Lisnave investe 17 milhões em Setúbal
16,6 milhões de contos foi quanto custou o novo estaleiro da Lisnave, construído na Mitrena, em Setúbal, (antiga Setenave) que vem ‘cobrir’ a lacuna criada pelo recente encerramento dos estaleiros da Margueira, em Almada. Inaugurado no dia 20 de Janeiro, pelo secretário de Estado da Economia, Vítor Santos, este novo investimento é tido como um garante da sustentabilidade do sector da reparação naval em Portugal.
Com capacidade para reparar navios de grande porte, o novo estaleiro dispõe da mais alta tecnologia, sendo, a este nível, considerado um dos mais avançados do mundo.
A garantia é Cáceres Alves, da administração dos estaleiros da Mitrena, que referiu ainda as “preocupações ambientais” da empresa instalada entre sapais do estuário do Sado. E uma das preocupações foi a de criação de estações de tratamento de águas residuais e industriais, bem como a criação de um canal no interior dos estaleiros, “para a alimentação do sapal”.
Questionado sobre eventuais impactes negativos decorrentes deste tipo de indústria numa zona natural como a do estuário do Sado, o administrador afirmou-se descansado pois está convicto de que “não saem quaisquer resíduos para o Sado”, uma vez que a empresa dispõe de sistemas de tratamento e encaminhamento desses mesmos resíduos, quer seja o caso das águas residuais que “vão para o rio já tratadas” quer seja o caso das granalhas de ferro que “são encaminhadas para empresas autorizadas”.
Com este novo estaleiro, a Lisnave instalada em Setúbal pretende aumentar a capacidade de reparação até 165 navios por ano, sendo que para este total, o estaleiro novo deverá contribuir com a reparação de cerca de 35 navios por ano, o que significa “o número indicado para colmatar o fecho dos estaleiros da Margueira”, garante este responsável.
Já para o secretário de Estado da Economia, Vítor Santos, o investimento de milhões na indústria naval em Setúbal “constitui um sinal político claro” de que, apesar dos diferentes factores que afectam a competitividade da construção e reparação naval, “o Governo continua a acreditar na sustentabilidade deste sector de grandes tradições” em Portugal.
Vítor Santos garante que a administração central continua empenhada no desenvolvimento deste sector, em parceria com o grupo Mello, e afirma-se mesmo convicto de que a postura “voluntarista” do Governo face à viabilização do sector da reparação naval “não se restringe ao co-financiamento das infra-estruturas”, pelo que foi decidido “acompanhar o processo de aumento de capital da Lisnave”, mantendo, assim, o accionista Estado, uma posição de 2.97%.