“Setúbal na Rede”
reúne operacionais da revolução de Abril
Otelo Saraiva de Carvalho, está “profundamente agradecido” aos homens e mulheres que entre 1974 e 1976 se envolveram no PREC/Período Revolucionário em Curso, pois “os ideais de mudança e de justiça levaram milhares de pessoas a tomar nas mãos um golpe burguês” – o golpe militar levado a cabo em 1974 – e “a fazer dele uma revolução popular”. O reconhecimento da importância dos homens e mulheres do distrito de Setúbal no processo de mudança do país, foi feito num encontro que o “Setúbal na Rede” promoveu com os entrevistados do primeiro volume do livro Memórias da Revolução no Distrito de Setúbal-25 Anos Depois.
A revolução dos cravos deu-se por força do “dinamismo de milhares de pessoas em concretizarem um sonho” de igualdade e justiça. A convicção foi demonstrada por Otelo Saraiva de Carvalho num encontro com dezenas de protagonistas do PREC no distrito de Setúbal organizado pelo “Setúbal na Rede” no âmbito do 27º aniversário do 25 de Abril e do trabalho de pesquisa desenvolvido pelos jornalistas Etelvina Baía e Pedro Brinca que culminou na publicação da obra “Memórias da Revolução no Distrito de Setúbal-25 Anos Depois”.
Um encontro que serviu ainda para um debate entre os operacionais do PREC cujos testemunhos estão integrados no livro sobre o processo revolucionário no distrito, sobre aquela que é considerada a época mais importantes da História contemporânea da Europa. Trata-se de uma obra cuja elaboração se revelou difícil, defendem os autores do livro, Etelvina Baía e Pedro Brinca, uma vez que “algumas pessoas já não estavam vivas ou não estavam lúcidas e outras recusaram falar sobre o passado”. Por outro lado, durante os dois anos de investigação os autores depararam-se com “pessoas que fizeram relatos para tentarem branquear a História e outras que se puseram em bicos de pés e disseram ter feito tudo quando não fizeram nada”.
O reencontro dos operacionais do PREC levou ainda à partilha de memórias que culminou na convicção generalizada de que é necessário apurar a verdade dos acontecimentos do pós 25 de Abril. Uma ideia lançada por Carlos Antunes, um dos fundadores do PRP-BR, ao defender que “a memória não serve para esconder aquilo que se fez mal”. Por essa razão, defende ainda que “não podemos encontrar outros culpados para os erros cometidos senão nós próprios”.