de 2001, uma iniciativa da Comissão Executiva do PEDEPES, Plano Estratégico de Desenvolvimento para a Península de Setúbal.
Francisco Ascensão Santos, comandante distrital da PSP, fez um diagnóstico da situação no distrito garantindo que “a crescente urbanização em ritmo acelerado e a multiculturalidadade étnica, apesar de ser uma riqueza, obriga as autoridades a estar mais atentas”. Caracterizando a região, defende que em Almada predomina o pequeno furto, roubo a pessoas e residências e roubo de viaturas, associado ao tráfico e consumo de droga. As zonas mais preocupantes são a Quinta do Rato, Laranjeiro, Almada Velha e o Bairro Cor-de-Rosa, conhecido por Picapau Amarelo.
Ainda naquele concelho, registam-se alguns crimes violentos na Costa da Caparica e na Cruz de Pau, sendo este o local onde se concentram os jovens assaltantes inimputáveis, nomeadamente na zona mais problemática: a Quinta da Princesa. Já no Seixal, registam-se crimes violentos com algumas zonas problemáticas, como é o caso da Quinta do Cabral e Seixal Velho.
Quanto ao Barreiro, os números indicam que aos fins-de-semana são registados problemas com grupos de jovens provenientes da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, distúrbios ocorridos devido ao excesso de consumo de álcool e estupefacientes. Em Setúbal são “os problemas associados à toxicodependência”, que originam pequenos roubos. Contudo, segundo refere, ultimamente assiste-se à flutuação dos deliquentes que vêm de outras áreas para Setúbal e que beneficiam das acessibilidades para se porem em fuga.
Mas a PSP diz ter vindo a fazer um esforço no sentido de acompanhar as necessidades da região, pelo que o programa Escola Segura “foi reforçado com mais 19 agentes e 10 véiculos”. Garantindo que a situação da criminalidade no distrito “não tem o carácter catastrófico veiculado pela comunicação social”, sempre vai admitindo que algumas das causas para a criminalidade juvenil são a desenraizamento social, a falência do modelo familiar, ausência de valores, sentimento de impunidade, exclusão social, droga, insucesso escolar e falta de actividades nos tempos livres.
De entre todos estes factores, o comandante destaca dois como principais responsáveis pela criminalidade e pelo o aumento da violência juvenil, a droga e o sentimento de impunidade.
Já o comandante Silvestre Fernandes, do destacamento territorial da GNR, destacou a importância do Programa Escola Segura na formação dos mais novos, pois “é uma aposta para cativar a confiança dos mais novos” uma vez que “só acompanhando-os no dia a dia, com presença visível, é possível aproximá-los da autoridade”.
O Café das 9, realizado pela Comissão Executiva do PEDEPES, e que pretende ser um espaço de reflexão sobre os problemas da península de Setúbal, vai prolongar-se ao longo deste ano, para abordar questões prementes entre as quais a importância da protecção civil e o papel da comunicação social no desenvolvimento da região.