[ Dia 09-03-2001 ] – ENTRE LINHAS por Brissos Lino.

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ENTRE LINHAS
por Brissos Lino (dirigente associativo) Se um buda incomoda muita gente O desporto favorito dos talibans afegãos, ultimamente, é o “tiro ao Buda”. É um excelente exercício para um estudante de teologia, como se sabe…

Os estudantes de teologia islâmicos (talibans) descobriram que as estátuas gigantescas dos Budas, talhadas na falésia, e relativas ao período pré-islâmico, estavam a mais, e que, portanto, deveriam ser dinamitadas e metralhadas, com vista à sua destruição.

Chocante? De maneira nenhuma. Parece que não mas faz todo o sentido.

Primeiro, fazem-no por falta de motivação, pois se agora estão a disparar contra estátuas de pedra é porque já mataram, até agora, tudo o que mexia, toda a gente que podiam, e a caça grossa é coisa que não lhes deve dar tanto gozo.

Segundo, fazem-no devido a um generalizado e preocupante problema de saúde, já que estão a ficar com graves problemas de visão, e por isso há que escolher alvos suficientemente grandes para treinar.

Terceiro, fazem-nos por causa de uma crise religiosa, porque a forma como vivem a sua religião é tão frágil que já não aguenta os testemunhos silenciosos da pedra inerte, fazendo com que surjam como uma ameaça ao Islão, curiosamente contra a opinião de muitos e respeitáveis muçulmanos espalhados por esse mundo fora.

Quarto, fazem-no porque se a UNESCO, que é como quem diz, o Ocidente, quer preservar os Budas, é porque eles não prestam. Por isso, vá de os destruir.

Quinto, fazem-no porque querem reescrever a História do país, à medida da sua tacanhez e bestialidade. Há quem aldrabe os manuais escolares, há quem apague pessoas de fotografias históricas, eles escolheram destruir os famigerados Budas. É a sua via original para a barbárie, o seu processo revolucionário em curso (Prec), que merece mesmo um estudo circunstanciado.

Imaginem que os ditos cujos tomavam o poder em Portugal. Lá ia o Cristo-Rei à viola, já para não falar na Igreja dos Jerónimos, no Mosteiro da Batalha, na Torre dos Clérigos ou no Templo de Diana.

Claro que já estou a imaginar alguns dizerem para dentro, depois de se certificarem que ninguém está à escuta: que importa isso, desde que não deitassem abaixo o Colombo e o estádio da Luz?… Claro que não. Porquê? Porque este último, por exemplo, até dava um excelente campo de concentração, não é?  Eles são doidos mas não são assim tão parvos…