Setúbal na Rede – Quais são as perspectivas de evolução eleitoral do PSD no distrito, onde, até agora, não conquistou qualquer câmara?
Luís Rodrigues – Temos boas perspectivas, quer a nível regional quer a nível nacional mas só na noite de 16 de Dezembro é que vamos ter certezas. Por isso, estou moderadamente optimista. Acredito que vamos ter bons resultados a nível nacional, quer pelos bons autarcas que apresentamos quer pelos grandes erros do PS, que lhe retiram credibilidade. Este cenário nacional irá reflectir-se a nível distrital. Ao longo dos anos temos vindo a capitalizar o trabalho feito pelos nossos autarcas, que é reconhecido pelo seu empenhamento e competência, apesar de nunca termos ganho uma câmara neste distrito. Aliás, é o único distrito do país onde isso nunca aconteceu.
SR – Acredita que podem existir condições para o PSD ganhar câmaras?
LR – Penso que em alguns casos, nomeadamente em concelhos onde existe coligação com o PP, e onde o PS está desgastado e o PCP já lá esteve, podem existir condições para tal. Em Sesimbra vamos ter um grande resultado e acredito até que será o melhor resultado do PSD no distrito. Em Setúbal há três candidaturas, duas delas são coligações – uma liderada pelo PSD e a outra liderada pelo PCP -, e acredito que aqui também vamos ter bons resultados. Estou muito optimista relativamente a esta coligação PSD/PP mas também estou optimista em relação a todos os outros concelhos porque acredito que vamos ter mais votos e mais autarcas. Foi isso que propusemos aos nossos militantes.
SR – A aposta que o PSD fez nas freguesias poderá traduzir-se no ganho de mais juntas?
LR – Há freguesias onde acredito que vamos ganhar, é o caso de São Julião, onde apresentamos o independente Garcia dos Santos. Acredito também que vamos ganhar Marateca, em Palmela, já temos uma em Santiago do Cacém e espero ganhar também a de São Francisco. Em Grândola, acho que estamos em condições de ganhar a freguesia de Melides, em Alcácer do Sal as nossas candidaturas estão muito bem posicionadas para a freguesia da Comporta, no Montijo também temos esperanças porque algumas freguesias votam pelo PSD, na Moita, apostamos em Vale de Amoreira, no Barreiro acreditamos que podemos ganhar a freguesia de Santo António, no Seixal acreditamos que podemos ganhar a freguesia de Fernão Ferro, em Almada mantemos a freguesia da Costa e acho que podemos reforçar o nosso peso noutras, e em Sesimbra temos condições de ganhar a freguesia de Santiago.
SR – Aumentar o número de eleitos no distrito será para o PSD uma vitória?
LR – É uma meia vitória se conseguirmos maior percentagem de votação, maior valor absoluto, mais autarcas, mais autarquias e, sobretudo, a derrota de Jorge Coelho, em Setúbal. Será muito mau para os socialistas porque Jorge Coelho é, acima de tudo, o líder nacional do PS. Meteu a cabeça no cepo, ao candidatar-se a Setúbal. Acho muito bem, até porque é assim que se vê a qualidade dos dirigentes. Mas a sua estrela está apagada e isso vai ver-se nos resultados eleitorais.
SR – As coligações com o PP podem, de facto, unir o centro direita nestas autárquicas e traduzir-se num aumento dos votos?
LR – As coligações são, de facto, uma mais valia e acredito que isso vai reflectir-se nos resultados eleitorais. Os entendimentos encontrados em vários concelhos do distrito tiveram muito a ver com as pessoas nas respectivas concelhias. São pessoas muito válidas e que se entendem muito bem com o PSD, e em alguns concelhos isso já acontece há muito tempo, como são os casos de Sesimbra e de Setúbal. Aliás, se se tentasse fazer isto a outros níveis do PP as coisas não seriam fáceis. Direi que seriam até muito difíceis, especialmente por causa do actual dirigente daquele partido. De facto, é tudo uma questão de confiança e eu não tenho confiança no dirigente nacional do PP.
SR – Pode dizer-se que nos concelhos em que não há coligação ou integração, os partidos de centro direita partem fragilizados para as urnas?
LR – Não me parece porque, em alguns casos, o PP nem sequer tem estruturas locais. E se não houve entendimento em alguns concelhos é porque o Partido Popular não tinha estruturas nem dirigentes com quem dialogar.
SR – A campanha eleitoral decorre da forma como esperava?
LR – A campanha tem corrido bem, embora não seja aquilo que idealizámos por causa dos poucos meios aos dispor do PSD, se comparados com os meios à disposição do PS e da CDU, quer directa quer indirectamente. Quer no PS quer no PCP, as câmaras municipais têm, directa ou indirectamente, apoiado as suas candidatura. E isso vê-se particularmente no Seixal, com cartazes da Câmara ao lado dos cartazes do candidato da CDU. Por seu lado, o PS tem meios que Jorge Coelho trouxe consigo. Não sei de onde esses meios vieram mas, certamente, apareceram através dos grandes interesses instalados no Partido Socialista e no Governo. São os grandes e poderosos, e não os trabalhadores e os pequenos e médios empresários, que apoiam os socialistas. Mas os eleitores saberão reconhecer o porquê da enorme diferença de meios utilizados nesta campanha.
SR – Nestas eleições, espera mudanças de comportamento da faixa do eleitorado que costuma abster-se?
LR – Temos vindo a fazer o que é possível para mobilizar o eleitorado, mas confesso que tenho muito receio. O principal adversário de todos os partidos é, de facto, a abstenção. É um fenómeno que tem vindo a acentuar-se, especialmente nos actos eleitorais autárquicos. Estou preocupado com este fenómeno e esta minha preocupação foi até motivo de uma mensagem que deixei numa carta aberta aos eleitores. Nessa carta mostrei, através dos números, que era possível fazer a diferença se as pessoas assim o quiserem. Acho que a situação nacional vai ter uma grande influência na decisão dos eleitores, sobre se vão, ou não, colocar o seu voto nas urnas.