[ Dia 06-03-2001 ] – CRÓNICAS DA BEIRA-MAR por Raúl Oliveira.

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CRÓNICAS DA BEIRA-MAR
por Raúl Oliveira (Jornalista do “Imenso Sul”  e correspondente do Público) Zé Maria ‘abafou’ a Capitú Afinal o que é nacional é bom.

É o que se pode deduzir do que aconteceu no Carnaval de Sines, quando a maioria dos milhares de foliões, ou pelo menos adeptos dos folguedos carnavalescos, vibraram mais com a simpatia e simplicidade do nosso Zé Maria, do que com a fama da Capitú da telenovela brasileira “Laços de Família”.

Apesar de não ter decepcionado, outras vedetas deixaram pior impressão em corsos anteriores, quer em termos de animação, quer em termos de relações humanas, é inquestionável que já não é motivo de chamariz a presença da vedeta brasileira. Mas não é sobre esse aspecto que o Carnaval de Sines está em queda.

A qualidade artística dos carros alegóricos e foliões tem vindo a degradar-se de ano para ano, e este ano então baixou bastante, difícil seria distinguir um que sobressaísse.

A opção da nova Comissão de Carnaval de eliminar as escolas de samba, restringindo a presença apenas à escola “oficial” patrocinada pela autarquia, matou a concorrência e o “frisson” de saber qual seria a escola vencedora.

A disputa entre as escolas de samba e os carros alegóricos eram ao fim e ao cabo o motivo de animação que mantinha alguma espectativa.

Durante alguns anos a disputa entre os carros alegóricos das empresas e colectividades da região tomaram o Carnaval de Sines um carnaval de referência, em que o bom gosto e a qualidade eram pontos de honra.

Mal sabia o signatário que a sua cruzada pela renovação do Carnaval de Sines iria ter efeitos opostos e afinal contribuir para a sua degradação.

Por bem fazer, mal haver, é dos livros.

Acabadas as escolas de samba e nivelando por baixo os carros alegóricos, o que resta do Carnaval de Sines?

É caso para glosar a célebre citação: “Volta Luís Plácido (presidente da anterior Comissão de Carnaval), tás perdoado!”

Dois breves comentários: muito comentado o “marketing” do “sponsor” da escola de samba “oficial” (autarquia siniense), utilizando o seu logotipo de alto a baixo (muito baixo mesmo) nas esculturais dançarinas.

A recusa do apoio, oferecido, pelos anteriores membros da Comissão de Carnaval, que teria eliminado grossas falhas e anomalias que se verificaram durante os corsos.

A humildade fica bem em todo o lado.

Humildade não teve o (i)responsável da segurança, de reconhecer a sua incapacidade e competência de estar à altura do serviço para que foi contratado, quando usou mais a força que o discernimento, desconhecendo que os profissionais da imprensa não necessitam de credenciais de entidade nenhuma, mesmo da Comissão de Carnaval de Sines, para desempenhar a sua missão.

Começou mesmo mal a nova Comissão de Carnaval de Sines e não augura nada de bom os próximos Carnavais deste milénio.