Co-incineração ganha adeptos na Protecção Cívil
O delegado distrital da Protecção Civil em Setúbal, Silvério Ferreira, garante que a co-incineração de resíduos industriais perigosos não representa qualquer perigo porque, no seu entender, não vão ser queimados produtos com grande concentração de dioxinas. A afirmação surpreendeu todos os intervenientes no Café das Nove, uma iniciativa organizada pela Associação de Municípios do Distrito de Setúbal (AMDS) no âmbito do Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Península de Setúbal (PEDEPES).
A convicção de Silvério Ferreira foi sustentada por exemplos como o da EDP que, segundo defende, “já não utiliza os transformadores de alta e média tensão com óleos vegetais, que eram os principais produtores de dioxinas”, e adiantou que esses mesmos transformadores já foram desmantelados e enviados para Espanha e França, onde serão destruídos.
Por outro lado, adverte este responsável que os produtos que vão ser objecto do processo de co-incineração “não representam qualquer perigo porque têm uma concentração mínima de dioxinas”. E Silvério Ferreira foi ainda mais longe na defesa da queima de resíduos industriais tóxicos na Secil, ao referir o exemplo de países desenvolvidos como o Japão, “que tem mais de 400 incineradoras, sem ruídos, sem fumos e sem cheiros”.
A afirmação do delegado distrital da Protecção Civil, em resposta a uma questão levantada por Maurício Costa, presidente da LASA (Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão), surpreendeu os participantes no encontro onde se encontravam alguns dos maiores contestatários da co-incineração de resíduos industriais perigosos na cimenteira do Outão, na serra da Arrábida, como é o caso da própria AMDS.
Por isso, Silvério Ferreira fez questão de esclarecer que a sua posição resultava do conhecimento adquirido sobre a incineração de resíduos industriais perigosos em países estrangeiros como o Japão e que esta argumentação não deveria ser objecto de qualquer leitura política.
As declarações do delegado distrital da Protecção Civil surgem no mesmo dia em que a Comissão de Petições do Parlamento Europeu começou a analisar as queixas do movimento Cidadãos pela Arrábida contra o Governo português a propósito da decisão de co-incinerar os resíduos numa área protegida de Parque Natural.
As queixas foram elaboradas através do jurista Manuel Salazar, dirigente dos Cidadãos pela Arrábida, que se diz animado quanto ao resultado do debate que se prolonga atér amanhã (7 de Março), pois acredita existir matéria suficiente para levar a União Europeia a obrigar o Ministério do Ambiente a suspender o processo.