[ Dia 03-04-2001 ] – Plano estratégico para a comunicação social.

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Plano estratégico para a comunicação social

Numa altura em que o desenvolvimento e a formação da opinião pública passam cada vez mais pelos media locais torna-se necessária uma profunda reflexão sobre a forma como os órgãos de comunicação exercem essa função, pois o que se pretende destes agentes de desenvolvimento é uma forte interactividade com a cidadania e os cidadãos. A ideia foi defendida pelo sociólogo e ex-jornalista Paquete de Oliveira, durante mais uma sessão do Café das Nove, um encontro promovido pela Comissão Executiva do PEDEPES/Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Península de Setúbal.

Convencido de que a comunicação social regional e local desemprenha um papel mais importante no desenvolvimento das regiões que os media nacionais, Paquete de Oliveira preconiza a criação de um plano estratégico para este sector que permita “definir o papel dos media no desenvolvimento regional” bem como as formas mais indicadas de o desempenhar.

Uma definição que admite poder vir a revelar-se difícil, tendo em conta as condicionantes com que a generalidade dos profissionais se debatem, nomeadamente numa altura em que o distrito tem vindo a assistir à formação de lobbys empresariais com o intuito de criar “autênticos monopólios da comunicação social”. Uma realidade que também assusta muitos dos jornalistas da região que receiam confrontar-se com critérios editoriais regidos pela censura.

Embora admita ser esta uma realidade no distrito de Setúbal, Paquete de Oliveira desdramatiza a situação ao afirmar-se convencido de que não se trata de um mal exclusivo da comunicação social regional pois, segundo um estudo recente muitos dos medias nacionais são sujeitos aos condicionalismos “impostos pelos grupos empresariais” que monopolizam este sector de actividade. O mesmo refere em relação aos critérios editoriais e ao conteúdo jornalístico destes órgãos de comunicação, pois o estudo indica que “70% da informação dos media nacionais é produzida por agências” e reproduzida na íntegra sem qualquer tipo de tratamento.

Para Paquete de Oliveira, o caso é que “vivemos numa sociedade de fotocópia”, pelo que “não é de admirar que isso se reflicta na comunicação social”. Admitindo não ter receitas para encontrar o melhor caminho dos media regionais – de modo  a que se tornem autónomos e informadores de qualidade – o docente acredita, no entanto, que o que importa é “confrontar ideias e debater problemas” de modo a combater algum corporativismo que tem vindo a assumir-se como factor impeditivo da assunção, por parte dos media, de um papel preponderante no desenvolvimento da região de Setúbal.